Hugo Santos Maia: “Sou inconformado por natureza. Se vejo um problema, não consigo deixar quieto" (Germano Lüders/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 10h30.
Antes mesmo de saber o resultado, Hugo Santos Maia já tinha feito uma promessa: se fosse um dos vencedores do Prêmio Protagonismo Universitário 2025, caminharia 70 quilômetros, de Castanhal até Belém, como agradecimento à Nossa Senhora de Nazaré. “Agora, com o prêmio e a viagem para a China garantida, vou ter de cumprir”, diz.
Aos 23 anos, Hugo é aluno de engenharia de energia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e um dos seis universitários premiados entre mais de 8 mil inscritos no programa promovido pelo Na Prática.
Em vez de esperar por uma solução de cima, Hugo resolveu agir. Montou um pequeno time interno, reaproveitou um celular antigo da equipe e criou um sistema de digitalização com QR Code para rastrear produtos em tempo real.
Resultado: queda de 50% nas divergências de inventário e redução de 60% no tempo de devoluções, tudo sem nenhum custo adicional para a empresa.A inovação chamou atenção não só pela eficiência, mas pela simplicidade. O sistema criou uma ponte entre a operação e a gestão, melhorando o fluxo de comunicação e a produtividade de toda a equipe.
“Era um problema básico, mas que ninguém parava para resolver. Eu gosto de ir lá, ver o que está acontecendo, entender o problema de verdade.”
Mas a trajetória de Hugo começa muito antes da Suzano.
Nascido em Castanhal, cidade do interior do Pará, ele frequentou, por anos, aulas de música em um projeto social.
O talento o levou a conquistar uma bolsa de estudos no Sesc de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, onde concluiu o ensino médio em um regime de internato. “Foi lá que aprendi disciplina e autonomia. Saí de casa cedo e vi o quanto o país é desigual.”
De volta ao Pará, ingressou na UFPA e decidiu criar, com outros colegas, o Centro Acadêmico de Engenharia de Energia da Região Norte, que hoje articula eventos, debates e apoio a estudantes do curso.
Em paralelo, começou a se envolver com pesquisa e escreveu um artigo científico sobre hidrogênio verde obtido pela hidrólise da água salgada, tema que pode ter impacto direto na transição energética da Amazônia.
Além da formação técnica, Hugo também atua como educador voluntário. No projeto Formare, da Suzano, dá aulas de matemática e introdução à indústria para jovens de baixa renda.
Na UFPA, é conhecido por ajudar calouros e veteranos a decifrar as complexidades da burocracia universitária. “Sou inconformado por natureza. Se vejo um problema, não consigo deixar quieto. Quero resolver.”