Competências digitais: saiba quais são e como desenvolvê-las
Diretores de RH do Itaú, da PwC e da Vivo apontam os caminhos para criar uma mentalidade digital nas empresas
Rodrigo Caetano
Publicado em 22 de abril de 2020 às 14h51.
Última atualização em 22 de abril de 2020 às 15h06.
Segundo estudo realizado pela Cisco, fabricante de equipamentos de telecomunicações, o Brasil terá quase 200 milhões de pessoas conectadas à internet, o equivalente a mais de 90% da população, até 2023. O número de dispositivos conectados chegará a 755 milhões, no mesmo período.
Os dados mostram que ter um modelo de negócios digital é fundamental para a sobrevivência das empresas, desafio que demanda profissionais com competências específicas. “A necessidade de desenvolver uma mentalidade digital nunca foi tão real e tão difícil”, afirmou Valeria Marretto, diretora de RH do Itaú, em debate realizado durante a Maior live de carreira do mundo, evento gratuito organizado pelo Grupo Cia de Talentos.
Essas habilidades digitais não estão relacionadas a conhecimentos técnicos, mas a capacidades humanas, como colaboração, empatia e resiliência. São habilidades relativamente novas no ambiente de trabalho e a maioria dos profissionais ainda não as desenvolveu, segundo Erika Braga, diretora de RH da consultoria PwC. “Ninguém está pronto”, diz Braga. “Estamos em constante evolução”.
A capacidade de aprender e desaprender, inclusive, é uma das principais competências exigidas dos profissionais digitais.
Autonomia e colaboração
Desenvolver uma mentalidade digital depende, em grande parte, da capacidade de trabalhar em grupo. Segundo Braga, o profissional não precisa saber de tudo, mas deve ser capaz de navegar por estruturas horizontais, ou seja, com pouca hierarquia.
A autonomia é outro componente importante. A transformação digital está muito relacionada à capacidade de inovação das empresas, por isso, os profissionais devem poder tomar suas próprias decisões e ter iniciativa.
Por outro lado, a complexidade das organizações precisa ser considerada. “O gerente de uma agência, por exemplo, não pode estabelecer seu próprio padrão de atendimento”, diz Marretto, do Itaú. Nesse sentido, é importante que a empresa tenha mapeado o papel e as funções de cada colaborador.
Saber lidar com erros
O erro é parte integrante de qualquer transformação digital. Mas não é qualquer erro. “É preciso tolerar os erros e, ao mesmo tempo, ser intolerante com o baixo desempenho”, afirma Fernando Luciano, diretor de talentos da Vivo. Para isso, é importante separar as falhas técnicas das falhas resultantes de processos de inovação.
“Uma coisa é um problema gerado por falta de habilidade técnica ou por negligência, outra é uma boa ideia que deu errado por uma questão imprevisível”, diz Luciano. Para desenvolver uma cultura digital, é fundamental estabelecer o conceito de fail fast, ou seja, testar as hipóteses o mais rápido possível e mudar quando for necessário.
Fazer o que as máquinas não fazem
O avanço das tecnologias de inteligência artificial deve eliminar uma grande quantidade de postos de trabalho. Por esse motivo, o profissional digital precisa desenvolver competências que não podem ser replicadas pelas máquinas. “Nossa maior habilidade, como seres humanos, é a capacidade de relacionar ideias”, afirma Luciano.
Ter empatia, ou seja, saber se colocar no lugar dos outros, no caso das empresas, no lugar do cliente, é a chave para desenvolver essas habilidades humanas. “Na mentalidade digital, o cliente está no centro de tudo”, afirma Braga, da PwC. “Não tem mais essa coisa de oferecer um serviço, construímos as soluções em conjunto”.
Outra habilidade importante é a capacidade de estar sempre aprendendo. Segundo Braga, é fundamental reservar algumas horas do dia ou da semana para leituras inspiradoras. Além de trazer mais conhecimento, esse exercício aprimora o bem-estar.
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