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Formato do rosto pode influenciar sucesso profissional, diz pesquisa

Estudo sugere que é possível mensurar o grau de rentabilidade de uma empresa a partir das fotos dos gestores durante a formatura na faculdade

Traços "poderosos" do rosto de Steve Jobs, CEO da Apple, podem representar 14% de seu sucesso como líder, segundo pesquisador canadense (Getty Images)

Talita Abrantes

Publicado em 15 de dezembro de 2010 às 22h31.

São Paulo – A combinação entre um rosto com formato angular, maxilar grande, olhar profundo, ossos da face proeminentes e sobrancelhas com curvatura marcante pode estar por trás do sucesso de um grupo de 73 gestores dos principais escritórios de advocacia dos Estados Unidos.

É o que sugere estudo recente feito por uma dupla de pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá.

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Para descobrir como as características faciais dos gestores podem estar relacionadas ao sucesso de uma companhia, os autores do estudo submeterem fotos atuais e da formatura de 73 sócios dos principais escritórios de advocacia dos Estados Unidos à avaliação de um grupo de 67 pessoas. Elas deveriam julgar critérios como características que representavam dominância, maturidade facial, aptidão e confiança.

Os resultados mostraram que pessoas com traços faciais que denotavam poder tendem a ter carreiras mais bem sucedidas nas culturas ocidentais. “A noção de poder é formada pela combinação entre características dominantes e maturidade facial”, explica Nicholas Rule, professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Toronto e um dos autores do estudo.

Para entender a lógica, Rule descreve um rosto “menos poderoso” como aquele que tem aspectos mais juvenis como formato redondo, olhos grandes, ossos da face não proeminentes, lábios grossos e maxilar pequeno, entre outros.

Mas Rule explica: esse tipo de julgamento está restrito para culturas ocidentais. “A relação entre faces poderosas e líderes bem sucedidos parece ter efeito oposto no Japão e, provavelmente, em outras culturas orientais e coletivistas”.

Essa não é a primeira vez que Rule chega a uma conclusão semelhante. Há dois anos, ele separou algumas fotos de executivos e pediu para que estudantes avaliassem se aquelas pessoas eram competentes ou não. Cerca de 77% dos alunos julgaram que os executivos das 25 maiores empresas dos Estados Unidos, segundo a Fortune, eram bem-sucedidos.

A principal diferença do presente estudo é a inclusão das fotos da formatura na graduação dos sócios dos escritórios de advocacia na análise. “Isso nos ajudou a entender o quanto a contribuição da experiência de se tornar um líder tem a ver com a relação entre aparência facial e sucesso”, afirma Rule.

Os resultados sugerem, explica o professor, que é possível prever o quanto uma empresa será rentável apenas com base nas fotos que seus gestores tiraram na formatura da faculdade trinta anos antes.


Mas isso não significa que o sucesso profissional é refém dos traços faciais de uma pessoa. “A aparência facial é responsável por apenas 14% do sucesso dos líderes”, diz. “Então, esse é um indício importante, porém não é toda história”.

Confira abaixo trechos da entrevista de Rule a EXAME.com:

Robert Sheehan e John Montgomery, cujos rostos foram avaliados pela pesquisa

EXAME.com:A conclusão sobre se um rosto tem traços que indicam poder não pode ser subjetiva? Por exemplo, a minha noção de um rosto poderoso pode ser diferente da sua, não?
Nicholas Rule:
Sim e não. A noção de poder é formada pela combinação entre características dominantes e maturidade facial. E há recursos físicos específicos que correspondem ao domínio e à maturidade facial.

A combinação específica desses recursos nos faz pensar que a aparência facial poderosa é um pouco difusa. Para lidar com isso, nós selecionamos um grande grupo de pessoas para avaliar e mensurar, juntos, cada um desses critérios. Desse modo, as opiniões pessoais tendem a ser descartadas.

EXAME.com:Seu trabalho sugere que as pessoas que têm traços faciais que apontam para um perfil de líder tendem a ter mais oportunidades de desenvolvimento de liderança e isso explicaria porque elas foram bem sucedidas na gestão de uma empresa. Essa não é uma justificativa muito simples?
Rule:
Imagine que em uma sala de aula há apenas uma criança que, por algum motivo, tem uma aparência facial de líder. Agora imagine que, por causa disso, ela é escolhida para fazer parte de algum comitê na escola.

Com isso, ela irá aprender muito mais sobre o que é ser um líder do que outras crianças que não tiveram a mesma oportunidade. Pode ser até que ele não tenha habilidades de liderança, mas ele terá a chance de se tornar um líder.

EXAME.com: Então, nosso destino profissional é totalmente determinado pelos traços faciais? Podemos dizer que nossa face é a nossa sina?
Rule:
Não. Até agora, constatamos que o rosto é importante para carreiras de liderança, mas não sabemos se isso se aplica a outros grupos. Mas até mesmo para líderes, a aparência facial é responsável por apenas 14% de seu sucesso.

Então, esse é um indício importante, porém não é toda história. Há muito espaço para outros fatores: trabalho, experiência, inteligência, sorte, quem sabe? Além disso, há muitos exemplos da história de pessoas que não tinham rostos poderosos mas foram grandes líderes, como o primeiro ministro do Reino Unido, Winston Churchill.

A última coisa que quero que as pessoas pensem é que o rosto delas determina seu destino. Os resultados, contudo, são úteis para as pessoas entenderem que a aparência dos outros afeta a maneira com que elas percebem e se comportam.

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