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Antes considerados profissionais de segunda classe, pois o mercado valorizava só os engenheiros, agora os tecnólogos são recrutados ainda na escola

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - O supervisor de embarcações catarinense Ângelo Vicentin Neto, de 25 anos, deixou o Brasil, no mês passado, para ir trabalhar na Coreia do Sul. O movimento de carreira que Ângelo está fazendo ilustra bem como o mercado de trabalho vem valorizando os tecnólogos. Formados em cursos que costumam durar de dois a três anos e que têm como foco a preparação de profissionais para funções específicas, os tecnólogos são profissionais com diploma de curso superior em áreas que abrangem da infraestrutura à gestão de projetos, porém se diferenciam dos engenheiros por terem uma formação menos voltada à parte teórica.

Ângelo formou-se há três anos no curso de sistemas de navegação da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Jaú, no interior de São Paulo, e não teve dificuldade para encontrar estágio — antes mesmo de se graduar, já era trainee da American Bureau of Shipping (ABS), empresa americana de atuação global que audita padrões de design, construção e operação da indústria naval. Como o mercado está aquecido, os salários dos tecnólogos também estão melhores e já se igualam aos dos engenheiros.“Não há distinção entre o meu salário e o de um engenheiro. Comecei a carreira ganhando o mesmo, em relação a um engenheiro recém-formado, e para sair do país recebi um bom aumento de salário”, diz Ângelo.

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A estabilidade econômica e o crescimento industrial revelaram uma lacuna na oferta desse tipo de profissional especializado no país, e estudantes recém-formados vêm se deparando com promissoras taxas de empregabilidade em áreas variadas, como informática,  gestão ambiental, pilotagem de aeronaves e desenvolvimento de jogos.

Mas o nicho dos tecnólogos, cujo salário inicial pode variar entre 1 000 e 1 500 reais, dependendo da área de atuação, não atrai apenas os jovens em busca de um ponto de partida para a carreira. Profissionais com experiência que sentem a necessidade de aprimorar algum aspecto de sua formação também procuram os cursos superiores de tecnologia. De Minas Gerais vem mais uma demonstração da expansão do mercado dos tecnólogos.

A Unatec prepara para o fim do ano a formatura de sua primeira turma de pilotagem profissional de aeronaves, com 230 alunos. Para a professora Alice Hosken, diretora da universidade, as oportunidades vêm transformando o perfil dos alunos que buscam os cursos superiores de tecnologia. “A procura acontece também porque muitas organizações exigem graduação no processo de seleção. Um setor muito procurado é o de informática, excelente em termos de empregabilidade e é onde estão os melhores salários”, diz a professora, lembrando que a área de aviação é outra boa opção em termos de salário. “Há um apagão de talentos nesse setor.”

Mais prestígio

Houve um tempo em que o prestígio dos tecnólogos não esteve tão em alta. Eles já foram vistos como mão de obra de segunda classe — pegavam os trabalhos que os engenheiros descartavam. Essa forma de pensar parece ter ficado no passado. Em uma avaliação do que está por vir no mercado dos tecnólogos, o coordenador de ensino superior do Centro Paula Souza, Angelo Luiz Cortelazzo, concluiu que as áreas de construção civil e logística serão as mais visadas pelos futuros tecnólogos. “Acredito também que o curso de transporte terrestre e o de eventos devem ter uma grande procura. O de mecanização em agricultura de precisão também promete bastante.”

Em um terreno que se mostra fértil em oportunidades, a primeira e talvez mais importante decisão a ser tomada pelo candidato a tecnólogo parece ser a escolha do foco correto. Aos jovens profissionais, a consultora de recursos humanos Neli Barboza indica os programas de estágio como a melhor forma de se inserir no meio, mas deixa um conselho: “O ideal é buscar as melhores empresas que mais investem nesses profissionais, e não tomar decisões apenas com base em nomes famosos”.

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