O número de brasileiros que estão trabalhando de casa e ganhando em dólares aumenta cada ano (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Bloomberg
Publicado em 3 de setembro de 2021 às 09h51.
Última atualização em 8 de setembro de 2021 às 11h57.
Por Michael Sasso, da Bloomberg
A tendência vista na pandemia de empregados de colarinho branco em trabalho remoto e em fuga para os subúrbios prejudicou desproporcionalmente os trabalhadores pouco qualificados que permaneceram em bairros desertos.
Agora um novo estudo quantificou o impacto para milhões de trabalhadores que atuam em serviços ao consumidor, como cabeleireiros e garçons, que dependiam de funcionários de escritório para ganhar a vida nas grandes cidades antes da pandemia.
Em janeiro, os trabalhadores que atuam em serviços ao consumidor pouco qualificados nas áreas urbanas mais densas do país foram responsáveis por quase 60% das horas perdidas na economia dos EUA, em comparação com o ano anterior, de acordo com “The Geography of Remote Work”, um artigo publicado pelo National Bureau of Economic Research. E ainda assim eles representavam 41% da força de trabalho, nacionalmente.
Em outras palavras, trabalhadores pouco qualificados em áreas densamente povoadas são os responsáveis pela maior parte das consequências econômicas da pandemia, inclusive em comparação com seus colegas rurais, de acordo com a pesquisa, que usou dados do Census Bureau.
“Trabalhadores de serviço altamente qualificados ganham flexibilidade para escolher suas residências”, disseram os autores do artigo, Lukas Althoff, da Princeton University, Fabian Eckert, da University of California San Diego e da Georgetown University, e Conor Walsh, da Columbia University. “Essas mudanças nas opções residenciais de pessoas de alta renda colocam em risco a subsistência econômica de trabalhadores de baixa qualificação do setor de serviços nas grandes cidades que dependem da demanda local.”
Os autores descrevem a relação entre a densidade populacional de uma cidade e o potencial para trabalho remoto como “impressionante”. Nas áreas mais densas da América, cerca de 45% dos empregos locais poderiam ser feitos fora do escritório, representando cerca de 65% da folha de pagamento, mostrou a pesquisa.