Carreira

Exercite esta habilidade para competir com robôs no futuro

Longe do pessimismo, há um lado positivo da automação: novas habilidades estão ganhando destaque

Criatividade: "Descobrimos que a mágica acontece quando usamos grandes quadros brancos para resolver problemas" (Hero Images/Getty Images)

Criatividade: "Descobrimos que a mágica acontece quando usamos grandes quadros brancos para resolver problemas" (Hero Images/Getty Images)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 11 de outubro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 11 de outubro de 2018 às 06h00.

Há uma nova linha de pensamento surgindo dentro de nosso futuro potencializado pela inteligência artificial, e tem a ver com o que nos aguarda também no mercado de trabalho do futuro. Se, no passado, o tom da maioria das conversas estava pessimista – os robôs estão vindo para tomar nossos empregos e por aí vai –, hoje os ventos estão soprando em melhores direções conforme as pessoas percebem que há oportunidades pela frente.

Em suma, estamos descobrindo que há um lado positivo da automação: ela está trazendo a criatividade e as soft skills relacionadas a ela de volta aos holofotes.

Por que a criatividade é tão importante

O jornal Herald Sun recentemente publicou um artigo intitulado "These Are The Skills Experts Say Will Be The Most Valuable In 2020 And Beyond". O texto foca em um novo relatório global da PricewaterhouseCoopers (PwC), que teve co-autoria de Jon Williams. Ao discutir o relatório – que se chama Workforce Of The Future: The Competing Forces Shaping 2030 –, ele oferece conselhos para quem quer se manter relevante no futuro.

Eis o primeiro item da lista: "Foque nas coisas em que humanos são bons e as máquinas não são – como criatividade, inovação, empatia e intuição. Você não pode configurar um robô para ser humano, então essas habilidades serão uma commodity num mundo cada vez mais automatizado".

Esse ponto se conecta com os insights compartilhados por um artigo recente do jornal The New York Times, intitulado “How to Prepare for an Automated Future”. A autora escreve que, conforme avançamos rumo a esse futuro automatizado, as escolas precisam "ensinar traços que as máquinas não podem replicar facilmente, como criatividade, pensamento crítico, inteligência emocional, adaptabilidade e colaboração".

As habilidades mais importantes para o futuro do trabalho

Um outro artigo, do MIT Technology Review, apresentou um mapa interessante que você pode seguir para abordar esse desafio. O autor compartilha insights extraídos de um estudo recente feito pela Nesta e pela University of Oxford (The Future Of Uk Skills: Employment In 2030) e quais são as 5 habilidades apontadas como desejáveis no futuro:

  • Julgamento e tomada de decisão: considerar os custos relativos e os benefícios das ações em potencial para escolher a mais apropriada.
  • Fluência de ideias: criar diversas ideias sobre um dado tópico (o número de ideias é importante, não apenas sua qualidade ou criatividade)
  • Aprendizado ativo: selecionar e usar métodos e procedimentos de treinamento e/ou instrução apropriados para a situação quando estiver aprendendo ou ensinando algo novo
  • Estratégias de aprendizado: entender a implicação de novas informações tanto para resolver problemas quanto tomar decisões
  • Originalidade: ter alguma ideia inusitada ou inteligente sobre um tópico ou situação, ou desenvolver maneiras criativas de solucionar um problema
  • A aposta no pensamento fluente
  • Cada uma das habilidades acima pode ser traduzida em um conjunto de ações projetadas para avançar uma dada habilidade através da prática – do engajamento em uma análise simples de custo-benefício à avaliação de diferentes plataformas de aprendizado e cursos online.

Das cinco, a segunda e a quinta habilidades se juntam para produzir aquela que talvez seja a oportunidade mais intrigante, algo que chamamos de "fluência de ideias originais". Essa é uma habilidade vital que pode ser praticada – e algo em que você com certeza vai melhorar através da prática.

Como praticar essa fluência?

Ideação rápida e Design Sprints

Se você realmente quer mergulhar em algo e se incentivar, pode considerar aprender o processo de Design Sprint. É um método intensivo usado por algumas das melhores marcas do mundo para iterar rapidamente e trazer produtos melhores (e mais rápido) para o mercado. Você pode aprender mais sobre o Design Sprint ao explorar o programa Nanodegree da Udacity. Design Sprints testam sua criatividade e definitivamente requerem que você pense de maneira célere para gerar muitas ideias sobre um assunto ou desafio.

"Descobrimos que a mágica acontece quando usamos grandes quadros brancos para resolver problemas. Como humanos, nossa memória de curto prazo não é tão boa, mas nossa memória espacial é ótima. Uma sala de sprint cheia de anotações, diagramas, páginas impressas e mais aproveita essa memória espacial. A sala em si se torna uma espécie de cérebro compartilhado para a equipe", escreve Jake Knapp no bestseller Sprint.

A prática traz a perfeição

Com tudo isso em mente, você não precisa se tornar um mestre em Design Sprints para melhorar sua capacidade de ideação rápida. Só precisa praticar produzir mais de uma ideia quando uma é necessária.

Se está escrevendo um e-mail profissional, não escreva apenas um assunto e aperte "enviar". Force-se a escrever cinco e então escolha o melhor. Se você é um designer gráfico, não entregue a primeira versão. Force-se a fazer quatro outras e escolha a melhor.

Se você está escrevendo um tweet, não fique apenas mexendo nos caracteres da mesma mensagem até acertar. Trabalhe para ter cinco diferentes tweets bons e então escolha o melhor. Se você é um analista de dados, não escolha apenas o primeiro gráfico que faz sentido. Teste outras quatro visualizações e então escolha a melhor entre elas.

Esse tipo de pensamento se estende para outras tarefas, sejam elas simples (como escolher os títulos para uma coluna numa planilha) ou sofisticadas (escolher o melhor conjunto de dados para um algoritmo de carro autônomo).

O objetivo é fazer com que múltiplas ideias sobre um dado assunto surjam de maneira natural. Você faz isso sem pensar, porque construiu a memória muscular intelectual e criativa necessária para fazê-lo no piloto automático.

Soft skills e salários mais altos

Retomando o tema de automação e futuro do trabalho: um artigo recente da EconoFact escrito por David Deming, da Harvard Kennedy School e Harvard Graduate School of Education, faz um excelente trabalho ao destacar o que uma mudança para a automação significa para os trabalhadores atuais e futuros.

No artigo, intitulado “Automation and the Growing Importance of Social Skills in the Labor Market", Deming escreve que "trabalhos que pagam bem cada vez mais exigem habilidades que são difíceis de automatizar, como aquelas que envolvem interações interpessoais significativas".

Ele cita pesquisas que mostram que "empregos que exigem habilidades sociais têm experimentado uma forte empregabilidade relativa e crescimento de salários", e conclui com o seguinte:

"Ao longo das últimas três décadas, trabalhos que combinam habilidades sociais e matemáticas têm vivido grande crescimento salarial. E também têm crescido como parte de todos os empregos nos EUA. Para contrastar, muitas ocupações STEM que exigem altas habilidades matemáticas mas poucas habilidades sociais têm tido uma performance ruim. Há uma demanda crescente por trabalhadores que são flexíveis e adaptáveis e que sã habilidosos para trabalhar em equipe. Todas essas habilidades ainda são difíceis de automatizar."

Se você se preocupa com o impacto da automação na sua carreira, aproveitar exercícios simples para ajudá-lo a desenvolver sua musculatura criativa pode ser uma estratégia recompensadora. Você vai se tornar um pensador mais fluente e original – e, consequentemente, estar em maior demanda.

Este artigo foi originalmente publicado pelo blog da Udacity, a Universidade do Vale do Silício.

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