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Afinal, o inglês é mais fácil ou mais difícil que o português?

Professora compara a língua oficial do Brasil com o idioma de Shakespeare para revelar qual das duas é mais complicada de aprender

Inglês no dicionário (aga7ta/Thinkstock)

Inglês no dicionário (aga7ta/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2017 às 12h45.

Última atualização em 3 de maio de 2017 às 12h45.

Cada língua tem suas peculiaridades, algumas de mais fácil assimilação que outras.  Muitas pessoas dizem que o inglês é muito difícil, mas se esquecem do tempo que levaram para aprender a escrever e falar português, com a prática constante e inúmeros estímulos externos.

No geral, o português tem uma pronúncia com menos variações e exceções do que o inglês. No entanto, o inglês tem uma estruturação gramatical bem mais simples, e é isso que faz com que ele seja uma língua mais fácil de aprender. O que não quer dizer que, para os brasileiros, seja tão fácil quanto aprender o espanhol.

Quando comparado ao português, o inglês tem as seguintes características gramaticais:

1. Verbos

As conjugações dos verbos são muito mais simples. Com exceção da terceira pessoa do singular no tempo presente (he, she it), não há variação de acordo com a pessoa, como no português. O tempo, em inglês, é determinado por verbos auxiliares, isto é, o verbo principal não sofre alteração.

Os alunos acham os verbos difíceis, mas é apenas uma questão de treino e automação, pois o conceito de conjugação em inglês é diferente do português. O cérebro precisa criar novos parâmetros e padrões de comunicação, depois que as estruturas são automatizadas, o aluno percebe como é muito mais fácil que o português. O brasileiro adulto esquece o quanto teve de estudar para assimilar, na língua materna, a conjugação dos verbos nas terminações AR, ER, IR e OR, e os vários verbos irregulares, nos 3 modos: indicativo, subjuntivo e imperativo. Em inglês, há menos tempos verbais.

Quer saber mais sobre o assunto? Leia também:

3 dicas para nunca mais errar tempos verbais em inglês

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 2. Gênero

Em inglês, não existe variação de gênero (masculino ou feminino) para os substantivos, adjetivos, artigo definido (the) e indefinidos (a / an), apenas com algumas exceções.

Já em português, todo substantivo tem um gênero específico. Em português, é necessário saber o gênero de cada substantivo. A maioria dos masculinos termina em –o  e dos femininos em –a. No entanto, há várias exceções, como as palavras “problema”, “tema”, “mão” e várias outras. Além daquelas palavras que não terminam em “o” e “a”.

Em português, o gênero dos adjetivos tem de concordar com o do substantivo (empresa brasileira, trabalho desafiador etc). Substantivos em inglês não têm gênero e os adjetivos nunca mudam de forma, mesmo no plural (awesome trip, awesome countries, awesome movie).

 3. Ortografia

Em inglês não há acentos. Consequentemente também não há crase, algo que 9 em cada 10 brasileiros têm dificuldade de usar corretamente. Também não aparece cedilha. A exceção fica por conta das palavras de origem francesa. Alguns exemplos:

Risqué (indecente, picante, malicioso) Café (restaurante) Fiancé (noivo)

Fiancée (noiva) Déjá vu (sensação de já ter visto ou experimentado algo que, de fato, está acontecendo pela primeira vez) Résumé (curriculum vitae)

A ausência de acentos facilita a ortografia, mas dificulta na pronúncia.

4. Aumentativo e diminutivo

Não existe aumentativo e diminutivo para a grande maioria dos substantivos, como em português. O inglês usa palavras extras para dar a ideia. Na língua nativa dos brasileiros, os adjetivos  sofrem alteração e ainda há exceções. Exemplos:

Casarão          casa grande                big house

Carrinho         carro pequeno                       small car

5. Superlativo

O superlativo dos adjetivos em português tem mais variações e exceções, como os superlativos absolutos sintéticos:

Fácil                facílimo

Elegante         elegantérrimo

pobre              paupérrimo

Em inglês, temos apenas o superlativo analíticos, de inferioridade e superioridade, como também os temos em português. Exemplos:

The most difficult problem (O problema mais difícil)

The easiest test (O teste mais fácil)

The least expected result (O resultado menos esperado)

 6. Frases

O inglês é bem mais objetivo que o português. Para falar ou escrever bem em inglês, a melhor escolha são sempre as frases simples, As formulações mais complexas e detalhadas muitas vezes caracterizam a nossa língua. Isso tem um pouco a ver com a história e cultura do nosso país. Somos mais solícitos, expansivos e queremos agradar mais.

 7. Hífen

Na nossa língua, o uso do hífen ficou ainda mais difícil depois da reforma ortográfica. A lista é imensa e ainda unimos o que antes era separado por hífen. Em inglês, há os seguintes casos:

Números compostos

twenty-five,  fifty-four, eighty-seven

Prefixos ex-, self-, ou all-

ex-wife (ex-mulher), self-centered (autocentrado), all-inclusive (tudo incluso/ incluído)

Dois ou mais adjetivos que vêm antes de um substantivo expressando uma só ideia

first-class (primeira classe) , well-respected (bem respeitado), well-being (bem-estar)

Características de um substantivo funcionando como adjetivo

four-bedroom house (casa de quatro quartos)

five-year-old son (filho de cinco anos de idade) 

Expressões com um só conceito ou ideia

merry-go-round (roda-gigante) mother-in-law (sogra) up-to-date (atualizado)

 

* Lígia Velozo Crispino é fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas. É coautora do Guia Corporativo Política de Treinamento para RHs e autora do livro de poemas "Fora da Linha".

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