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Imperador sem limites

O comportamento do jogador Adriano faz pensar sobre qual é o ponto em que vida pessoal pode interferir no desempenho do profissional, na equipe e na imagem da empresa

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2013 às 14h21.

São Paulo - Com a bola no pé, Adriano, de 28 anos, centroavante do Flamengo, é craque. Campeão na Itália e no Brasil, artilheiro do campeonato brasileiro no ano passado, tem 37 jogos e 27 gols pela seleção brasileira .

Há quatro anos, porém, o noticiário sobre o jogador divide-se entre os gols que ele marca e uma série de episódios nos quais as palavras balada, bebida e mulher estão sempre presentes.

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No mês passado, uma briga com a namorada, Joana Machado, num baile funk no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, levou o jogador a perder uma partida da Taça Libertadores da América , competição mais importante que o Flamengo disputa este ano.

Até o fim de março, Adriano havia ficado de fora de sete jogos do clube carioca. Nos 11 em que atuou, seu desempenho é impressionante: 12 gols.

Obviamente, Adriano não deve satisfações de sua vida particular a ninguém, mas parece administrar sua carreira pelo limite do aceitável. O problema é quando seu comportamento fora de campo prejudica seus colegas de equipe e levanta questionamentos sobre a postura do líder do time, o técnico Jorge Luís Andrade. E se Adriano trabalhasse numa empresa?

O que ocorreria com um profissional de talento comprovado por resultados que vê seu desempenho cair por questões que acontecem longe do trabalho? VOCÊ S/A ouviu o depoimento de profissionais que abordam essa questão por diferentes pontos de vista.

Uma imagem ruim prejudica a contratação

Gijs Van Delft, diretor da Page Personnel, empresa de recrutamento executivo

Celebridades como Adriano convivem com a alta exposição ao público e precisam aprender a lidar com isso. Há grande repercussão tanto no sucesso quanto no fracasso. No mundo corporativo, as atitudes repercutem entre colegas, subordinados e clientes. Antes de contratar alguém, verificamos referências com muitas pessoas, e não só com um antigo chefe.


Uma imagem ruim no mercado certamente prejudica a contratação. Nas empresas, também é preciso pensar muito bem antes de fazer concessões a um funcionário que se destaca. Você pode motivar um e desmotivar muitos outros em volta.

Numa empresa, ele estaria queimado

Célia Leão, consultora de etiqueta pessoal e colunista de VOCÊ S/A

No mundo corporativo, Adriano estaria definitivamente queimado no mercado. As empresas são menos complacentes do que uma agremiação esportiva (sim, no Brasil, os times ainda não funcionam como negócio) e as notícias ruins se espalham rapidamente. Vale dizer que Adriano é reincidente.

Já teve chances no São Paulo e na Internazionale. Acho importante que, na vida corporativa, uma oportunidade seja dada a um profissional com o talento do tamanho do de Adriano. As companhias devem dar uma segunda chance, desde que o profissional assuma sua parcela de responsabilidade e mostre-se digno.

Reputação define credibilidade

Ricardo Nakai, professor da ESAMC e autor do blog O craque Organizacional

Adriano assume que não existe nenhuma relação entre seu comportamento fora de campo e sua atuação durante um jogo. Mas há. Bebidas, mulheres e farras, além de piorar o rendimento do atleta, afetam sua reputação. Como o técnico Dunga poderá confiar nele? Reputação é uma relação entre identidade (o que sou e como me comporto) e imagem (como os outros me percebem).

E define credibilidade, confiança e nível de comprometimento nas organizações. Adriano corre o risco de que seu clube, patrocinadores e torcedores não atribuam à sua reputação o valor de um grande craque.

A imagem precisa durar no mercado

Eduardo Véras, professor de marketing da Fundação Dom Cabral

A carreira deve ser posicionada como um produto, ou melhor, como uma marca que precisa disputar seu lugar no mercado, da mesma maneira que as empresas fazem com seus bens e serviços. A marca profissional deve estar associada à sua identidade e a seus atributos. Para transmitir sua identidade é preciso escolher um posicionamento correto, mostrando com clareza seus atributos.

A qualidade na execução determina a  excelência, mas a imagem no mercado também é um valor. Figuras públicas, como o jogador Adriano, deveriam ter cuidados com esse ativo e fortalecê-lo diariamente.

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