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Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2013 às 16h36.
São Paulo - A construção civil vem ganhando destaque nas duas principais economias da Região Norte e os investimentos anunciados até agora colocam o setor como um dos mais importantes para os próximos anos. Em Manaus, capital do Amazonas, as obras incluem a construção do novo estádio que receberá os jogos da Copa do Mundo de 2014 — a Arena da Amazônia —, a ampliação da rede hoteleira com a chegada de novas bandeiras e os investimentos em mobilidade urbana, como a construção do monotrilho.
Em Belém e no restante do Pará, os investimentos passam pela construção de fábricas e pela modernização dos processos produtivos nas áreas de mineração e indústria agropecuária. Além da construção civil, a indústria também continua atraindo investimentos no Polo Industrial de Manaus e os números explicam por que o setor faz da capital amazonense o principal centro econômico do Norte.
Somente nos quatro primeiros meses do ano, as empresas de lá faturaram 10,3 bilhões de dólares. Dentre os segmentos mais dinâmicos estão o de eletroeletrônicos e o de duas rodas, por exemplo, as gigantes Honda, Yamaha, BMW e Kawasaki.
O crescimento acelerado tem evidenciado um problema: a falta de profissionais qualificados tanto no nível operacional quanto no nível gerencial. Para quem se muda para lá, esse fato é uma tremenda oportunidade. Veja o caso do engenheiro pernambucano Oscar Machado Bandeira Filho, de 32 anos. Ele começou a carreira na construtora Camargo Corrêa como trainee de uma obra no Pará.
Foi progredindo à medida que participava de diferentes projetos. Mas em Manaus teve sua grande chance. Oscar chegou à capital manauara há dois anos e hoje é gerente de qualidade de uma das principais obras no Amazonas: a ponte sobre o Rio Negro, que liga a capital do estado aos municípios do interior. “Em cinco anos, saí de estagiário para me tornar gerente de uma grande obra”, diz.
Nos dois maiores centros do Norte, a carência de pessoal qualificado fica em evidência principalmente quando são anunciados investimentos nos diferentes setores, deixando os recrutadores sem saber como preencher tantas vagas. No fim de junho, duas grandes construtoras, a Agre e a Aliança, lançaram três empreendimentos em Manaus, com a promessa de criar mais de 5 000 postos de trabalho, mas ressaltaram a falta de engenheiros com perfil gerencial tanto na capital amazonense quanto na capital paraense.
Na avaliação de Martinho Azevedo, economista e ex-presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas, a região até dispõe de gente qualificada para determinadas áreas, mas explica que, onde há um processo de desenvolvimento acelerado, é dificil capacitar pessoas na mesma velocidade com que as empresas os exigem.
O mercado de trabalho de Manaus, por exemplo, demanda executivos das mais variadas especialidades, como nas áreas do Direito, da medicina, das engenharias, de consultoria ambiental, entre outras. “Hoje há muitas demandas, muitas oportunidades de negócios na cidade e precisamos muito de pessoas que façam o chamado meio-campo”, avalia Elaine Jinkings, analista de RH e presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Amazonas.
Esse meio-campo, explica a especialista, é o profissional com o perfil gerencial, com a missão de introduzir inovação nos processos, preparando e motivando os trabalhadores do nível operacional. Para “importar” os profissionais com esse perfil, dentre os atrativos oferecidos estão salários até 30% maiores do que os pagos no Sudeste, e o custeio de despesas importantes, como moradia. Oscar ressalta que as oportunidades não se restringem aos engenheiros, elas são “para todas as profissões, pois há uma carência enorme de gente capacitada.”