Como arrasar em qualquer prova de redação, segundo um professor
Professor Diogo Arrais dá o caminho das pedras para quem quer garantir uma boa nota em provas de redação
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2018 às 13h47.
Última atualização em 15 de março de 2018 às 14h01.
Em um processo seletivo, a Redação não precisa ser uma obra de arte, ou seja, não é um concurso literário. Uma boa nota depende da exposição lógica, dos bons exemplos citados, do respeito ao padrão da Língua e (claro!) do convencimento diante do tema proposto pela banca examinadora.
Ao se redigir um texto dissertativo-argumentativo, é importante que o escritor tenha como meta: a tese altera o comportamento do leitor; os exemplos utilizados demonstram conhecimento maduro diante do tema proposto; os parágrafos não apresentam apenas obviedades.
Como se sabe, na maioria das provas, há um número mínimo e um número máximo de linhas (entre 20 e 30). Por isso, o projeto de texto (o famoso rascunho) é essencial.
Para exemplificar, usemos aqui o tema "Ética na Sociedade Brasileira".
A introdução pode abordar o conceito de ética. O dicionário ou o conceito de um especialista renomado criam bons inícios:
"Ética remete ao Conjunto de princípios, normas e regras que devem ser seguidos para que se estabeleça um comportamento moral exemplar. Como também analisa o economista e ensaísta Eduardo Gianetti: 'Valores éticos são uma espécie de gramática da convivência. Sem a gramática, não há língua, do mesmo modo como a virtude dá o estilo do convívio'."
Nomes de autores, referências a estudos consagrados, exposições de obras respeitadas geram um valor muito alto à tese: não há um bom trabalho sem pesquisa.
Candidatos com pouca prática têm a característica da "invenção" de opiniões, com uso deselegante da primeira pessoa, somados à aproximação da língua falada: "Nós sabemos que a ética no Brasil é uma coisa complicada de se ver."
Por outro lado, o escritor coerente sabe que o desenvolvimento da ideia (logo após a introdução) poderá ter alusões a fatos cotidianos, tais como:
"Exemplo da ausência de valores éticos deu-se no conhecido Mensalão: a propina foi sustentada - por parte dos parlamentares - como a conduta normal. O que se viu foi exatamente a transgressão da norma - o recebimento de vantagem indevida para ilicitamente beneficiar interesses de outrem."
Após uso de analogia cotidiana, o escritor pode somar um estudo, uma opinião de um historiador, sociólogo, cientista político, ministro do Supremo Tribunal, mas sempre se atentando a não julgar subjetivamente, mas expor em função da tese (nesse caso, demonstrar a falta de Ética no Brasil e apontar mudanças necessárias).
No momento de fechamento do texto (a famosa conclusão), mais importante do que a lógica conjunção "por isso", é uma espécie de "solução" para o "conflito" do tema apresentado pela banca examinadora:
"Por tudo isso, entende-se que uma sociedade é pautada pelo comportamento das pessoas. Ela só é justa quando houver ética em sua rotina. A mudança não ocorre quando aguardamos apenas a transformação dos outros; todos os indivíduos têm um papel importante na construção de uma sociedade melhor. Com falta ou ausência de ética, há apenas o caos, a injustiça, a desigualdade social."
Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!
Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa - CPJUR
Autor Gramatical pela Editora Saraiva