Carreira

Mandarim será requisito de 42% das empresas dos EUA até 2020

Demanda no Brasil ainda é tímida, mas deve crescer nos próximos anos, segundo especialistas

Relações estreitas entre Brasil e China podem tornar mandarim fundamental nos próximos anos para algumas carreiras (GUANG NIU/Getty Images/EXAME.com)

Relações estreitas entre Brasil e China podem tornar mandarim fundamental nos próximos anos para algumas carreiras (GUANG NIU/Getty Images/EXAME.com)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 21 de janeiro de 2011 às 09h18.

São Paulo - Procura por profissionais que falam outros idiomas deve crescer nos Estados Unidos na próxima década. De acordo com pesquisa do University of Phoenix Research Institute, a proficiência em espanhol e mandarim lidera a lista de habilidades que serão mais requisitadas pelos empregadores.

Ao todo, 42% das empresas ouvidas pela pesquisa admitiram que querem contratar pessoas que dominem o idioma oficial da China.

A demanda é um retrato fiel da mudança de foco dos negócios internacionais de hoje: com os investidores, ao mesmo tempo, encantados com o ritmo de crescimento chinês e desconfiados com as economias que ainda estão se recompondo da crise.

Para se ter uma ideia, a China atraiu, em 2010, 101 bilhões de dólares em investimentos, de acordo com relatório da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Com isso, o país está atrás apenas dos Estados Unidos na lista dos principais destinos de investimentos estrangeiros.

Brasil
Dadas as proporções do estreito relacionamento comercial entre Brasil e China, a demanda ainda é tímida no território nacional. Mas, afirmam especialistas, profissionais com esse perfil já são “disputados a tapa” em alguns setores.

“A princípio, a procura por profissionais que falassem mandarim era para atuar nos escritórios das empresas brasileiras na China”, afirma Eduardo Baccetti, sócio-diretor da consultoria 2GET.

Nos últimos anos, de acordo com o especialista, essa procura se acentuou, mas em uma situação inversa. Agora, os chineses estão entrando no Brasil. E compreendê-los em sua língua nativa é um diferencial para todo profissional.

“Nos próximos anos, o Brasil vai entrar em um processo muito pesado de investimentos em infraestrutura”, diz Baccetti. “Boa parte desses projetos terá participação de investidores chineses. O profissional que souber mandarim será muito valorizado”.


De acordo com a Câmara Brasil China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), a estimativa é de que, em 2010, o comércio com os chineses tenha alcançado a marca dos 50 bilhões de dólares.

Vista de Pequim à noite (Getty Images/EXAME.com)

Nesse cenário, as oportunidades para profissionais que tenham domínio sobre o mandarim extrapolam os limites dos bancos de investimento ou empresas ligadas ao comércio internacional. De acordo com Bacetti, setores do entorno, como escritórios de advocacia internacional e até agências de propaganda, vão começar a procurar pessoas com esse perfil.

Aprendizado
No entanto, essa crescente importância do mandarim para os negócios globais não é suficiente para motivar os ocidentais a encarar a aprendizagem da língua. Dos 518 profissionais que participaram da pesquisa da University of Phoenix Research Institute, 80% admitiam que não gostariam de aprender o idioma.

Isso é facilmente explicado pelas características do idioma oficial da China. Primeiro, o mandarim não é elaborado com base em um alfabeto convencional, mas sim em 60 mil ideogramas que representam conceitos. “A pessoa deve fazer uma associação de ideias e não de letras”, diz Chen Hsiu Li, professora do colégio Sidarta, de São Paulo, que oferece aulas de mandarim na grade de matérias obrigatórias dos ensino fundamental e médio.

Os diferentes tons do idioma também podem fazer muitos ocidentais tropeçar. “Se você confunde a entonação, muda todo o significado da palavra”, diz a professora. E também não vale ter “letra feia”. De acordo com a especialista, basta um traço diferente na caligrafia do ideograma para que a palavra perca todo o seu sentido.

Cláudia Siqueira, diretora do colégio ameniza a situação. “Existe uma complexidade do idioma para a própria comunidade chinesa. Na vida comum de um chinês, ele também esbarra com essas questões”, diz.

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