Carreira

Carreira global

"A miséria do mundo, em que prevalece o devorar para não ser devorado, não deve ser medida em termos de estatística de renda. É uma catástrofe moral... Não trabalhamos apenas para ter uma renda, mas para encontrar sentido em nossas vidas. O que fazemos é parte de quem somos. Ver-nos apenas como um meio para […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h33.

"A miséria do mundo, em que prevalece o devorar para não ser devorado, não deve ser medida em termos de estatística de renda. É uma catástrofe moral... Não trabalhamos apenas para ter uma renda, mas para encontrar sentido em nossas vidas. O que fazemos é parte de quem somos. Ver-nos apenas como um meio para lucros colhidos pelos outros é uma afronta à nossa auto-estima."

Alan Ryan, Professor de Princeton

The New York Review of Books

A globalização é um fenômeno imprevisível e irresistível, gostemos dela ou não. Qualquer profissional que quer empreender uma carreira bem-sucedida neste século precisa se preparar para empreender uma carreira global. Hoje, quase 20% da produção mundial de bens cerca de US$ 6 trilhões dos US$ 28 trilhões do GPD é produzido e consumido no mercado global. Dentro de 30 anos, estima-se que 80% da produção mundial estarão no mercado global. Se essa previsão se confirmar, o GPD mundial será de US$ 91 trilhões e, destes, US$ 73 trilhões estarão na arena global. Portanto, precisamos encarar essa realidade como ela é e não como era ou como gostaríamos de que fosse.

A grande questão para os profissionais da atualidade não é se devemos ou não perseguir uma carreira global. A resposta já foi dada. A dúvida é sobre o grau de envolvimento; sobre preparo que necessitamos para enfrentar o mercado global e sobre a competência necessária para gerenciarem a carreira no decorrer desta década.

Todos nós reconhecemos as transformações que as organizações passaram nas últimas décadas e como elas modificaram seu panorama interno. Veja a mensagem colocada no quadro de aviso de uma multinacional que sintetiza com clareza essa metamorfose:

"Nós não podemos prometer por quanto mais tempo estaremos atuando nos negócios.

Nós não podemos prometer que não seremos comprados por outra empresa.

Nós não podemos prometer que haverá espaço para novas promoções.

Nós não podemos prometer que você terá um emprego até a idade de sua aposentadoria.

Nós não podemos prometer que o dinheiro estará disponível para seu plano de pensão.

Nós não podemos prometer esperar por sua eterna lealdade e nós também não estamos certos de que necessitamos dela."

Nesse ambiente, os profissionais não podem depender do planejamento de carreira elaborado pelas organizações. Aliás muitas vezes, esse planejamento é conduzido de forma arbitraria e divorciada da natural vocação de seus colaboradores. Os profissionais serão os únicos responsáveis pelo planejamento e gestão global da sua própria carreira. O que isso significa? Você precisa criar ou reinventar sua própria vida, carreira e sucesso. Alguns podem até espernear, protestar e gritar contra esse novo mundo, mas há apenas uma mensagem a aprender: os profissionais da atualidade têm de se habituar a trabalhar por conta própria. Os mais capazes já fazem.

A carreira global exige de todos os profissionais do operário ao presidente uma mente aberta, coragem para abraçar as mudanças e comprometimento com a aquisição de novos conhecimentos dia após dia.

1. Mantenha as janelas de sua carreira sempre abertas. Essa atitude se manifesta pela falta de atenção a mudanças que passam as organizações e o mercado de trabalho. Nos últimos anos, muitos tiveram sua carreira interrompida ou sucateada porque achavam que as coisas permaneceriam para sempre como no passado. Eles não foram capazes de ver e nem de ler com clareza os sinais que se descortinavam no horizonte. Ou seja, se esqueceram de abrir as janelas para captar a nova realidade do mundo globalizado e as implicações em sua carreira.

2. Não tenha medo das mudanças. O patriarca da família Wallendas Voadores (equilibristas que atravessavam alturas assustadoras, sobre uma corda), o velho Karl, tinha 70 anos de idade, quando se projetou de 40 metros de altura para a morte. Ele tentava atravessar por um cabo a distância entre dois prédios de escritórios em Porto Rico. Posteriormente, sua mulher revelou que, antes de tentativa, o velho Karl confessou que estava com medo de não completar o percurso. Na hora de demonstrar sua comprovada perícia, ele sofreu uma queda fatal, porque ao invés de se concentrar em chegar ao outro lado, concentrou-se em como não cair. Na atual conjuntura do mercado global, há uma surpresa em cada esquina: uma nova tecnologia, processo, produto, pessoas, etc. Portanto, é imprescindível que o profissional concentre suas energias, habilidades, talentos e esforços em ganhar competitividade no mercado de trabalho.

3. Mantenha-se aberto à aquisição de novos saberes e novas competências. Winston Churchill, ex-primeiro ministro da Grã-Bretanha, dizia na década de 50 que os impérios do futuro seriam os impérios da mente - conhecimento, informação e tecnologia. Essa afirmação nunca foi tão verdadeira. A complexidade das organizações e do mercado de trabalho global exigem um comprometimento com o estudo sistêmico permanente e a disposição para o aprendizado de novas habilidades. Conseqüentemente, quem ambiciona uma carreira global de sucesso haverão de manter os livros sempre abertos e as mentes inquisitivas e criativas. Pelo estudo, temos a possibilidade de abrir nossas mentes, de superar os limites mais ou menos estreitos de nossos bairrismos, de enriquecer-nos, humanamente, por meio de conhecimentos mais apurados sobre o mundo e sobre nós mesmos. Sem aprendizado contínuo, qualquer que seja o know-how aprendido, ele ficará obsoleto em seis meses ou menos. Como dizia Catão, célebre por suas convicções no senado romano, sem aprendizado contínuo, a vida é apenas uma imagem da morte .

Na verdade, o aprender envolve, intrinsecamente, algum trauma. Requer certo esforço, dedicação e abandono de premissas caducas, conceitos envelhecidos e informações emboloradas. Por outro lado, percebe-se que permanece endêmico o medo de aprender e aprender o novo. Carl Rogers nota que, embora os humanos tenham um potencial natural para o aprendizado, eles abordam o processo com grande ambivalência. Para evitar essa dor de aprender, muitas pessoas chegam ao extremo de se iludir com abordagens suaves e superficiais de conhecimento. Nada ilustra melhor essa tendência, ou característica de superficialidade que a proliferação de gurus . Muitos deles mais superficiais do que aqueles a quem, supostamente, pretendem ensinar.

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