Dilma Rousseff: na época, chegou-se a dizer que o termo "presidenta" tinha sido inventado pela petista (Mario De Fina/NurPhoto/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2022 às 11h00.
Última atualização em 2 de julho de 2022 às 20h38.
Nossa gramática é machista? Essa é uma profunda e educativa questão. Por gramática, entende-se – de maneira breve - o conjunto de regras que normatizam o falar e o escrever, em acordo à língua-padrão.
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Ao enfatizar o feminino no vocábulo, textos mostram a existência da “voz feminina” no poder, na democracia, como no caso do termo “presidenta”. O registro da palavra já era observado, desde 1899, pelo Dicionário de Cândido de Figueiredo:
“Presidenta, f. (neol.) mulher que preside; mulher de um presidente. (Fem. de presidente.)”
Ignorantes no tema disseram ser mera invenção vocabular da presidenta brasileira, à época. Pois bem: por que termos femininos, mesmo tão antigos, não são usados, se oficiais são? A justificativa está, de fato, em critérios tão-somente gramaticais?
Pensando em educar-me, resolvi ler um livro: Ouse Argumentar, da escritora Maytê Carvalho, publicado pela editora Planeta. Consegui respostas que me fizeram entender alguns porquês diante da seleção vocabular que, infelizmente, até hoje, predomina. Enuncia a escritora e estudiosa:
“Nós, mulheres, crescemos ouvindo que temos que colocar a necessidade dos outros acima da nossa.”
Ao iniciar um capítulo, ensina Maytê:
“Comunicação também é um sistema de sobrevivência. Escolhemos falar porque queremos nos proteger, nos sentir confiantes, dividir ideias, lutar por direitos e veicular nossos desejos.”
Quantas vezes uma mulher teve de usar um crachá em que o gênero gramatical do cargo era masculino? A obra Ouse Argumentar é brilhante neste aspecto: a consciência de inclusão. Ter uma voz ativa no discurso, a partir de mais aprendizado na estruturação dele, é libertador, no mínimo.
Para reforçar o impacto semântico, no décimo terceiro capítulo, a etimologia dos termos Guarulhos e Maytê reforça como termos acompanham o usuário de uma língua.
Quando a lágrima respeitosa (fruto da emoção) precedia as últimas sílabas do livro, pude entender como a seleção vocabular, aos poucos, determinar o que uma mulher deseja (e deve concretizar!) para o mundo.
Às minhas leitoras e aos meus leitores, além da gramática humana e respeitosa, digo: ouse argumentar.
Ao terminar a leitura da obra de Maytê Carvalho, escreva-me dizendo sobre quão importante é a voz do feminino em textos falados, escritos e do jeito que bem elas entendem (porque elas sabem fazer deste mundo um lugar melhor).
Um grande abraço, até a próxima e inscreva-se no meu canal!
DIOGO ARRAIS
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Professor de Língua Portuguesa
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