Carreira

Brasil a todo vapor

Há cidades em franca expansão de Norte a Sul do país. Nelas, as empresas estão recrutando profissionais e já existe uma disputa interna por talentos

Cidades brasileiras (Tato Araújo/EXAME.com)

Cidades brasileiras (Tato Araújo/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - As oportunidades de emprego e carreira nunca estiveram tão pulverizadas. Em todas as regiões do Brasil há cidades em franca expansão. Nelas, as empresas estão criando novas vagas, recrutando gente e atraindo profissionais de outras partes do país. A guerra por talentos nunca foi tão intensa por aqui.

Quer um exemplo? No mês passado, a engenheira de software Anna Maria Souza, de 30 anos, foi de Manaus para São Paulo para contratar uma consultoria de recrutamento e seleção para levar jovens profissionais de engenharia e tecnologia da capital paulista para a metrópole do Norte.

“Estamos recusando projetos por falta de gente”, diz ela. Anna trabalha para a Fucapi, instituição de ensino e pesquisa que emprega 1 500 profissionais e desenvolve projetos para companhias públicas e privadas. A Microsoft, a IBM e o Google, multinacionais cujas sedes no Brasil ficam na capital paulista, concorrem pela mesma mão de obra que a Fucapi quer contratar. “Os salários já não são tão diferentes dos pagos em São Paulo”, diz Anna.

De fato, os especialistas em remuneração  afirmam que a diferença salarial entre os estados está caindo justamente pela disputa de talentos. “As companhias estão buscando os melhores profissionais para suportar as necessidades de crescimento dos negócios”, diz Ana Paula Henriques, consultora de capital humano e especialista em remuneração da consultoria Mercer, de São Paulo. 

Hoje, para o mesmo cargo em qualquer lugar do Brasil, a diferença entre o maior e o menor salário dificilmente ultrapassa 30%. Há exceções? Sim, para os profissionais  de alta especialização, com habilidades muito específicas. Quem sai ganhando nesse processo é você, que tem mais oportunidades de decidir onde desenvolver sua carreira.

A nona edição da pesquisa As Melhores Cidades para Fazer Carreira revela quais são os principais polos de crescimento e os setores mais quentes em cada região. O levantamento exclusivo, publicado pela VOCÊ S/A, é coordenado pelo professor Moisés Balassiano, da Fucape, escola de negócios com sede em Vitória, no Espírito Santo. Para compor o ranking de 100 cidades são considerados três indicadores: vigor econômico, oferta de cursos de graduação e pós-graduação e oferta de serviços de saúde.

O que explica o bom momento pelo qual o país vem passando? A explosão do consumo, as obras do pré-sal ao longo da costa litorânea e, em menor escala, os preparativos para a Copa de 2014 vêm ditando o ritmo do crescimento em cada região.


Uma das tendências para os próximos anos, de acordo com o professor Moisés, é a maior concentração urbana nas cidades do litoral, em decorrência dos recursos financeiros que estão chegando por causa do pré-sal. “Mais gente será atraída para a costa em busca dos empregos gerados pela exploração do petróleo”, diz Moisés. 

As capitais do Sudeste mantêm as melhores posições no ranking de 2010, com São Paulo em 1o lugar entre as melhores cidades para fazer carreira; Rio de Janeiro em 2º; Vitória em 4º; e Belo Horizonte em 6º.

“O círculo econômico funciona muito bem nessa região. População empregada, com mais dinheiro, consome o que é produzido lá. E, por isso, a região foi desenvolvendo uma ótima infraestrutura portuária, viária e aeroportuária, condições que atraem um número maior de organizações”, diz Thomaz Assumpção, especialista em análise de mercados e cidades  e diretor da Urban Systems. É também nessa região que se concentra o maior número de instituições de ensino — outro fator que diferencia os municípios do Sudeste.

Sul exportador

Dentre as 26 cidades da região Sul que estão entre as 100 melhores do ranking, as mais bem classificadas são Porto Alegre (5a), Curitiba (9a), Florianópolis (15a), Itajaí (22a) e Londrina (30a). Tanto Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, quanto Curitiba, no Paraná, assistiram à retomada do nível de produção das empresas que fazem parte da região metropolitana dessas capitais.

Em ambas as cidades, os engenheiros de todas as áreas, os químicos, técnicos e profissionais de tecnologia têm maior empregabilidade. Em Santa Catarina, Itajaí vem brilhando nos últimos anos. Lá, o porto de Navegantes é responsável pela maior parte das exportações da Região Sul.

É o segundo colocado no ranking nacional de movimentação de contêineres. Há empregos para engenheiros, administradores de empresas, técnicos industriais e profissionais de comércio internacional. 

Nordeste em ebulição 

Nessa região, o destaque é Recife, que aparece na 11a posição do ranking geral. O boom do consumo, principalmente nas classes C e D, tem injetado dinheiro na economia local, o que impulsiona a expansão dos negócios da região bem como a abertura de novos empreendimentos. Um exemplo é o Banco Gerador, fundado há pouco mais de um ano por três empresários pernambucanos.


O banco tem como foco de atuação o cliente de baixa renda e as empresas que faturam até 10 milhões de reais por ano. Para tocar a operação, os controladores recrutaram o jovem Paulo Dalla Nora, pernambucano de 35 anos, que até maio de 2009 trabalhava no Lloyds Bank, em Londres.

“Não pensei duas vezes para aceitar a proposta. O Nordeste está em plena ebulição”, diz ele, que teve de recrutar 30% da equipe de 55 funcionários em São Paulo. Salvador (16a no ranking geral), Fortaleza (20a) e São Luís (48a) passam por um forte processo de expansão imobiliária, com espigões sendo erguidos por todos os lados. Os engenheiros estão altamente valorizados por lá.    

Os polos do Norte

Na imensidão da Região Norte, apenas as capitais Manaus (23a), Belém (35a), Palmas (76a) e Porto Velho (86a) despontam como vitrines regionais. Em Manaus, diversas companhias do distrito industrial, área onde estão localizadas as multinacionais e grandes empresas regionais, voltaram a contratar depois de uma freada nas admissões em 2009.

Os setores de tecnologia, bens de consumo e eletroeletrônicos são os que mais demandam profissionais. Belém, capital do Pará, quer explorar seu lado turístico e está promovendo obras de infraestrutura e atraindo investimentos hoteleiros. Há cerca de 22 novos empreendimentos na cidade.

Porto Velho, capital de Rondônia, é um canteiro de obras. Em 2009, oito em cada dez novos empregos foram criados na construção civil. “A cidade tem grande demanda na área de habitação”, diz Maria Emília da Silva, chefe de gabinete da Secretaria de Estado do Desenvolvimento.

Oeste high-tech

Os setores que mais impulsionam a economia do Centro-Oeste são construção civil, tecnologia e indústria farmacêutica. Em março deste ano, a região metropolitana de Brasília registrou o maior rendimento médio real dos assalariados entre as seis regiões metropolitanas pesquisas (Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo), de 2 076 reais.

Em Goiânia (18ª) a expansão dos condomínios horizontais e o aumento das linhas de crédito e financiamentos para a casa própria têm aquecido o setor da construção, criando vagas para engenheiros e arquitetos. “Na área de serviços, as contratações vêm de empresas de contabilidade, transporte e limpeza”, diz Claudio de Oliveira, economista e pesquisador do trabalho, de Goiânia. 

A seguir, você confere um raio X de cada região e fica sabendo quais são os setores mais quentes e os profissionais mais procurados neste momento.

Acompanhe tudo sobre:Edição 145[]

Mais de Carreira

Ele começou lavando pratos numa lanchonete – hoje tem fortuna de US$ 70 bilhões

7 habilidades que um currículo de sucesso deve ter em 2025

7 profissões para quem gosta de moda sustentável

Como responder 'Como você lida com a crítica construtiva?' na entrevista de emprego