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Este é o primeiro passo crucial antes de tentar voltar ao escritório

Segundo uma pesquisa da KPMG, 51% dos executivos planejam chamar parte de seus funcionários de volta ao escritório até o fim do ano

Raia Drogasil: um retorno seguro ao escritório (Germano Lüders/Exame)

Raia Drogasil: um retorno seguro ao escritório (Germano Lüders/Exame)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 13 de setembro de 2020 às 08h30.

Última atualização em 14 de setembro de 2020 às 13h19.

Esqueça as divisórias de acrílico. Antes de fazer qualquer grande plano de mexer no escritório para o retorno ao trabalho presencial, as empresas precisam olhar minuciosamente para um fator: os funcionários estão prontos para retornar?

Se a adaptação para o home office integral foi um desafio, a volta ao presencial se mostra ainda mais difícil. Após meses afastados do local, o contágio comunitário de covid-19 ainda acontece em todo o Brasil. Pessoas com doenças pré-existentes ou que moram com idosos ainda temem pela sua saúde e da família. E as crianças continuam fora das escolas.

São diversos fatores que tornam difícil o trabalho em casa, mas obrigar os funcionários a retornar ao presencial pode comprometer ainda mais seu desempenho. Ainda assim, as companhias estão aos poucos retomando suas atividades nos escritórios.

Segundo uma pesquisa recente da consultoria KPMG com 1.124 executivos de todas as regiões brasileiras, 51% deles planejam chamar uma parte de seus funcionários de volta ao batente presencial até o fim do ano. Desse total, quase um terço vai fazer isso ainda em setembro.

A pesquisa foi publicada na reportagem da revista EXAME “Como será a volta ao escritório (ainda em 2020) sem vacina?”, que mostra um panorama de como está sendo esse retorno.

No levantamento, somente 26% dos executivos declaram que pretendem deixar a decisão para 2021. Ainda assim, o número aumentou em comparação com a pesquisa no mês anterior. Antes, apenas 9% deixaria a volta para o próximo ano.

O sócio da KPMG, André Coutinho, observa que a retomada será num ritmo gradativo e cheio de cautela.

“As empresas estão fazendo análises de tempo em tempo, com cuidado, para definir o prazo. Para muito, o cenário ficou claro de que o custo benefício não compensa. E não só de dinheiro, mas pelo risco de saúde e todas as situações que precisam ser consideradas”, fala ele.

Então, qual é melhor forma de tomar essa decisão? As empresas consultadas na reportagem adotaram medidas e fizeram planos adaptados para suas realidades, mas há um ponto em comum para dar o primeiro passo na retomada.

A Loft entrou na segunda fase do retorno ao escritório no final de agosto. Do começo do home office até essa abertura, que permite um máximo de 25% de funcionários no escritório, a startup já realizou testes de covid-19 em toda a equipe e traçou um plano em três fases para a retomada.

Antes de voltar, no entanto, o maior termômetro foi o resultado de cada pesquisa de clima com os funcionários. Em primeiro lugar, só volta agora quem desejar.

Quem faz parte do grupo do risco ou tem filhos em casa, tem prioridade para permanecer em casa até que se sinta confortável e tenha condições de retornar.

A volta foi limitada aos colaboradores com atividade que dependiam do presencial para ter sucesso completo, como áreas que lidam com clientes e fornecedores. Fora dessas áreas, quem vai pro escritório precisa combinar com o gestor o quando e o porquê.

“Não fizemos uma reforma no escritório ainda. Estamos estudando o que será o depois e faremos com base nisso. A maior preocupação é que todos consigam se manter bem. O time está animado com a possibilidade de um modelo híbrido”, diz Renata Feijó, diretora da área de pessoas.

A flexibilidade para retornar também foi a opção da Raia Drogasil. A particularidade de cada funcionário para abandonar o home office foi um dos maiores desafios para a retomada na rede de farmácias com 42.000 funcionários.

“Ficou como opcional. Procuramos dar suporte para o contexto individual, como mães e pais com filhos fora da escola, e oferecemos suporte emocional com teleterapia”, afirma Maria Susana de Souza, vice-presidente de gente e cultura da RaiaDrogasil.

Os funcionários da área administrativa da RaiaDrogasil voltaram em julho aos escritórios, mas a ocupação máxima é de 20% da capacidade.

Para a empresa, o maior trabalho foi o de ouvir e entender o contexto de cada um. Assim, eles poderiam oferecer o suporte necessário para que a escolha de ficar em casa ou no escritório fosse feita sem o temor de perder o emprego ou sofrer qualquer retaliação.

“Precisamos dar as condições para que as pessoas cuidem delas mesmas, adotem hábitos saudáveis e se sintam seguras. Esse conjunto de elementos torna o momento mais tranquilo e mantém as pessoas engajadas”, comenta a VP.

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