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Há emprego à beira-mar, em transporte de cargas

O transporte de cargas pelo mar cresce com o aumento do comércio internacional e o maior número de rotas ao longo da costa brasileira. Saiba onde estão as oportunidades em um setor que está se profissionalizando

Porto de Itapoá, ao norte do litoral catarinense: oportunidades de trabalho (Jonne Roriz / Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2014 às 20h04.

São Paulo - Nos últimos três anos, o governo brasileiro e o setor privado investiram cerca de 30 bilhões de reais nos portos do país, com a finalidade de melhorar o acesso das embarcações, dragar os canais e construir novos terminais de carga. A estimativa é da Agência Brasileira de Terminais Portuários.

Parte desse investimento se tornou necessária em razão do maior volume de negócios entre o Brasil e o resto do mundo. A movimentação de contêineres nos portos nacionais cresceu, em média, 10% ao ano na última década.

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Além do comércio internacional, o transporte marítimo ganhou impulso devido aos altos custos de pedágio nas rodovias e à saturação das estradas, aliados à falta de ferrovias para o transporte de carga industrial. “Há outro fator: o crescimento de renda no Norte e no Nordeste, que amplia as rotas entre essas regiões e o Sul e o Sudeste”, diz Cleber Lucas, presidente da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem.

Com toda essa movimentação, teve início uma competição entre os portos do Sudeste e do Sul — regiões que movimentam 70% do total de cargas embarcadas em contêineres — para atrair empresas clientes. Essa dinâmica vem melhorando os salários e as condições de trabalho no setor e gerando novos empregos .

O investimento dos empregadores na capacitação de seus funcionários também é maior. A Libra, um dos maiores operadores do porto de Santos, com 1 200 funcionários, investiu, no último ano, 4,9 milhões de reais para montar sua universidade corporativa. “Estamos tendo de formar profissionais rapidamente”, diz Cláudia Falcão, executiva de RH do Grupo Libra.

De acordo com ela, a empresa deve recrutar 350 profissionais até o fim do ano. As vagas são para funções operacionais, técnicas — como eletricistas, pintores e supervisores de operações — e administrativas, como especialistas em logística e analistas de sistemas.

Empresas que se instalaram no porto de Santos recentemente também buscam profissionais. É o caso da Embraport, cujo terminal de cargas foi inaugurado em julho do ano passado. A empresa, que tem como acionistas o grupo Odebrecht e o grupo estrangeiro Dubai Ports World, contratou 700 profissionais e deve recrutar outros 150 neste ano para funções de engenharia e operações.

Mesmo recebendo novas empresas, o porto de Santos vem perdendo espaço para os terminais de Santa Catarina. A participação de Santos na movimentação total de contêineres nos portos do país caiu de 40%, em 2010, para 36% no ano passado. Parte desse volume foi para os portos catarinenses de Itapoá, Portonave e Itajaí, que movimentam por ano metade da carga operada nos terminais de Santos, o maior porto do Brasil.

O Portonave, localizado na cidade de Navegantes, recebeu 700 milhões de reais em investimento desde 2007, e emprega hoje 850 profissionais. Seus clientes são indústrias do interior de São Paulo e da Região Centro- Oeste, sendo que uma grande parcela é exportadora de carne bovina e de frango.

Para receber esses produtos, que representam metade da carga movimentada em Portonave, foi criada, há três anos, a Iceport, um terminal frigorífico. A Iceport tem vagas abertas para as áreas comercial e de controle de qualidade.

Sobram vagas

O porto de Itapoá, que fica mais ao norte do litoral catarinense, recebeu 500 milhões de reais de investimento desde 2011 e movimenta 5% de todos os contêineres transportados no Brasil.

“Estamos captando recursos para começar a segunda fase de obras e ampliar o porto”, diz Marcus Harwardt, diretor comercial de Itapoá. No porto de Imbituba, no sul do estado, está atracada uma das maiores dragas do mundo, a mesma que construiu as ilhas artificiais de Dubai, nos Emirados Árabes, que vai ampliar a profundidade do canal de acesso dos navios para 17 metros.

A obra dará a Imbituba o status de calado mais profundo do país. O executivo Rogério Pupo, presidente da SCPar Porto, administradora do terminal, afirma que a movimentação de contêineres já é dez vezes maior neste ano do que em 2013. Com a possibilidade de receber navios maiores, Imbituba poderá operar 10 000 contêineres.

Os investimentos têm atraído empresas para a região, como a Sul Norte Logística, além de outras às margens da BR-101. Segundo o presidente da SCPar, grandes companhias de logística e produtos náuticos também estão sondando a região.

Não é à toa que os empregadores de Navegantes, Itajaí e Imbituba reclamam que sobram vagas. A estimativa do governo do estado é que as empresas da região deverão empregar 2 000 funcionários até o fim do ano.

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