Carreira

Estou infeliz no trabalho, como tomar a decisão para mudar de emprego?

Luiz Gaziri, autor do livro Ciência da Felicidade, explica como usar uma ferramenta para tomar melhores decisões

 (Javier Zayas Photography/Getty Images)

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Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 09h51.

Felicidade no trabalho ou estabilidade financeira? Muita gente acha que essas duas coisas não caminham juntas, mas Luiz Gaziri, autor do livro Ciência da Felicidade, revela que ter insegurança financeira prejudica nossa capacidade de tomar decisões.

Professor de pós-graduação na FAE Business School, ISAE/FGV e PUC-PR, Gaziri foi convidado no podcast Entre Trampos e Barrancos, programa da Exame de conselhos de carreira, e tirou dúvidas dos leitores sobre motivação e felicidade na vida profissionais.

Sobre a dificuldade de fazer escolhas, um leitor mandou uma pergunta para o programa e falava que não tem mais motivações ou perspectivas para crescer na empresa onde está. No entanto, ele não tem uma reserva para mudanças drásticas na sua situação.

Que caminho tomar em momento de indecisão? Vale largar tudo para ser mais feliz? Gaziri dá um conselho:

“Muitas pessoas vão dar o conselho: vai com tudo, começa seu trabalho como freelancer, vão lembrar do Mark Zuckerberg que fez isso, vão falar que o Bill Gates seguiu o mesmo caminho e que o Steve Jobs largou tudo. E a gente tem que ter muito cuidado com esse tipo de frase, pois não foi assim que grande parte dos empreendedores começaram a sua vida. Muitos desses empreendedores que eu citei aqui, eles faziam duas coisas ao mesmo tempo. Então eu tinha um trabalho, onde eu tinha segurança financeira e tranquilidade, e comecei meu projeto individual paralelamente. Trabalhava nas duas coisas.

Esse mito que nós temos, do viés de sobrevivente que falei há pouco, de que o Zuckerberg largou tudo, largou a universidade e teve sucesso. Então a gente começa a intuir que a universidade não é mais necessária porque o Zuckerberg não usou ou o Bill Gates não usou. Mas essa é a regra? Não é, é a exceção. A maioria das pessoas que largam a universidade não se dão tão bem. Então temos que tomar cuidado com esses caminhos aí. Então, para se dedicar como freelancer, para ter capacidade cognitiva para se dedicar a um projeto ou sonho, você precisa de tranquilidade financeira para tomar boas decisões”.

E o especialista dá mais uma dica para tomar boas decisões: o uso da ferramenta WOOP, criada pela pesquisadora Gabrielle Oettingen, da Universidade de Nova York.

“Ela mostra que, para atingir nossos objetivos com mais facilidade, a gente tem que pensar positivo e negativo. Olha que coisa legal, ela desenvolveu essa ferramenta depois de 20 anos de pesquisa. O W é a inicial de Wish, o desejo. Quero trabalhar como freelancer? Escreve, quero trabalhar nisso aqui. Depois o O, o Outcome. Ou seja, o resultado. Qual o resultado que vou ter quando tiver sucesso? Vou ter autonomia, trabalhar com o que gosto, ter independência financeira... você pensa um pouco e escreve.

Em seguida, você pensa negativo, nos obstáculos. O de Obstacle. Aí fica mais fácil para traduzir. Preciso ter tanto dinheiro em caixa, prospectar clientes, criar meu site, comunicar no LinkedIn que vou começar nova carreira. Aí antevejo os obstáculos que vou enfrentar. Aí o último é fazer um plano, o P da sigla. Então você faz esse plano para superar cada obstáculo que vai ter. Se preciso de página no Instagram, eu começo aí. Se preciso de clientes, preciso pensar em quem são eles, potenciais mercados. Usando a ferramenta do WOOP você aumenta sua chance de sucesso e tomar boas decisões. Então, lembra: pensar positivo e pensar negativo. Isso chama contraste mental e é espetacular para atingir objetivos a longo prazo”.

Em resumo: WOOP = Wish, Outcome, Obstacle e Plan. Em português: desejo, resultado, obstáculo e plano.

Confira o episódio completo do podcast para mais dicas:

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