Em crise, Brenco busca sócios
Empresa planeja levantar mais R$ 330 milhões para levar adiante a construção de usinas
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2009 às 18h04.
Depois de receber uma injeção de mais de 250 milhões de reais para tentar sair da crise financeira, a Brenco, companhia planejada para ser a maior em etanol e energia renovável do Brasil, procura agora sócios que coloquem, no mínimo, mais 330 milhões de reais no negócio. A quantia é metade do que a Brenco precisa para construir e colocar em funcionamento duas usinas de álcool e geração de energia a partir do bagaço da cana até 2012 no Mato Grosso do Sul. A Brenco ainda busca um sócio para o alcoolduto de 1 100 quilômetros que pretende construir ligando as usinas no centro-oeste a Paulínia, no interior de São Paulo. O empreendimento está orçado em 1,1 bilhão de reais. O banco BBA assessora a empresa.
Já houve negociações com a Rhodia e com a Petrobras, sobre o alcoolduto, mas as conversas não avançaram. O vice-presidente comercial e de logística de Brenco, Rogério Manso, afirma que a busca de sócios não tem relação com as dificuldades financeiras da empresa. “A busca de sócios estava prevista desde o início do projeto. No final, quem vai decidir se a empresa terá mais sócios ou não são os acionistas”, disse Manso.
Esse é o momento mais delicado da curta história da Brenco, que tem como acionistas o ex-presidente do Banco Mundial James Wolfensohn, o fundador da Sun Microsystems, Vinod Khosla, e o BNDES. A empresa foi formada em 2007, quando o executivo Henri Philippe Reichstul, ex-presidente da Petrobras, começou do zero o projeto de dez usinas na região centro-oeste até 2015.
Depois de captar 1,5 bilhão de reais entre os sócios para a fase inicial do projeto, a empresa viu o planejamento financeiro ser desafiado por uma conjunção entre as consequências da crise financeira internacional e as dificuldades características de desbravar uma região distante dos mercados consumidores e onde nunca se plantou cana-de-açúcar. A crise fez com que os repasses de recursos previstos pelos acionistas ocorressem num ritmo mais lento e que os fornecedores, também em dificuldades, atrasassem a entrega de equipamentos.
Mesmo com menos disponibilidade de recursos, a companhia manteve o plano inicial de plantar 40 mil hectares de cana entre janeiro e maio deste ano - tarefa para a qual foram contratados 3 mil trabalhadores temporários. Mas choveu menos do que esperado, o que dificultou e encareceu ainda mais o plantio. No final de maio, haviam sido plantados apenas 15 mil hectares. “Todas as empresas do setor passaram por problemas nos últimos meses”, diz Rogério Manso, vice-presidente comercial e de logística da Brenco. “Mas nossos preços continuam abaixo da média de mercado”, afirmou.
Ao longo dos últimos cinco meses, a Brenco também atrasou pagamentos de fornecedores de equipamentos e plantadores de cada terceirizados. Essas dívidas somam cerca de 100 milhões de reais. Depois de dois adiamentos, a primeira usina da Brenco (Morro Vermelho, em Goiás), entra em operação em setembro. Mas a segunda (Alto Taquari, no Mato Grosso), prevista para outubro, já foi adiada para janeiro. A situação ficou tão difícil que até a diretoria recebeu atrasados os salários de maio.
O aporte de 250 milhões de reais feito na semana passada serve para cobrir esses gastos extras. Por exigência dos acionistas, o dinheiro será liberado em seis parcelas de pouco mais de 40 milhões de reais, e mesmo assim só depois que os representantes dos sócios conferirem em detalhes como o dinheiro foi gasto e qual o cronograma para a próxima etapa.