São Paulo - A técnica do brainstorming, ou “tempestade de ideias”, se popularizou entre as empresas que buscam inovação. Mas o processo de gerar soluções originais em grupo não é tão simples: para que funcione, algumas condições básicas precisam ser observadas.
Segundo Gisela Kassoy, especialista em criatividade e inovação, o brainstorming é uma técnica que facilita a geração de ideias aproveitando algumas características do nosso cérebro.
Ao contrário do que se poderia pensar, dar atenção às bobagens e investir na quantidade e não na qualidade das ideias são algumas atitudes essenciais para que a dinâmica funcione.
A seguir, EXAME.com lista alguns cuidados básicos para fazer um brainstorming de qualidade:
1. Saiba o que é (e para que serve) o brainstorming
Todos os participantes precisam entender que o processo vai muito além de “uma listinha de ideias”, segundo Gisela. Na verdade, o brainstorming é uma dinâmica que exige flexibilidade, liberdade e suspensão das censuras. Só compreendendo isso você poderá aproveitar o método - e julgar se ele é realmente pertinente para o projeto em questão.
É o caso de Camila Laguzzi, coordenadora da agência de apresentações La Gracia. Ela e sua equipe usam intensamente a técnica para gerir projetos, mas não em todos os casos. “Alguns projetos simplesmente não acomodam esse tipo de dinâmica, e precisamos buscar outros métodos adequados a eles”, explica.
2. Abrace as “bobagens”
“Só saímos do clichê quando nos permitimos falar besteiras”, diz Gisela. Isso significa liberdade total para os participantes da reunião. Censurar o outro é proibido.
Aquilo que parece, a princípio, uma grande tolice pode ser o caminho para uma ideia original e viável, se bem trabalhada posteriormente. O segredo é não se preocupar e deixar fluir pensamentos aparentemente infantis, absurdos e ridículos.
3. Tenha um tema definido
Por mais que a liberdade seja um grande valor a ser preservado durante o brainstorming, é importante que todos os participantes saibam muito bem por que estão ali.
“Você precisa estabelecer um problema claro a ser resolvido pelo grupo, que pode ser formulado em uma única pergunta, tópico ou expressão”, diz Gisela. Se o tema for complexo, vale dedicar algum tempo para explicá-lo cuidadosamente a todos.
4. Estabeleça um tempo máximo
Outro fator que ajuda a produtividade é estabelecer um limite de tempo. Segundo Gisela, esse é um elemento importante para pressionar o grupo. Se não houver um controle nesse sentido, a sessão pode se estender demais e perder o rumo.
“Um brainstorming de qualidade com seis pessoas, que dure apenas de cinco a dez minutos, pode gerar cerca de 200 ideias”, diz Gisela. Se o tempo for livre, esse volume pode transbordar - e dificultar o manuseio das propostas posteriormente.
5. Conte com um facilitador
A dinâmica precisa incluir uma pessoa neutra, cujo papel é observar o processo e cuidar do fluxo de ideias. “O facilitador impede que alguém seja censurado ou que uma pessoa se exceda ao tentar vender sua ideia para o grupo”, explica a especialista Gisela Kassoy.
Outra função dessa figura é ajudar a equipe a não perder o foco. Se as pessoas começarem inadvertidamente a tratar de outros temas, cabe a ele lembrá-las sobre a pergunta original da dinâmica.
6. Trabalhe num grupo heterogêneo
Como o brainstorming é baseado em volume e liberdade de ideias, quanto mais cabeças diferentes estiverem trabalhando juntas, melhor. Segundo Gisela, clientes, fornecedores, usuários finais e outros participantes diversos são bem-vindos.
Camila Laguzzi, da La Gracia, confirma a importância da heterogeneidade. “Pela nossa experiência, apimenta muito o processo juntar várias pessoas, homens e mulheres de áreas diferentes, não necessariamente ligadas ao projeto em si”, conta.
7. Esteja à vontade
O grupo precisa estar relaxado para funcionar. “De nada adianta chamar um cliente para tornar a discussão mais rica e diversa, mas ficar constrangido em falar dos ‘podres’ da empresa na frente dele”, alerta Gisela.
Segundo a especialista, esse é outro papel do facilitador do brainstorming: garantir que o grupo esteja confortável o suficiente para falar o que lhe vem à cabeça, sem filtros.
8. Registre tudo rapidamente
Seja numa lousa ou em post-its individuais, é preciso passar as ideias levantadas para o papel. Também nesse aspecto do brainstorming, vale o princípio de que a quantidade é soberana.
“O registrador não deve ser a pessoa que escreve ‘bonito’, com letra caprichada e todos os acentos, mas sim quem consegue escrever o mais rápido possível”, aconselha Gisela. Isso porque todas as propostas devem ser registradas, sem exceção.
9. Pense duas vezes antes de fazer um encontro online
De acordo com a especialista Gisela Kassoy, embora não seja proibido, fazer um brainstorming à distância, por teleconferência, pode gerar alguns problemas que merecem consideração.
Para Camila Laguzzi, da La Gracia, as dinâmicas presenciais são sempre melhores. Se um ou mais participantes participam remotamente, podem surgir distrações, como emails ou telefonemas. “Falta também a empolgação, a energia do brainstorming feito ombro a ombro”, diz.
10. Não discuta todas as propostas levantadas
Brainstormings de qualidade podem gerar centenas de ideias em poucos minutos. “É um equívoco querer discutir cada uma delas em profundidade ao fim do processo”, afirma Gisela.
Depois de registradas todas as propostas, vale pedir para as pessoas assinalarem somente aquelas que merecem ser analisadas. Limpando os excessos, otimiza-se o tempo do grupo e pode-se chegar a boas ideias mais rapidamente.
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1. Para educar o olhar para a criatividade
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1/17 (Getty Images)
São Paulo - Regra básica para estimular a
criatividade no cotidiano? Busque inspiração nas mais diversas fontes. Quanto mais improvável, melhor. Foi com base nesta equação que pedimos para três especialistas em criatividade selecionarem algumas das obras essenciais para educar os olhos para perceber o mundo de uma maneira nova. O resultado trouxe
livros clássicos sobre
inovação. Mas não só. Na
lista, há de livros infantis até obras consideradas malditas no passado. Divirta-se.
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2. They All Laughed
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2/17 (Divulgação)
Nesta obra, o jornalista Ira Flatow conta, de uma maneira divertida, a história por trás das grandes invenções que hoje fazem parte da nossa rotina: lâmpada, telefone, laser, submarino e até videogame, entre muitas outras.
They All Laughed
Ira Flatow
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3. Thinkertoys
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3/17 (Divulgação)
Se você quer fazer da criatividade uma prática diária na sua rotina, este é o livro indicado. Um clássico na área, "a obra traz exercícios que estimulam a criatividade. Por exemplo, como expressar ideias por meio de símbolos abstratos em vez de palavras”, afirma Gisela Kassoy, especialista no assunto.
Thinkertoys: A Handbook of Creative-Thinking Technique
Michael Michalson
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4. Um Chute na Rotina
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4/17 (Divulgação)
"O livro fala sobre o processo criativo, sobre como acontece a geração de ideias, como aplicá-las e o sucesso que isso traz", diz Paulo Campo, do Lab SSJ. Para isso, a obra traz uma série de estratégias práticas para fazer a criatividade tomar corpo na sua rotina. Um Chute na Rotina - Os Quatro Papéis Essenciais no Processo Criativo
Roger Von Oech
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5. Um "toc" na cuca
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Muitas vezes, o caminho para a inovação está em, simplemente, encarar a trilha de uma maneira diferente. Nesta obra, segundo Campo, o objetivo do autor é ajudar os leitores a "descondicionar a forma de pensar", diz. Para isso, ele investiga alguns dos principais bloqueios mentais e padrões que limam o pensamento criativo. Um toc na cuca
Roger Von Oech
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6. Ulysses
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Para Isabella Prata, diretora da Escola São Paulo, o clássico de James Joyce pode ser uma excelente ferramenta para treinar o olhar para a criatividade. Motivo? “A história toda gira em torno de possibilidades e memórias”, diz. Lembrando que uma das principais dicas para ser mais criativo é arquitetar alternativas absurdas mentalmente.
Ulysses
James Joyce
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7. Boquitas Pintadas
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7/17 (Divulgação)
O segundo livro do argentino Manuel Puig conta a história de um jovem tuberculoso e sua relação com a sociedade argentina da época. Segundo Gisela, a inovação da obra está na maneira como o texto foi escrito. “Em um capítulo, é uma pessoa escrevendo uma carta, em outro, uma resmungando oiu pensando. Não tem narrador, não tem descrição. Tem situações que acontecem e as pessoas vão se encontrando”, descreve.
Boquitas Pintadas
Manuel Puig
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8. Chema Madoz
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8/17 (Divulgação)
O espanhol Jose Maria Rodriguez Madoz, conhecido como Chema Madoz, é famoso por suas fotografias surrealistas em preto e branco. “A partir de alguns objetos, o fotógrafo cria outros e mexe muito com a criatividade”, diz Gisela.
Chema Madoz
La Fábrica Editorial
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9. Thoughtless Acts?
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Compilado pela antropóloga Jane Fulton Suri, que atua na IDEO, a obra traz fotografias que mostram como nós adaptamos e interagimos com o mundo – sem perceber. “As fotos mostram o que as pessoas fazem ‘automaticamente’, mas que trazem uma ideia de design”, diz Gisela.
Thoughtless Acts?
Jane Fulton Suri
Editora: Chronicle Books Llc
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10. O Andar do Bêbado
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Por mais que você suponha ter controle de tudo, o aleatório ou o acaso sempre dá o ar da graça. É sobre a maneira desajeitada com que lidamos com os imprevistos que este livro trata. “As coisas não acontecem exatamente da maneira como foram planejadas. Elas acontecem mais como o andar de um bêbado. Você precisa de muita criatividade para lidar com isso”, diz Gisela.
O Andar do Bêbado
Leonard Mlodinow
Editora Zahar
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11. Mania de explicação
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11/17 (Divulgação)
“Vaidade é um espelho em todos os lugares ao mesmo tempo”. “Emoção é um tango ainda não feito”. “Orgulho é uma guarita entre você e o da frente”.
Com definições assim, o livro infantil “Mania de explicação” é um convite para os marmanjos trocarem a definição burocrática do dicionário por significados mais inspiradores. “Ao explicar sentimentos de uma forma tão ingênua, o livro faz com a gente pense conceitos de uma nova forma”, afirma Gisela Kassoy, especialista em criatividade.
Mania de explicação
Adriana Falcão
Editora Salamandra
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12. Nicolau Tinha Uma Ideia
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12/17 (Divulgação)
Das sinapses dos neurônios até a inovação de fato, a ideia percorre um longo percurso. E, em alguns momentos, ela se faz do diálogo entre uma ou mais pessoas. É o que mostra este bem humorado livro infantil sugerido por Gisela. Com 34 páginas recheadas de ilustrações, a obra traz uma lição fundamental para quem quer ter boas ideias.
Nicolau Tinha Uma Ideia
Ruth Rocha
Editora Quinteto Editorial
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13. Era urso?
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Como o urso (ou não) do livro, todos devem se questionar sobre o estilo de vida que segue e que determina as ideias criadas na cabeça. “Você vai ter uma vida criativa ou uma vida imposta? Qual estilo de vida você quer ter?”, sugere Gisela. Esta aí mais um livro infantil para sair da caixa. Era urso?
Esdras do Nascimento
Editora Ediouro
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14. Sexus, Plexus e Nexus
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14/17 (Divulgação)
Os livros da trilogia “A crucificação rosada”, do americano Henry Miller, foram a base da criatividade de Isabella Prata, diretora da Escola São Paulo. Ela os leu, pela primeira vez, aos 13 anos. “O mais chocante das histórias sobre sexualidade era que não faziam parte da minha realidade, era um assunto que não era meu. Era um universo novo, como se fosse uma metáfora”, conta. Sexus, Plexus e Nexus
Henry Miller
Cia das Letras
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15. A estratégia do oceano azul
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15/17 (Divulgação)
Com o subtítulo “Como Criar Novos Mercados e Tornar a Concorrência Irrelevante”, este livro sugere caminhos alternativos para tocar o próprio negócio. “Há dois tipos de estratégia: a do oceano vermelho, que você mata o seu concorrente, e a do oceano azul, quando você cria outra coisa para a qual não há concorrente”, diz Gisela. “Mostra como você consegue criar algo inédito”. A Estratégia do Oceano Azul
W. Chan Kim, Renée Mauborgne
Editora Campus
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16. Pensamento Lateral
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16/17 (Divulgação)
Neste livro, de acordo com Paulo Campo, do Lab SSJ, Edward de Bono mostra algumas técnicas de resoluçãode problemas. Para o autor, batemos tanto a cabeça na hora de encontrar um caminho, não porque enveredamos por uma lógica equivocada, mas sim, porque percebemos de uma maneira equivocada. Por isso, em vez de atacar o problema de frente, o autor sugere, no livro, que olhe a celeuma sob diferentes pontos de vista.
Pensamento Lateral
Edward de Bono
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17. Agora, 11 filmes para ser mais criativo
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17/17 (Divulgação)