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Chefe da Amazon na Índia não quer e-mails de trabalho após às 18h

Amit Agarwal aconselhou colegas a parar de responder a e-mails ou telefonemas de trabalho entre as 18 horas e as 8 horas da manhã

E-mail: muitos na Índia se perguntaram se isso representaria uma atitude mais branda da empresa (foto/Thinkstock)
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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2018 às 17h00.

Última atualização em 20 de agosto de 2018 às 17h00.

Bangalore - O chefe da unidade da Amazon na Índia tem uma ideia radical para suas tropas: desconectem-se, vão viver a vida.

Em um memorando enviado para sua equipe neste mês, Amit Agarwal aconselhou colegas a parar de responder a e-mails ou telefonemas de trabalho entre as 18 horas e as 8 horas da manhã em prol "do equilíbrio entre vida pessoal e trabalho". Ele também falou sobre a importância da disciplina no trabalho e sobre como estipular um limite.

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A nota vazada atravessou a névoa de privação de sono no centro de tecnologia de Bangalore e desencadeou discussões acaloradas nas redes sociais e nos grupos de bate-papo do WhatsApp.

Agarwal é um vice-presidente sênior da gigante do varejo com sede em Seattle, que tem fama de promover uma cultura de trabalho desapiedada e de levar os funcionários à exaustão.

Muitos na Índia se perguntaram se isso representaria uma atitude mais branda da empresa. Agarwal já atuou como assistente executivo do CEO Jeff Bezos, que frequentemente é retratado como um chefe exigente. Um representante da Amazon na Índia não quis comentar o e-mail.

A Índia, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, se tornou um campo de batalha feroz para a Amazon, e a empresa comprometeu cerca de US$ 5,5 bilhões na construção de sua rede no país. Recentemente, a Amazon perdeu para o Walmart a disputa para comprar a Flipkart Online Services, a principal operadora de comércio eletrônico da Índia.

Embora as exigências do setor de tecnologia aos trabalhadores tenham se tornado um assunto de debate em todo o mundo, há um desequilíbrio severo entre o trabalho e a vida pessoal em Bangalore, a terceira maior cidade da Índia, onde uma parcela significativa do 1 milhão de trabalhadores empregados no setor terceirizado atende a clientes internacionais e costuma trabalhar até tarde da noite.

Esse desequilíbrio é ainda maior no promissor setor de startups, onde reuniões noturnas e telefonemas nos fins de semana são a norma.

Psicólogos, laboratórios do sono e clínicas de fertilidade alertaram sobre o custo mental e físico do ritmo de trabalho frenético. Insônia, depressão e tendências suicidas são sintomas frequentes, disse o Dr. S. Kalyanasundaram, um conhecido psiquiatra que atende a muitos profissionais de tecnologia em seu consultório no sul de Bangalore.

"Hoje em dia, muitos jovens de 25 e 28 anos sofrem ataques cardíacos, algo que não observei em minhas quatro décadas neste campo", disse ele.

O médico disse que toda a sua agenda de sábado é reservada para profissionais de tecnologia, e frequentemente as consultas são reservadas com meses de antecedência.

"Para muitos, só existe uma vida: a profissional", disse Kalyanasundaram. "É um desastre; é uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento."

Dilip Vamanan, fundador da startup de análise de dados sobre comércio eletrônico SellerApp, que ajuda comerciantes a vender pela Amazon, disse que trabalha 14 horas por dia no escritório. Depois disso, ele atende telefonemas e responde a e-mails em casa. Seus colegas reclamam de dores nas costas, insônia e estresse.

Agarwal, da Amazon, pode ter uma ideia inspirada, mas implementá-la talvez seja mais difícil do que parece.

"As startups indianas têm muito a provar", disse Vamanan. "Elas não estão nem perto do nível em que os fundadores podem relaxar e ligar o piloto-automático."

 

 

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