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Como ser (realmente) engraçado numa apresentação?

Usar humor numa apresentação pode ser uma ótima ideia. Mas é preciso tomar certos cuidados para não criar constrangimentos para a plateia - ou para si mesmo


	Humor: numa apresentação, histórias pessoais funcionam melhor do que piadas
 (Thinkstock/Image Source Pink)

Humor: numa apresentação, histórias pessoais funcionam melhor do que piadas (Thinkstock/Image Source Pink)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 1 de junho de 2015 às 15h31.

São Paulo - Num show de comédia "stand up", o objetivo principal do apresentador é muito claro: honrar o ingresso pago pelo público e fazê-lo rir o máximo possível.

Já numa apresentação corporativa, divertir a plateia nunca será a prioridade - o que não exclui a possibilidade de usar o humor como ferramenta para conquistar a plateia.

Quem diz isso é Joyce Baena, sócia-fundadora da La Gracia, agência especializada no assunto. Segundo ela, a capacidade de fazer os outros se divertirem é uma habilidade muito útil para um apresentador.

“O riso relaxa o público, chama a atenção para você e pode até ajudar na fixação de um determinado conteúdo”, afirma a especialista.

Isso não quer dizer, porém, que o recurso seja sempre bem-vindo. Muito pelo contrário, defende Fábio Mattos, sócio da agência SOAP.

O suficiente, para ele, é adotar uma postura simpática e descontraída diante do público - o bastante para provocar sorrisos, não gargalhadas. “Fazer humor de verdade numa apresentação é  um risco muito grande”, afirma. 

É que há um risco considerável de parecer tolo, pouco profissional ou até "se queimar" com os presentes. Se a cultura da empresa não for receptiva a essa abordagem ou não houver familiaridade suficiente com o público, a graça se transforma em vexame.

Ainda assim, diz Joyce, não é tão difícil ser engraçado sem criar constrangimento para si próprio ou para a plateia. Basta observar alguns cuidados simples, descritos a seguir:

1. Não conte piadas
Poucas pessoas - aquelas com uma certa veia artística - são realmente capazes de contar uma piada a ponto de arrancar gargalhadas do ouvinte.

O que mais funciona em apresentações, afirma Joyce, são histórias pessoais. “É mais eficaz contar algo engraçado que aconteceu com você no caminho para o auditório, por exemplo”, diz ela. O segredo é trazer um relato que seja divertido, mas soe simples e pouco preparado - o exato oposto de uma piada mal contada.

2. Deixe os temas polêmicos de fora
Para não ofender nem inspirar antipatia, a dica de Fábio é evitar assuntos que costumam polarizar as pessoas, tais como política ou religião.

O conselho vale mesmo para os casos em que existe uma grande proximidade entre apresentador e público. “O risco de insultar uma pessoa sempre pode existir, mesmo num grupo muito conhecido por você”, diz Joyce.

3. Mergulhe no universo da plateia
Um dos segredos do riso é identificação pessoal do ouvinte com o objeto do humor. Joyce resume assim: para ser engraçado, você precisa fazer referência a algo que a plateia pense, viva ou sinta, mesmo que secretamente.

“O apresentador deve tirar sarro de situações em que as pessoas se reconheçam”, diz a sócia da La Gracia. Para encontrar essa “matéria-prima”, é preciso pesquisar ao máximo o universo e as características culturais da plateia.

4. Quebre as expectativas
Exagerar, distorcer e surpreender são três ferramentas básicas do humor, segundo Joyce. Um apresentador incapaz de explorar o inusitado vai, no máximo, arrancar um ou outro sorriso amarelo dos presentes.

Por isso, a dica dos especialistas é fugir de velhos chavões e lugares-comuns. Mattos diz que, além de tornar você mais engraçado, isso evita que você precise recorrer a estereótipos com potencial ofensivo.

5. Capriche na autoironia
Uma tática simples para fazer sucesso sem agredir ninguém é fazer graça com os seus próprios defeitos, uma marca do famoso humor britânico, tipicamente autodepreciativo.

“Fazer humor a partir das suas próprias fragilidades é sempre seguro, porque você é o alvo”, explica Joyce. Além de soar divertido, você ainda ganha uma aura vulnerável e simpática: uma combinação que desarma até o público mais mal-humorado.

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