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Defenda-se da grosseria do seu chefe

A maioria das pessoas já sofreu com a atitude rude de um chefe ou colega. Saiba o que leva um profissional a agir dessa forma e como lidar com ele

Segundo um estudo feito por pesquisadoras americanas, uma em cada quatro pessoas é rude porque seus chefes são. (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2013 às 06h00.

São Paulo - Gritos, socos na mesa, piadas de mau gosto, ironias, humilhações, abusos de poder e mensagens deselegantes são traços do profissional grosseiro, um tipo que está proliferando nas empresas.

A pressão por resultados, a carga excessiva de trabalho e a alta competição são responsáveis por despertar o mau comportamento dos profissionais, segundo as professoras Christine Porath, da McDonough School of Business, e Christine Pearson, da Thunderbird School of Global Management, ambas nos Estados Unidos. "Eles dizem que não têm tempo para ser agradáveis", afirma Christine Porath.

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Desde 1998, a dupla de acadêmicas já entrevistou mais de 14.000 profissionais americanos e constatou que praticamente todo mundo (98%) já presenciou atitudes rudes no trabalho. Numa sondagem feita por VOCÊ S/A com alunos da escola de negócios paulista BI International, 73% das pessoas afirmaram ter sofrido com a grosseria de um chefe ou colega.

As consequências de um tratamento grosseiro no ambiente de trabalho são sérias e comprometem o resultado da empresa. “O trabalhador fica menos criativo, produz menos, com menos qualidade e, no limite, deixa a empresa”, afirma Christine Pearson. Além disso, uma pessoa tratada com incivilidade no local de trabalho reage de forma negativa, em certos casos retaliando abertamente.

Tanto homens quanto mulheres fazem parte desse time. A diferença está em como cada um se manifesta. Enquanto eles reagem de maneira ostensiva, batendo na mesa, por exemplo, elas não usam palavrões nem aumentam a voz, mas sabem exatamente como ser cruéis e abalar a autoestima do profissional.

Os motivos para atitudes desse tipo são variados: vão desde o chefe inseguro que precisa se respaldar no medo do funcionário para se sentir competente até aquele que é assim por puro prazer ou falta de informação.

"O mais temido é o sádico, pois seu prazer é extrair o máximo de sofrimento do funcionário", diz Jorge Dias Souza, consultor e autor do livro As Chefias Avassaladoras (Editora Novo Século), do Rio de Janeiro. Segundo ele, esse gestor não quer demitir nem que o funcionário peça demissão. O que ele quer é ter a certeza de que aquela pessoa está sofrendo com suas atitudes.


Segundo o estudo feito pelas pesquisadoras americanas, uma em cada quatro pessoas é rude porque seus chefes são. "Elas seguem a mesma linha de seus superiores por achar que o comportamento grosseiro funciona", diz. Segundo Christine Porath, é uma maneira de criar distância — uma forma de mostrar quem é que manda.

Para a psicóloga Sandra Loureiro, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), há os profissionais que agem de forma rude, pois acreditam que isso ajuda seus subordinados a aguentar a pressão. Como se fosse um treinamento para que as pessoas sejam mais fortes.

O aprendizado parece ter um preço pesado  nesse caso. "A exigência era tão grande que cheguei a pensar se havia escolhido a profissão certa", diz a publicitária Renata El Dib, de 32 anos, diretora de arte de uma agência em São Paulo, que no começo da carreira sofreu com um chefe rude.

"Lembro-me de ele desligar o telefone na minha cara por achar que eu tinha ligado em uma hora inadequada. E ele mesmo havia pedido para eu ligar", afirma.

Segundo ela, o aprendizado foi a duras penas. "Num dia ele me elogiava e no outro acabava comigo, perguntando se eu achava que tinha competências para trabalhar no mesmo lugar que ele", diz. Grosserias à parte, a base de um bom relacionamento é a educação.

Não é preciso sorrisos em demasia nem ser amigo de todos no escritório, mas usar um tom de voz baixo, respeitar as pessoas independentemente do cargo e usar linguagem adequada, sem xingamentos, é essencial.

Manual da boa vizinhança

Quatro maneiras para lidar com um chefe grosseiro

1Seja racional

Enfrente a situação como se fosse mais uma tarefa de trabalho, sem deixar a emoção interferir. "Chorar ou sair correndo não ajuda", diz Jorge Dias Souza, autor do livro As Chefias Avassaladoras (Editora Novo Século), do Rio de Janeiro. "O ignorante é ele, não você", diz.

2Evite o confronto

Bater de frente com um gestor grosseiro só piora a situação. Eles não gostam de ser enfrentados em público e ficam ainda mais rudes quando isso acontece. "Evitar conflitos é mais inteligente", diz a psicóloga Sandra Loureiro, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

3Mantenha a tranquilidade

Fale com seu gestor o mais baixo e calmamente possível, como se nada estivesse acontecendo. Em algumas situações, vale até pedir para ele repetir alguma ordem, caso você não tenha entendido. E pense sempre antes de responder a uma grosseria.

4Identifique as razões da explosão

Saber o que motiva a agressividade de seu chefe ajuda a evitar conflitos. "Muitas vezes, o comportamento de um chefe grosseiro é resultado de nossas ações", diz a coach Stefania Giannoni, de São Paulo. Observe os assuntos e as atitudes que tiram a pessoa do sério.

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