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Cofrinho para as crianças é feito com previdência

Para garantir um dinheiro extra aos filhos, os pais estão investindo em previdência, que tem imposto menor sobre o rendimento quanto maior é o tempo da aplicação

Rodrigo Byrro e Lucas, de 1 ano: o pai já contratou plano de previdência para o filho  (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Rodrigo Byrro e Lucas, de 1 ano: o pai já contratou plano de previdência para o filho (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2013 às 14h31.

São Paulo - Garantir o dinheiro para a faculdade, uma grana extra para um intercâmbio no exterior, a compra de um imóvel na vida adulta. Os motivos que levam os pais a investir desde cedo para garantir o futuro dos filhos são variados.

“O costume de poupar lá em casa vem desde o meu avô, que já abria caderneta de poupança para os netos”, diz Rodrigo Almeida Byrro, de 36 anos, engenheiro que trabalha com recrutamento de executivos. “Hoje, eu aplico em previdência.”

Rodrigo é pai de Lucas, de 1 ano, e contratou um plano de aposentadoria para o filho quando ele tinha apenas 5 meses. “Se eu pudesse dar um conselho no futuro, diria para ele comprar um imóvel”, diz.

De fato, economizar para garantir uma renda futura para a criançada não é novidade para muitas famílias, mas a estabilidade da economia permitiu que a forma de fazer isso se diversificasse. E a melhora da renda, associada a um maior acesso aos vários tipos de produtos financeiros, tem transformado os planos de previdência numa das principais ferramentas dessa nova realidade. 

No primeiro semestre deste ano, as vendas dos planos destinados a menores de 21 anos cresceram cerca de 20% em relação ao mesmo período de 2011. Isso representa arrecadação de mais de 960 milhões de reais em apenas seis meses, de acordo com a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi).

A preferência pela previdência têm sido crescente devido ao benefício fiscal que esse produto financeiro oferece — o imposto que incide sobre o rendimento fica menor quanto maior é o tempo da aplicação. Além do incentivo tributário, há também o rendimento, que é superior ao da maioria dos investimentos de perfil conservador.

A bancária Luciana Galvão, de 36 anos, diz que a média de rentabilidade do VGBL que ela comprou há dois anos para a filha Ana Luiza, de 12 anos, tem sido de 9% ao ano, mas chegou a 11% nos últimos dois meses. O fundo da BrasilPrev tem um mix de 80% de renda fixa e 20% de renda variável.

“Eu comecei o plano tarde, quando ela tinha 10 anos, por isso optei por um fundo mais agressivo, que dá mais rentabilidade”, diz Luciana. Ela também aumenta o valor dos aportes todos os anos: começou com 100 reais mensais, elevou para 120 reais ao mês no ano passado e, a partir do ano que vem, os depósitos serão de 140 reais.


“Sempre que meu salário sobe, eu aumento o aporte da previdência da Aninha”, conta. A meta da mãe é que o dinheiro fique lá, rendendo, mesmo após a menina completar 21 anos. “Podemos até fazer saques mensais se ela decidir usar a aplicação para pagar um curso ou a faculdade. Mas a intenção é de que isso não seja necessário”, diz Luciana. 

Educação

De acordo com Sandro Bonfim da Costa, gerente de inteligência de mercado da Brasilprev, pesquisas feitas com clientes da empresa mostram que a maioria investe para gastar em educação. “Adequamos nosso plano de acordo com as preferências desses consumidores e percebemos que o investimento serve, na verdade, para qualquer projeto de longo prazo, como comprar imóvel ou abrir negócio daqui a dez anos”, diz.

Estimativas demonstram que com depósitos mensais de 100 reais por 18 anos é possível bancar todos os custos com a universidade do filho. E existem planos para crianças com tíquetes a partir 25 reais mensais. Sandro afirma que o crescimento nesse segmento acontece principalmente dentro da classe C.

“Esse público é o que mais adere por causa da própria experiência de vida. Como as pessoas fizeram um sacrifício maior para chegar aonde estão, querem que os filhos tenham um caminho mais suave.” 

É o caso do consultor Claudinei Cordiolli, de 37 anos. Ele acha que é o filho quem decidirá o que fazer com a aplicação, mas deixa claro o motivo que o fez optar por esse planejamento: garantir os estudos.

“Quando tinha 18 anos e entrei em uma faculdade particular, não recebi ajuda da minha família [por falta de condições] e meu salário na época era pouco maior do que a mensalidade. Como resultado, terminei a faculdade com uma dívida enorme, que demorou anos para ser paga”, conta. “Para evitar que meu filho passe por uma situação semelhante, decidi fazer um plano que o ajudará a pagar a faculdade. Caso ele estude em uma instituição pública, poderá comprar seu primeiro carro.”

O plano de previdência de Gustavo, filho de Claudinei, foi contratado em 2007, quando ele tinha 4 anos. A opção foi um PGBL do Itaú que poderá ser resgatado quando Gustavo tiver 21 anos. “Ele poderá sacar o valor total, parcial ou deixar lá para continuar rendendo até a aposentadoria”, diz.

Por mês, Claudinei paga 253 reais e a expectativa é que até a data de saque a aplicação tenha 90 000 reais acumulados. Ao contrário de Luciana, ele optou por um plano bem conservador, 100% atrelado à renda fixa. 

Hoje, 24% dos clientes de previdência da Brasilprev têm perfil classe C (ou nova classe média) e, desses, mais da metade (54%) contrata planos para menores. Ou seja, esse tipo de consumidor tem mais planos para os filhos do que individuais. “A classe C passa por um momento de alta no consumo, e o que sobra vai para os filhos, que devem ter um padrão melhor do que seus pais no futuro”, diz Sandro, da BrasilPrev. 

Com reportagem de Mariane Corazza

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