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Como combater o “carewashing” e proporcionar qualidade de vida de verdade

A sua empresa se preocupa genuinamente com o bem-estar das pessoas ou investe em programas com esse enfoque apenas para dizer que tem?

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Sofia Esteves

Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com

Publicado em 22 de agosto de 2024 às 10h49.

Última atualização em 22 de agosto de 2024 às 11h31.

Por Sofia Esteves, fundadora da Cia de Talentos, Bettha.com e Instituto Ser+, e uma das principais referências em recursos humanos no Brasil

A sua empresa se preocupa genuinamente com o bem-estar das pessoas ou investe em programas com esse enfoque apenas para dizer que tem?

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Começo o meu artigo com essa pergunta porque, recentemente, tive contato com um termo novo que tem a ver com tal questão. Sim, o dicionário corporativo ganhou mais um verbete — só aqui na minha coluna, já falei sobre skill-based, lavender ceiling, quiet quitting e outros.

Então, anote mais esse: "carewashing".

Se o anglicismo pareceu familiar, não estranhe. A palavra é inspirada no já conhecido "greenwashing" e tem um sentido semelhante: uma abordagem por meio da qual as organizações tentam mostrar que fazem mais em prol da qualidade de vida do que realmente acontece. A famosa propaganda enganosa.

Meu intuito aqui, no entanto, não é explicar a expressão, mas refletir sobre o seu surgimento. Pode parecer banal, mas dar nome às coisas é uma forma de torná-las mais “concretas”.

A origem do "carewashing"

Um exemplo nesse sentido foi o surgimento, lá no final do século 19, do conceito de “adolescente” enquanto um período particular situado entre a infância e a vida adulta. Antes disso, a adolescência não era estudada, analisada, discutida.

Dar um nome a essa fase e compreendê-la foi fundamental para sabermos lidar com esse público nos mais diferentes aspectos: do educacional ao social, do psicológico ao médico. Da mesma forma, nomear um fenômeno que tem sido percebido no contexto do trabalho é uma forma de dar visibilidade a isso. E, no caso do carewashing, combater esse problema.

Precisamos dar nome e falar sobre essa questão não só pelo motivo óbvio de que nenhuma empresa deveria adotar uma prática “só porque está em alta”, mas porque “ qualidade de vida ” continua sendo uma prioridade para todos os públicos dentro de uma organização, das pessoas jovens à alta liderança.

O valor da pausa

Em meio a um mundo acelerado e às transformações constantes, as pessoas precisam de uma pausa para conseguir desfrutar de outros aspectos da sua vida para além do profissional. Precisam de tempo para, por exemplo, praticar atividade física, alimentar-se bem e ter uma rotina de sono saudável.

Esses três itens, aliás, foram destacados na edição recente da Carreira dos Sonhos , pesquisa anual realizada pela Cia de Talentos que ouviu 93,55 mil respondentes. Quando perguntamos o que era importante ter na rotina para desfrutar da qualidade de vida, esse trio apareceu em primeiro lugar, seguido de: investir no bem-estar emocional e mental; e conseguir descansar com qualidade, sem trabalhar fora do horário.

Olhar para essas respostas e refletir se as ações corporativas ajudam a alcançar verdadeiramente a qualidade de vida pode ser um primeiro passo para combater o “carewashing”. Agora que conhecemos esse novo verbete, o objetivo é fazer com que, em um futuro breve, ele não precise ser mais usado.

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