Pedro Correia, 34 anos, administrador que trabalha em Campo Grande: “A cidade é uma das estrelas do consumo no país” (Foto: Alexis Prapas, Ilustração: Marcos Müller/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 19h01.
São Paulo - Quando se formou em 2001, o administrador de empresas Pedro Correia imaginava que para fazer uma carreira de sucesso teria de deixar Brasília e seguir para o eixo Rio-São Paulo. “Eu tinha isso como necessidade, mas não aceitava a possibilidade. Queria mesmo ficar no Centro-Oeste”, diz.
A aposta deu certo. A região bateu recorde na criação de postos de trabalho em maio e no acumulado do ano registra a maior alta do país, com 132 650 novos empregos, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged).
O sucesso profissional de Pedro seguiu o crescimento da região. Hoje, com 34 anos, pós-graduado em estratégia empresarial, ele acaba de assumir a superintendência do Norte-Sul Plaza, novo shopping de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, com mais de 160 lojas.
“A cidade está em franco crescimento. Ocupa o 19º lugar no ranking de potencial consumidor do Brasil, projetado para este ano. É uma das estrelas do consumo do país”, comemora Pedro Correia. O Norte-Sul Plaza é o segundo shopping da capital. Ele foi lançado em maio, 22 anos depois do primeiro, o Shopping Campo Grande. O próximo empreendimento será o Bosque dos Ipês, que promete ser o maior centro de consumo do estado, com previsão para ser inaugurado em 2012 e empregar 2 000 pessoas.
O sucesso do comércio na capital sul-mato-grossense é impulsionado pelas indústrias do entorno. “Não existe a possibilidade de ir direto para Três Lagoas, precisa passar por Campo Grande”, diz o economista da Fecomercio-MS, Thales de Souza Campos.
Três Lagoas está virando um polo de papel e celulose. A cidade abriga a Fíbria, que já projeta a segunda unidade, e a International Paper. O município também aguarda a instalação de uma fábrica da Petrobras, que será a maior unidade de fertilizantes nitrogenados da América Latina e deverá gerar entre 500 e 600 empregos.
Levantamento da consultoria de recursos humanos Grupo Empreza aponta a instalação de 180 indústrias no estado, com destaque para o segmento sucroalcooleiro, devido ao crescimento da demanda por carros flex no país. A Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) estima aumento de 50% da produção na safra 2011–2012.
Nesse ciclo há três novas usinas — em Anaurilândia, Fátima do Sul e Costa Rica —, com geração de 3 000 vagas. O cenário é promissor, principalmente para profissionais do agronegócio, engenheiros industriais, civis e agrônomos, além de administradores.
Goiânia
No Centro-Oeste, Goiás lidera a geração de empregos. Até maio, foram criadas 65 719 vagas, uma alta de 6,54%. Goiânia, a capital do estado, concentra a maior parcela da abertura de postos de trabalho, mas também há oportunidades nas cidades vizinhas. O setor sucroalcooleiro hoje tem 36 usinas em atividade e 22 em implantação. Em Anápolis, a 50 quilômetros da capital, o polo farmacêutico atrai a atenção de multinacionais e trabalha para ser o maior centro de medicamentos genéricos do país.
O extrativismo mineral é outro segmento que cresce. Goiás é o maior produtor nacional de níquel, o segundo de cobre e responsável por 100% da produção nacional de amianto — áreas que abrem caminho para novas profissões em prevenção e manutenção. “Para o futuro, vai crescer a necessidade de profissionais preocupados com meio ambiente, ecologia e com a saúde da população”, destaca a presidente do Grupo Empreza, Helena Barbosa Machado Ribeiro.
Em Goiânia, chama atenção o crescimento do mercado de apartamentos e condomínios horizontais com custo milionário. É nessa parcela da população que a General Shopping Brasil aposta para construir o segundo outlet de grandes marcas no país, gerando mais de 2 000 empregos diretos e indiretos. O Outlet Premium Brasília ficará em Alexânia, a 120 quilômetros de Goiânia.
Brasília
A capital do país tem a maior renda per capita nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a construção civil aproveita essa constatação — o metro quadrado é o mais caro do Brasil: em média, 7 592 reais, de acordo com o índice da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). Em bairros novos como o Noroeste, o valor chega a dobrar.
De acordo com a Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), o setor emprega 21 000 pessoas e atrai de engenheiros e arquitetos a executivos que trabalham com inteligência de mercado. A maior expectativa na capital, no entanto, é pela construção do Parque Tecnológico Cidade Digital.
Até 2014, quando estiver em pleno funcionamento, serão 80 000 empregos. Brasília concentra ministérios, autarquias, sedes de bancos públicos, por isso a alta demanda por softwares e sistemas de segurança para bancos de dados. “O potencial é muito grande. Haverá vagas em engenharia elétrica, ciência da computação, da informação, além das atividades interrelacionadas, como monética (que lida com identificação de dinheiro) e biométrica”, diz Rafael Timóteo, um dos coordenadores do projeto, que também é coordenador do programa de pós-graduação em engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB).