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Entre formados em Harvard, emprego em banco é fracasso

Agora, para os formados da Faculdade de Administração de Harvard, os "parabéns" por um emprego em Wall Street significam agora "meus pêsames"

Wall Street: “as pessoas costumavam se vangloriar dizendo, ‘é isso aí, 21 horas por dia, sete dias por semana durante oito meses’, e isso era motivo de orgulho”, diz especialista (REUTERS/Brendan McDermid)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2015 às 19h48.

Fins de semana arruinados, trabalhos penosos no PowerPoint e noites em claro nos arranha-céus de Manhattan antes eram um motivo de orgulho para os formados da Faculdade de Administração de Harvard que seguiam para Wall Street.

Agora, estas jovens estrelas se gabam de como suas vidas serão lucrativas e saudáveis -- em outro lugar.

“As pessoas costumavam se vangloriar dizendo, ‘é isso aí, 21 horas por dia, sete dias por semana durante oito meses’, e isso era motivo de orgulho”, disse Kiran Gandhi, que assim como outros colegas de sua classe deste ano se candidatou a empresas de tecnologia.

“A falsa modéstia agora diz ‘pois é, eu trabalho das 9 às 5, ganho uma montanha de dinheiro e levo uma vida ótima’. Tanques de suco verde no escritório e um incrível café orgânico gelado preparado a frio -- isso é qualidade de vida”.

O fascínio do Vale do Silício, onde as startups da moda estão criando bilionários, está eclipsando a atratividade dos bancos de investimento sóbrios, pressionados para eliminar riscos e custos.

Neste ano, a longa sequência de queda no número de formados no MBA de Harvard a entrarem nos bancos poderá atingir um novo recorde, mesmo depois de muitas das maiores empresas terem adotado políticas para se tornarem mais hospitaleiras com seus novos recrutas.

Em 2007, cerca de 13 por cento dos formados na faculdade que ingressaram em um emprego foram para os negócios de investment banking ou trading, segundo relatórios de Harvard. No ano passado, essa fatia caiu para cerca de 5 por cento.

Agora, uma pesquisa preliminar com os graduados deste ano mostra que apenas 4 por cento pretendia ingressar em um banco depois da formatura, em maio.

Entre os 46 Baker Scholars -- uma designação que Harvard concede aos alunos que ficam entre os 5 por cento melhores do MBA -- da classe, apenas um mostrou interesse.

Essas são as conclusões de Keima Ueno, que terminou o MBA em Harvard neste ano. Como estudante, ele atuou como mentor de seus colegas e manteve um blog para contar como é a vida na faculdade.

Por isso, quando Harvard enviou os dados de sua classe obtidos em uma pesquisa antes da formatura, ele utilizou-os para descobrir aonde os Baker Scholars queriam ir. E não se surpreendeu com os resultados.

“Quando escutamos que nossos colegas conseguiram uma vaga em um banco de investimento, nós dizemos ‘parabéns’”, disse ele. “Mas, na verdade, estamos pensando ‘meus pêsames’”.

Vida feliz

As empresas de tecnologia vêm atraindo uma parcela maior dos melhores formandos com a promessa de que eles não apenas ganharão rios de dinheiro, mas também terão uma vida mais feliz, mesmo que a carga horária continue sendo longa, segundo estudantes e recrutadores.

No ano passado, cerca de 17 por cento dos formados pela Faculdade de Administração de Harvard desaguaram no setor, contra 7 por cento em 2007, mostram seus números.

Os bancos perderam mais novatos que qualquer outro setor. Embora os números de Ueno não dividam o setor de tecnologia da mesma maneira, eles mostram que as startups, sozinhas, estão atraindo 16 por cento da classe deste ano, incluindo seis Baker Scholars.

Os dados brutos da pesquisa listaram as respostas de todos os scholars, exceto um.

Os grandes bancos estão contra-atacando, prometendo aos recrutados mais horas de sono, um dia livre de vez em quando e prazos razoáveis. O esforço, originado após a morte de um estagiário do Bank of America Corp. em 2013, ganha força em parte pelo medo de que os estudantes mais brilhantes deixem de ver o setor de investment banking como uma carreira sustentável.

O Goldman Sachs Group Inc. convidou o célebre autor Deepak Chopra para dar uma palestra aos funcionários há alguns meses sobre bem-estar, relaxamento e a importância das férias.

O que os bancos não podem prometer é o tipo de resultado excepcional que leva os formados para as startups. E o salário médio nos bancos de investimento encolheu desde a crise financeira, devido à queda na receita e ao foco maior dos órgãos reguladores e dos acionistas sobre os bônus.

A despesa do Goldman Sachs com remunerações por funcionário caiu de US$ 661.490 em 2007 para US$ 373.265 no ano passado.

As faculdades americanas não costumam divulgar as estatísticas que mostram onde os formados foram trabalhar antes do quarto trimestre do ano, e a Universidade de Harvard não quis comentar os números de Ueno. Kristen Fitzpatrick, diretora-geral do escritório de carreira e desenvolvimento profissional da Faculdade de Administração, disse que mais estudantes estão considerando o setor bancário por causa dos recentes esforços das empresas.

“Esse trabalho tem atraído muitas pessoas há algum tempo”, disse ela. “O fato é que o estilo de vida precisava melhorar um pouco”.

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Agora, estas jovens estrelas se gabam de como suas vidas serão lucrativas e saudáveis -- em outro lugar.

“As pessoas costumavam se vangloriar dizendo, ‘é isso aí, 21 horas por dia, sete dias por semana durante oito meses’, e isso era motivo de orgulho”, disse Kiran Gandhi, que assim como outros colegas de sua classe deste ano se candidatou a empresas de tecnologia.

“A falsa modéstia agora diz ‘pois é, eu trabalho das 9 às 5, ganho uma montanha de dinheiro e levo uma vida ótima’. Tanques de suco verde no escritório e um incrível café orgânico gelado preparado a frio -- isso é qualidade de vida”.

O fascínio do Vale do Silício, onde as startups da moda estão criando bilionários, está eclipsando a atratividade dos bancos de investimento sóbrios, pressionados para eliminar riscos e custos.

Neste ano, a longa sequência de queda no número de formados no MBA de Harvard a entrarem nos bancos poderá atingir um novo recorde, mesmo depois de muitas das maiores empresas terem adotado políticas para se tornarem mais hospitaleiras com seus novos recrutas.

Em 2007, cerca de 13 por cento dos formados na faculdade que ingressaram em um emprego foram para os negócios de investment banking ou trading, segundo relatórios de Harvard. No ano passado, essa fatia caiu para cerca de 5 por cento.

Agora, uma pesquisa preliminar com os graduados deste ano mostra que apenas 4 por cento pretendia ingressar em um banco depois da formatura, em maio.

Entre os 46 Baker Scholars -- uma designação que Harvard concede aos alunos que ficam entre os 5 por cento melhores do MBA -- da classe, apenas um mostrou interesse.

Essas são as conclusões de Keima Ueno, que terminou o MBA em Harvard neste ano. Como estudante, ele atuou como mentor de seus colegas e manteve um blog para contar como é a vida na faculdade.

Por isso, quando Harvard enviou os dados de sua classe obtidos em uma pesquisa antes da formatura, ele utilizou-os para descobrir aonde os Baker Scholars queriam ir. E não se surpreendeu com os resultados.

“Quando escutamos que nossos colegas conseguiram uma vaga em um banco de investimento, nós dizemos ‘parabéns’”, disse ele. “Mas, na verdade, estamos pensando ‘meus pêsames’”.

Vida feliz

As empresas de tecnologia vêm atraindo uma parcela maior dos melhores formandos com a promessa de que eles não apenas ganharão rios de dinheiro, mas também terão uma vida mais feliz, mesmo que a carga horária continue sendo longa, segundo estudantes e recrutadores.

No ano passado, cerca de 17 por cento dos formados pela Faculdade de Administração de Harvard desaguaram no setor, contra 7 por cento em 2007, mostram seus números.

Os bancos perderam mais novatos que qualquer outro setor. Embora os números de Ueno não dividam o setor de tecnologia da mesma maneira, eles mostram que as startups, sozinhas, estão atraindo 16 por cento da classe deste ano, incluindo seis Baker Scholars.

Os dados brutos da pesquisa listaram as respostas de todos os scholars, exceto um.

Os grandes bancos estão contra-atacando, prometendo aos recrutados mais horas de sono, um dia livre de vez em quando e prazos razoáveis. O esforço, originado após a morte de um estagiário do Bank of America Corp. em 2013, ganha força em parte pelo medo de que os estudantes mais brilhantes deixem de ver o setor de investment banking como uma carreira sustentável.

O Goldman Sachs Group Inc. convidou o célebre autor Deepak Chopra para dar uma palestra aos funcionários há alguns meses sobre bem-estar, relaxamento e a importância das férias.

O que os bancos não podem prometer é o tipo de resultado excepcional que leva os formados para as startups. E o salário médio nos bancos de investimento encolheu desde a crise financeira, devido à queda na receita e ao foco maior dos órgãos reguladores e dos acionistas sobre os bônus.

A despesa do Goldman Sachs com remunerações por funcionário caiu de US$ 661.490 em 2007 para US$ 373.265 no ano passado.

As faculdades americanas não costumam divulgar as estatísticas que mostram onde os formados foram trabalhar antes do quarto trimestre do ano, e a Universidade de Harvard não quis comentar os números de Ueno. Kristen Fitzpatrick, diretora-geral do escritório de carreira e desenvolvimento profissional da Faculdade de Administração, disse que mais estudantes estão considerando o setor bancário por causa dos recentes esforços das empresas.

“Esse trabalho tem atraído muitas pessoas há algum tempo”, disse ela. “O fato é que o estilo de vida precisava melhorar um pouco”.

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