Dinheiro vai para o divã com Cassia D'Aquino
Conheça Cassia D’Aquino, a consultora que ensina educação financeira sem falar de dinheiro
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 19h14.
São Paulo - A mineira Cassia D’Aquino, de 50 anos, é uma terapeuta das finanças. E, por mais que ela relute em admitir que sua consultoria tenha semelhanças com uma sessão de análise freudiana, é difícil encontrar analogia melhor para explicar a sutileza com que resolve os dilemas de seus clientes com o dinheiro. Para quem não sabe, o pai da psicanálise deixava seus pacientes descobrirem a raiz de seus problemas a partir da fala.
Quanto mais a pessoa tenta explicar o que está acontecendo, mais perto ela chega das soluções. Pois é assim que Cassia trabalha. Enquanto a maioria dos consultores de finanças pessoais mapeia receitas, despesas e sonhos futuros para daí criar um plano financeiro para seus clientes, Cassia age, em um primeiro momento, como uma terapeuta, que busca fazer com que a pessoa entenda qual a relação que tem com o dinheiro e os prós e contras do estilo de vida que leva.
Só depois dessa reflexão é que ela passa a adotar um expediente mais convencional entre os consultores de finanças. E aí o trabalho é colocar no papel tudo o que se planeja conquistar — e que dependa de dinheiro — e então traçar um plano para conseguir fundos para dar conta do que planejou.
Apesar do jeito sereno, Cassia gosta de provocar seus clientes e ouvintes nas palestras que faz. Costuma fazê-los pensar sobre o emprego, a carreira e as escolhas financeiras. Certa vez, durante uma palestra, foi abordada por um pai que estava na plateia desesperado com a atitude do filho de 6 anos que sempre pedia um determinado lanche no McDonald’s só para ficar com o brinquedo, deixando a comida de lado.
Cassia, então, perguntou ao pai: “E o que acontece se você não comprar?”. O pai respondeu: “Ele fica muito bravo”. A consultora ironizou: “Ele tem 1,30 metro de altura e fica muito bravo...”. Nesse instante, o pai soltou uma gargalhada, percebendo que o problema não estava na criança, mas num adulto com medo do filho.
Cassia não gosta de respostas prontas para questões financeiras, mas sabe que há assuntos que afligem a todos quando o tema é grana. Uma das perguntas que ouve frequentemente é “Quanto devo guardar para ter um futuro tranquilo?”. Ao que ela diz: “Tudo depende da pessoa, do que ganha e do estilo de vida. Se você é solteiro e mora com os pais, pode guardar até metade do salário. Se tem filhos, fica mais difícil.
Então, segure o que der, de 5% a 10% da renda. O importante é ter um objetivo. Caso contrário, poupar não faz sentido. Se você quer ter um apartamento daqui a dez anos ou um fundo para usar na aposentadoria, vai economizar com todo prazer. Quem tem projeto de vida não sai gastando tudo que ganha”. Outra questão recorrente é: “Para ter dinheiro, preciso sacrificar os pequenos prazeres?”. “A resposta é ‘não’”, diz Cassia.
“O importante é fazer boas escolhas. Nem todos os desejos precisam ser satisfeitos hoje. Alguns podem ficar para amanhã. Outros, para daqui a 20 anos. Quem tem sabedoria se programa para realizar os desejos e evitar desastres financeiros. É o famoso planejamento.”
Para essa mineira de Belo Horizonte, o planejamento, ao lado do conhecimento, é o segredo para quem quer sair das arapucas financeiras. Desde pequena, era a única dos cinco irmãos que passava horas analisando o destino da mesada entregue pelos pais. Não fazia isso por necessidade, já que sua família, herdeira de terras, gozava de uma boa situação financeira, mas pelo prazer em fazer planos para seu dinheirinho.
Apesar do gosto pelas cifras, a jovem Cassia foi estudar história e depois fez mestrado em ciência política, ambos na Universidade Federal de Minas Gerais. Na pós, estudando a relação entre democracia e economia, descobriu o gosto pelas finanças. Desde então, passou a devorar livros de economia e finanças.
Atualmente, Cassia mantém seus atendimentos em escolas, publica artigos em veículos especializados e trabalha para empresas preocupadas em promover educação financeira para seus colaboradores. Entre os projetos em que atua destacam-se o BC Jovem (Banco Central); Meu Bolso em Dia (Febraban); De Bem com as Contas (CSN); Tudo em Dia, Tudo Azul (Citi); e Sonhos Reais (Serasa Experian).
Neste último, ela capacita funcionários que desejam levar as lições de finanças pessoais às escolas públicas. “Ela tem uma grande empatia com as pessoas e consegue expressar conceitos de finanças de forma simples”, diz Elizia Silva, coordenadora de RH da Serasa Experian.
A dedicação ao tema rendeu a Cassia conexões que vão além das fronteiras brasileiras. Ela detém uma cadeira como membro do International Association for Citizenship, Social and Economics Education, associação sem fins lucrativos com sede na Inglaterra, que reúne estudiosos de educação financeira de vários países.
Ela ainda representa o Brasil no Global Financial Education Program, uma iniciativa de ONGs norte-americanas, sob o patrocínio da Citi Foundation, que dissemina conhecimentos de economia a mais de 6 milhões de pessoas de baixa renda. Apesar de concentrar seus atendimentos aos adultos, Cassia não esconde sua preferência pelo trabalho com o público infantil. O procedimento, no entanto, é um só para os dois públicos: “Meu trabalho começa com um longo bate-papo”.
São Paulo - A mineira Cassia D’Aquino, de 50 anos, é uma terapeuta das finanças. E, por mais que ela relute em admitir que sua consultoria tenha semelhanças com uma sessão de análise freudiana, é difícil encontrar analogia melhor para explicar a sutileza com que resolve os dilemas de seus clientes com o dinheiro. Para quem não sabe, o pai da psicanálise deixava seus pacientes descobrirem a raiz de seus problemas a partir da fala.
Quanto mais a pessoa tenta explicar o que está acontecendo, mais perto ela chega das soluções. Pois é assim que Cassia trabalha. Enquanto a maioria dos consultores de finanças pessoais mapeia receitas, despesas e sonhos futuros para daí criar um plano financeiro para seus clientes, Cassia age, em um primeiro momento, como uma terapeuta, que busca fazer com que a pessoa entenda qual a relação que tem com o dinheiro e os prós e contras do estilo de vida que leva.
Só depois dessa reflexão é que ela passa a adotar um expediente mais convencional entre os consultores de finanças. E aí o trabalho é colocar no papel tudo o que se planeja conquistar — e que dependa de dinheiro — e então traçar um plano para conseguir fundos para dar conta do que planejou.
Apesar do jeito sereno, Cassia gosta de provocar seus clientes e ouvintes nas palestras que faz. Costuma fazê-los pensar sobre o emprego, a carreira e as escolhas financeiras. Certa vez, durante uma palestra, foi abordada por um pai que estava na plateia desesperado com a atitude do filho de 6 anos que sempre pedia um determinado lanche no McDonald’s só para ficar com o brinquedo, deixando a comida de lado.
Cassia, então, perguntou ao pai: “E o que acontece se você não comprar?”. O pai respondeu: “Ele fica muito bravo”. A consultora ironizou: “Ele tem 1,30 metro de altura e fica muito bravo...”. Nesse instante, o pai soltou uma gargalhada, percebendo que o problema não estava na criança, mas num adulto com medo do filho.
Cassia não gosta de respostas prontas para questões financeiras, mas sabe que há assuntos que afligem a todos quando o tema é grana. Uma das perguntas que ouve frequentemente é “Quanto devo guardar para ter um futuro tranquilo?”. Ao que ela diz: “Tudo depende da pessoa, do que ganha e do estilo de vida. Se você é solteiro e mora com os pais, pode guardar até metade do salário. Se tem filhos, fica mais difícil.
Então, segure o que der, de 5% a 10% da renda. O importante é ter um objetivo. Caso contrário, poupar não faz sentido. Se você quer ter um apartamento daqui a dez anos ou um fundo para usar na aposentadoria, vai economizar com todo prazer. Quem tem projeto de vida não sai gastando tudo que ganha”. Outra questão recorrente é: “Para ter dinheiro, preciso sacrificar os pequenos prazeres?”. “A resposta é ‘não’”, diz Cassia.
“O importante é fazer boas escolhas. Nem todos os desejos precisam ser satisfeitos hoje. Alguns podem ficar para amanhã. Outros, para daqui a 20 anos. Quem tem sabedoria se programa para realizar os desejos e evitar desastres financeiros. É o famoso planejamento.”
Para essa mineira de Belo Horizonte, o planejamento, ao lado do conhecimento, é o segredo para quem quer sair das arapucas financeiras. Desde pequena, era a única dos cinco irmãos que passava horas analisando o destino da mesada entregue pelos pais. Não fazia isso por necessidade, já que sua família, herdeira de terras, gozava de uma boa situação financeira, mas pelo prazer em fazer planos para seu dinheirinho.
Apesar do gosto pelas cifras, a jovem Cassia foi estudar história e depois fez mestrado em ciência política, ambos na Universidade Federal de Minas Gerais. Na pós, estudando a relação entre democracia e economia, descobriu o gosto pelas finanças. Desde então, passou a devorar livros de economia e finanças.
Atualmente, Cassia mantém seus atendimentos em escolas, publica artigos em veículos especializados e trabalha para empresas preocupadas em promover educação financeira para seus colaboradores. Entre os projetos em que atua destacam-se o BC Jovem (Banco Central); Meu Bolso em Dia (Febraban); De Bem com as Contas (CSN); Tudo em Dia, Tudo Azul (Citi); e Sonhos Reais (Serasa Experian).
Neste último, ela capacita funcionários que desejam levar as lições de finanças pessoais às escolas públicas. “Ela tem uma grande empatia com as pessoas e consegue expressar conceitos de finanças de forma simples”, diz Elizia Silva, coordenadora de RH da Serasa Experian.
A dedicação ao tema rendeu a Cassia conexões que vão além das fronteiras brasileiras. Ela detém uma cadeira como membro do International Association for Citizenship, Social and Economics Education, associação sem fins lucrativos com sede na Inglaterra, que reúne estudiosos de educação financeira de vários países.
Ela ainda representa o Brasil no Global Financial Education Program, uma iniciativa de ONGs norte-americanas, sob o patrocínio da Citi Foundation, que dissemina conhecimentos de economia a mais de 6 milhões de pessoas de baixa renda. Apesar de concentrar seus atendimentos aos adultos, Cassia não esconde sua preferência pelo trabalho com o público infantil. O procedimento, no entanto, é um só para os dois públicos: “Meu trabalho começa com um longo bate-papo”.