Graduadas em 2020 poderão conseguir o que ninguém conseguiu
Pesquisa da Accenture indica o que jovens mulheres podem fazer para ganhar mais dinheiro na carreira
Camila Pati
Publicado em 16 de março de 2017 às 15h11.
Última atualização em 16 de março de 2017 às 17h31.
São Paulo - Em mercados emergentes como o Brasil, as universitárias que se formarem em 2020 poderão ser a primeira geração de mulheres a conseguir algo inédito: eliminar as diferenças salariais entre os gêneros.
É o que afirma o relatório Getting to Equal 2017, publicado pela Accenture, com base em pesquisa feita com 28 mil homens e mulheres, incluindo alunos de graduação, em 29 países.
Mas, segundo a pesquisa isso só será realidade se mulheres apostarem em uma nova atitude de carreira e, é claro, universidades , empresas e governos derem o apoio necessário.
Como é hoje
Hoje, no mundo para cada 100 dólares que as mulheres empregadas ganham, eles recebem 140. A pesquisa também mostra outro cálculo, levando em consideração que apenas 50% das mulheres têm emprego remunerado contra 76% dos homens.
Por essa matemática, considera-se que quem não é remunerado ganha zero dólares e daí surge uma diferença maior entre eles e elas: para cada 100 dólares que as mulheres, em geral, ganham, homens recebem 258 dólares. Esse é o gap salarial oculto, segundo a Accenture.
No Brasil, a pesquisa identifica alguns motivos para a disparidade, desde a escolha do curso e da carreira . Segundo os dados da Accenture, alunas tendem a escolher áreas com menos potencial para ganhar dinheiro. Mas, a diferença percentual nesse caso é bem pequena: 27% delas estão em carreiras que dão mais dinheiro contra 29% deles.
Outra razão apontada pela pesquisa é que mulheres recebem menos apoio de mentores. Enquanto 43% dos homens entrevistados têm esse tipo de ajuda para deslanchar, 37% das mulheres são mentoradas por alguém.
A ambição da mulher pela liderança é menor, diz o relatório da Accenture: 51% têm essa aspiração contra 60% dos homens. Elas também resistem mais à tecnologia e demoram mais para adotar novas ferramentas: 45% contra 60%.
Por fim, cursos de computação e codificação são ambientes em que ainda prevalecem homens. O relatório aponta de 64% das mulheres apostam em capacitações desse tipo. Entre os homens o percentual sobe para 82%.
Como pode ser no futuro
Para a diretora de executiva de talent e organization da Accenture no Brasil, Patrícia Feliciano, não se trata de culpar a mulher pela diferença salarial, ainda que as razões destacadas no relatório apontem - exclusivamente - para o comportamento feminino.
“Eu vejo mais como uma provocação. No meu entendimento o despertar é possível”, diz. Se quiserem acelerar a carreira e ganhar mais dinheiro, essas jovens mulheres, segundo o relatório, devem lançar mão de três atitudes:
Investir em fluência digital
“Ter fluência digital é ter familiaridade com o que o campo digital traz de oportunidade de negócio”, diz Patrícia. Quem tem essa habilidade está apto a utilizar as tecnologias para melhorar processos de trabalho, para adquirir novas habilidades, para se conectar com clientes, fornecedores e parceiros, etc.
Esse aspecto é o que mais tem chance de beneficiar também as mulheres mais experientes, já no mercado de trabalho, segundo a diretora da Accenture. “Elas podem identificar as oportunidades digitais para transformar seus negócios”, indica.
Pensar a carreira de maneira estratégica
Esse acelerador de carreira, segundo a Accenture, está ligado à ambição, já que o assunto é ganhar dinheiro. A escolha de carreira deve levar em conta o potencial de remuneração. “Muitas não escolhem a profissão com ambição de ganhar dinheiro”, diz Patrícia.
O apoio de mentores também pode ser essencial no direcionamento da trajetória profissional. “Eu tive mentores que me inspiraram muito”, afirma a diretora que hoje é mentora de outros profissionais.
Apostar em imersão tecnológica
Aprender programação, desenvolver competências valorizadas na era digital é outro fator que pode render às mulheres salários mais altos.
De acordo com o relatório, ao adquirir mais habilidades de TI, as mulheres poderão avançar tão rapidamente quanto os homens.
No entanto, se não houver atuação das universidades, empresas e governos, esses aceleradores perderão potência. “As universidades deveriam trazer essas competências e incentivar mulheres nesse sentido”, diz. Governos têm responsabilidade social, e atuação em comunidades, segundo a executiva.
E às empresas cabe o desenvolvimento de um ambiente fértil para que a carreira feminina floresça. “Um exemplo é dar mais flexibilidade para a mulher administrar maternidade e trabalho”, indica.