Como acabar com reuniões improdutivas em 4 passos simples
A reunião poderia ser um e-mail? O número de reuniões está fora de controle? Estas empresas encontraram uma maneira de acabar com esses problemas
Luísa Granato
Publicado em 5 de novembro de 2020 às 16h25.
Última atualização em 5 de novembro de 2020 às 18h02.
Será que essa reunião não poderia ter sido um e-mail? É muito difícil encontrar um profissional que nunca pensou isso na vida. Mais ainda depois da pandemia, quando as reuniões foram para o mundo virtual e se tornou possível agendar um compromisso atrás do outro, sem se preocupar em reservar salas ou com pausas para o café.
A agenda lotada nem sempre se traduz em produtividade . Na verdade, a rotina deixa mais difícil para que o empregado execute suas tarefas e faça uma gestão eficiente do seu tempo. E, o pior de tudo: muitas vezes a reunião nem sequer resolve o assunto.
Para escapar dessa armadilha, as empresas precisam travar uma batalha que começa com as lideranças e se desenrola em campanhas sobre as práticas positivas para marcar e conduzir reuniões.
Na Sanofi CHC, o gerente-geral da unidade, Rodolfo Hrosz, mandou um convite para que os funcionários bloqueiem suas agendas toda quinta-feira para banir as reuniões internas.
“Temos dois focos com isso. Primeiro, dar maior flexibilidade e bem-estar para todos. Afinal, de um Zoom para o outro, muitas vezes não sobra tempo para se organizar, planejar, pensar ou criar. Acabamos amarrados em reuniões. Segundo, queremos incentivar a atenção para os clientes”, explica.
A comunicação sempre foi um ponto de preocupação para a produtividade e engajamento dos funcionários. Com os novos desafios do trabalho remoto, ela se tornou crucial.
As ferramentas para facilitar as conversas digitais , como Zoom, WhatsApp, Microsoft Teams ou Google Meet, podem não ser muito úteis se os velhos hábitos do escritório se reproduzirem nelas.
Reuniões muito longas, com gente demais e sem pauta? Esse é um alerta para a possibilidade de a reunião se tornar improdutiva.
Antes da crise do novo coronavírus, a Merck já estava atenta para o problema. Em 2019, somando todas as horas de reuniões internas de seus colaboradores, foram 1.200 dias gastos.
Segundo Natasha Martins, líder de CMC e Comercial da Merck, a pandemia e o home office só aumentaram a urgência para mudar os velhos hábitos. Para ela, a questão junta três problemas: um de eficiência, um de produtividade e outro de bem-estar.
“Queremos praticar um equilíbrio maior entre vida profissional e pessoal. Antes da pandemia, já havíamos colocado uma política de horário flexível. E agora fizemos uma campanha para mudar a cultura de reuniões”, conta ela.
O trabalho foi feito com as lideranças e campanhas de comunicação. Junto a isso, eles possuem um curso sobre gestão de tempo disponível para todos da empresa. E tudo foi reforçado com a introdução de um assistente virtual, o Roni, que ajuda a marcar reuniões considerando quatro pontos simples.
“Temos de trabalhar com cada pessoa essa questão para que todos se sintam à vontade para questionar se uma reunião é necessária. E o assistente ajuda a empoderar os colaboradores nas escolhas sobre seus horários”, diz ela.
Com o assistente, cada pessoa pode fazer uma lista simples com quatro pontos que vão definir se a reunião realmente deve acontecer.
As perguntas são:
- Eu considerei não ter uma reunião e o impacto de mandar um invite?
- A reunião tem um objetivo claro que não pode ser alcançado de outra forma?
- O tempo da reunião é adequado para o tema e conseguirei iniciar no horário?
- Todos os envolvidos são essenciais para o assunto e a tomada de decisões?
Se a resposta for não para um dos itens, é melhor pensar mais um pouco antes de tomar um espaço na agenda dos colegas.
Além dessa prática, a empresa colocou a regra de duração de 30 minutos para as conversas. Se o assunto pedir por mais tempo, a pessoa precisa dar uma justificativa.
Os funcionários também são incentivados a reservar horários para não ter reuniões, com 2 horas por semana de total foco em projetos e atividades individuais. Com o horário flexível, todos devem respeitar uma agenda central para marcar reuniões, entre 9 e 17 horas.