CEO do Uber dá conselho para executivos em apuros
Quando assumiu o comando do Uber em 2017, a missão de Dara Khosrowshahi era salvar a empresa após uma série de polêmicas
Luísa Granato
Publicado em 4 de outubro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 4 de outubro de 2018 às 06h00.
São Paulo - Você aceitaria um emprego com a missão de salvar a empresa? Quando assumiu o cargo de presidente do Uber em 2017, Dara Khosrowshahi sabia que não seria fácil.
Um ano depois de entrar para empresa, sentando em frente ao CEO da Salesforce , Marc Benioff, durante o evento Dreamforce em São Francisco, ele fala sobre as transformações que promoveu.
O Uber passou por tempos difíceis antes de seu presidente e co-fundador, Travis Kalanick, renunciar em junho de 2017, após diversas polêmicas que arriscaram a reputação da empresa, como a denúncia de uma cultura tóxica, com relatores de assédios morais e sexuais e relatos de insegurança em corridas pelo aplicativo.
A missão de Khosrowshahi, ex-executivo da Expedia em Seattle, ao chegar no Vale do Silício era resolver os problemas da gestão anterior e salvar a empresa. “Quando entraram em contato a primeira vez sobre o cargo, eu disse ‘sem chance’, depois pensei que deveria aceitar”, confessa.
“Você nunca entra nessas situações achando que vai ser fácil”, comenta o CEO do Uber para Benioff. “Mas eu aprendi mais nesse ano do que nos últimos cinco”.
Segundo o CEO, ele passou por dias difíceis, mas com consciência de que seu trabalho estava fazendo a diferença. Para Khosrowshahi, existem três fatores decisivos para tomar uma decisão na carreira.
Primeiro, se ele pode trabalhar com pessoas que o inspiram e que ele respeita. Em segundo lugar, se no novo lugar ele pode ver que seu trabalho como indivíduo faz a diferença. Por fim, se a nova companhia está fazendo a diferença.
Com seu trabalho, ele diz que encontrou o “coração” do Uber, os valores prioritários que guiam o trabalho da empresa que revolucionou o transporte pelo mundo.
Para ele, um serviço de mobilidade como o Uber significa liberdade para seus usuários e motoristas. Mas a prioridade do serviço é a segurança. “Temos que ter certeza de que estamos fazendo tudo para que o serviço seja o mais seguro possível”, diz ele.
O problema que Khosrowshahi encontrou no Uber não é isolado. Muitas empresas do Vale do Silício tem esbarrado em obstáculos morais sobre o uso da tecnologia e a sobre a cultura no ambiente de trabalho.
Benioff alfineta os colegas, sem citar nomes, mencionando casos de companhias que estavam construindo arma s com inteligência artificial sem avisar os funcionários ou companhias que viram seus executivos abandonarem pedirem demissão por não concordarem com os valores.
Chamando o outro de “CEO salvador”, o presidente da Salesforce pede que ele dê um conselho como novato do Vale do Silício para os executivos que se encontram em apuros com problemas e polêmicas dentro de suas empresas.
E sua receita para salvar os CEOs tem um simples passo: “apenas faça a coisa certa”.
“O problema é que não há uma receita exata do que isso significa. Nós somos falíveis, nós vamos errar. Porém vindo de um lugar honesto, se você for transparente e estiver tentando fazer o certo dia após dia, então você vai acertar. Você vai cometer erros, aprender e mudar. Erros são ‘ok’ se você enfrentá-los. Aprenda e seja melhor”, aconselha ele.
Para finalizar a conversa, Marc Benioff pergunta: se houvesse uma máquina do tempo, o que você diria para o Travis?
“Diria algo que ouvi do meu antigo chefe: ouça o que você não quer escutar”, fala ele. “Existe uma regra universal que quanto mais você escala dentro da empresa, menos você sabe do que realmente acontece. Seu tempo é agendado, as pessoas precisam de aprovação para falar com você e as informações passam por assistentes”.
Segundo ele, é preciso manter o interesse pela verdade sem filtros e sem querer estar certo.