Emilly Raiane Rodrigues: "Não adianta a universidade ser um mundo à parte" (Germano Lüders/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 10h30.
Quando um satélite europeu começou a reiniciar sozinho no espaço, a missão quase perdeu o controle. O problema? Toda vez que o sistema travava, o satélite perdia o relógio interno e ficava até 12 horas inativo, um apagão para quem está a centenas de quilômetros da Terra.
A solução veio das mãos de uma brasileira de 24 anos: Emilly Raiane Rodrigues, estudante de engenharia aeroespacial da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que fazia um estágio de dez meses na agência espacial francesa CNES.
Com um novo sistema de recuperação, ela reduziu o tempo de resposta para 10 minutos.
A façanha técnica é apenas um capítulo da trajetória que fez dela uma das seis vencedoras do Prêmio Protagonismo Universitário 2025, na categoria Região Sul.
Nascida em Jaru (RO) e criada na periferia de Curitiba (PR), Emilly passou por escolas públicas com estrutura precária e usou a universidade como trampolim para estudar fora e viajou para a França com uma bolsa do programa Brafitec, onde passou dois anos.
De volta ao Brasil, Emilly quer que mais jovens possam trilhar caminhos parecidos. Por isso, desde 2022, se dedica à Escola Piloto de Engenharia Aeroespacial, projeto fundado com colegas da UFSM.
A ideia é simples e poderosa: levar oficinas práticas de ciência e tecnologia a estudantes da rede pública. Com minifoguetes, experimentos de baixo custo e uma linguagem acessível, o projeto já alcançou quase 3.000 alunos em escolas do Sul do país.
"Não adianta a universidade ser um mundo à parte. Se a gente quer mudar alguma coisa, tem de começar pela base", afirma.
Para Emilly, não basta subir, é preciso abrir caminho.
No radar estão o mestrado, alguns anos na indústria espacial e, no futuro, o próprio negócio.
Ela acredita no potencial do Brasil como potência do setor: “Nós temos uma localização estratégica, mão de obra qualificada, um mercado global bilionário. Só falta investimento e gente que saiba traduzir isso fora da bolha”.