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Brasileiros esnobam boas oportunidades nos países da AL

Ao desprezar os irmãos sul-americanos, perdemos oportunidades de desenvolver executivos com uma mentalidade global


	As oportunidades precisam ser avaliadas sem preconceitos nem estereótipos.
 (Getty Images)

As oportunidades precisam ser avaliadas sem preconceitos nem estereótipos. (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2013 às 15h26.

São Paulo - Em 1494, os reis de Portugal e Espanha decidiram pôr fim às batalhas navais e às disputas pelas terras descobertas e por descobrir ao sul do Equador e assinaram o Tratado de Tordesilhas, pelo qual todas as terras a 1 770 quilômetros das ilhas do Cabo Verde seriam de propriedade portuguesa e, a partir desse limite, em direção ao oeste, as terras pertenceriam à Espanha.

O tal do meridiano dividiu invisivelmente a América em duas partes — o que, infelizmente, prevalece até hoje. Um jovem brasileiro que recebe um convite para trabalhar no Peru ou na Colômbia considera a proposta um castigo. Um azar. 

Com essa herança maldita de Tordesilhas, perde-se a oportunidade de desenvolver executivos com uma mentalidade global. Com a Europa em crise e os Estados Unidos em tímida recuperação, as melhores opções para construir uma carreira internacional estão em países da América do Sul.

O último relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), órgão das Nações Unidas, aponta que o produto interno bruto do Peru em 2013 crescerá 6%, o do Chile, 5%, o da Colômbia, 4,5%, e o do México, 3,5%. Por trás dessas previsões positivas, encontraremos uma rica troca comercial entre as empresas desses países e as brasileiras.

O cenário representa uma oportunidade para executivos brasileiros que buscam dar o primeiro passo para desenvolver uma mentalidade global. O aprendizado de trabalhar falando outra língua, vivendo em uma nova cultura, com hábitos e costumes diferentes, é indispensável para adquirir visão internacional. 

Lamentavelmente, por anos olhamos nossos hermanos com prepotência, em razão do tamanho do Brasil, da economia fechada, das diferenças culturais e de uma crença de que ser global é trabalhar na Europa ou nos Estados Unidos.

Vários desses países se modernizaram, reforçaram suas instituições, e oferecem hoje qualidade de vida, educação de nível para crianças e uma segurança pessoal que nada fica a dever à nossa. Quem pretende trilhar carreira internacional não pode se iludir por causa da maldição de Tordesilhas.

As oportunidades precisam ser avaliadas sem preconceitos nem estereótipos. Não se deixe levar pela ideia de que o ambiente organizacional que o espera nas empresas de língua espanhola é como o de um jogo da Taça Libertadores da América. O futebol é uma paixão desenfreada em todo o continente. Os negócios amadureceram e evoluíram.

Luiz Carlos Cabrera escreve sobre carreira. É professor da EAESP-FGV, diretor da AMROP Panelli e Motta Cabrera e membro do Advisory Board da AMROP International

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