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Você está a fim de trabalhar com agronegócio? Agora é a hora

As empresas de agronegócio voltaram a registrar resultados financeiros tão bons quanto os de 2006 e 2007, ótimos anos para o setor. Há mais investimentos, oportunidades de emprego e bons salários. Está a fim?

Agricultura em Goiás da Monsanto: quase 37% dos empregos do país estão no agronegócio (EXAME)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 19h44.

São Paulo - Alimentar-se é indispensável para a sobrevivência humana, e é dessa necessidade que vive o setor que mais cresce no Brasil nos últimos anos. O agronegócio, que inclui também os produtores de biocombustível, é responsável por cerca de 27% do produto interno bruto ( PIB ), que representa toda a riqueza gerada pelo país em um ano, e por 37,9% das exportações brasileiras em 2010.

Quase 37% dos empregos do país estão no agronegócio. Entre os emergentes — Brasil, Rússia, Índia e China ( Bric ) —, o Brasil é o que tem maior potencial agroeconômico.

Não por acaso, seis das dez maiores empresas do setor no mundo atuam no país, segundo analistas da Accenture, empresa global de consultoria, tecnologia e outsourcing, que escolheu recentemente o Brasil como o seu centro mundial de desenvolvimento de soluções para a indústria de agronegócios.

A escolha está relacionada à participação brasileira no mercado mundial, que quase duplicou nos últimos oito anos, com 7% do total de toda produção disponível. De acordo com pesquisa da Accenture, realizada em parceria com a revista britânica The Economist , o Brasil está numa posição única para liderar o setor agrícola mundial no médio e longo prazo.

Segundo Lars Schobinger, presidente do instituto de pesquisas Kleffmann, com escritório em Campinas, em São Paulo, o agronegócio cresceu acima dos demais setores da economia nos últimos dez anos e a previsão é que cresça outros 40 % nos próximos dez anos.

"O Brasil é um dos poucos países em condições de expansão quantitativa de produção. Mesmo as grandes conquistas têm sido qualitativas, o que traz um ganho mais significativo em termos de remuneração. Ganho qualitativo significa melhor desempenho e mais renda, que se refletem em salários."

Por esse motivo, as companhias de agronegócio, que antes tinham dificuldade em atrair gente de outros setores por achá-las conservadoras, sem oportunidades de crescimento e afastadas dos centros de negócios, profissionalizaram-se e estão revertendo esse quadro.


"Senti essa mudança de comportamento em relação ao agro nos últimos quatro anos, com um interesse muito grande de pessoas de outros setores, gente da indústria, da logística e do mercado financeiro, que passaram a ver o agro como oportunidade e possibilidade de crescimento pela consolidação que esse mercado vem apresentando", diz Silvia Sigaud, sócia e responsável pela área de agronegócios para América Latina da Korn/Ferry, uma das maiores recrutadoras de executivos do mundo.

Nos últimos dois anos, Silvia registrou um aumento de 30% de empresas estrangeiras interessadas em entender como montar uma operação no país. "A gente teve um crescimento de 30% a 40% de projetos de agro para posições mais seniores, diretores de unidades de negócios e presidentes de empresa. Também tivemos uma busca interessante de posições para áreas financeiras", conta.

E avisa: "Uma área que vai começar a demandar é o setor de RH, porque as organizações estão ficando grandes e precisam atrair e desenvolver outros profissionais".

O interesse de companhias estrangeiras em vir para o Brasil também foi percebido pela consultoria de recrutamento Hays, que registrou em 2010 um aumento 103%, em relação a 2009, de consultas para startups de companhias internacionais da área de agroenergia e de tecnologia agrícola, que tem no Brasil nomes como Monsanto, Syngenta, Basf, Bayer, Dupont, AGCO, John Deere, Pfizer e Dow.

O aumento do número de vagas para esse setor no país foi de 72% em 2010. A estimativa para 2011 é que seja pelo menos 30% superior. Na Robert Half, o agronegócio respondeu por cerca 30% de todas as vagas de média e alta gerência trabalhadas por essa consultoria no quarto trimestre de 2010.

Esses números são indicadores de uma demanda de mão de obra qualificada que cresceu 20% nos últimos seis anos, que preocupa José Carlos Peluso, diretor da consultoria Alvarez & Marsal. "Estão chegando indianos e chineses para trabalhar nesse mercado porque não temos gente suficiente para suprir o crescimento", diz José Carlos.


"A tendência é faltar profissionais para desenvolvimento de culturas rotativas [plantar milho na intersafra da soja, por exemplo] em 2012." Segundo José Carlos, de cada três vagas oferecidas só um candidato possui as qualificações exigidas.

cadeia do agronegócio começa antes mesmo da fazenda, que é ape­nas uma parte dessa engrenagem que movimentou 71 bilhões de dólares no ano passado apenas em exportação.

Somente 30% da mão de obra está dentro da porteira, como é chamado tudo que está relacionado à produção direta do alimento, enquanto 70% das pessoas necessárias para fazer o agronegócio rodar estão fora da porteira. Estamos falando das indústrias de fertilizantes, sementes, defensivos, maquinário, logística, processamento e comercialização.

Salários

Diante dessa disputa por profissionais, os RHs das companhias do setor estão dispostos a pagar mais para reter os melhores profissionais. Dados das consultorias de remuneração mostram que o salário médio pago pelo setor nos últimos dois anos ficou 25% acima da inflação.

A remuneração de um profissional de vendas, por exemplo, pode chegar a uma média de 16.000 reais para coordenadores de vendas. Essa figura é tão importante que a Syngenta possui desde 2008 a Academia de Vendas, cujo objetivo é capacitar e desenvolver o vendedor.

"Além dos salários, dos benefícios, da qualidade de vida, da liderança e dos desafios de estar em uma área que se tornou referência de desenvolvimento e oportunidades, esse é um setor que tem uma demanda muito forte por gente com conhecimento de meio ambiente e biotecnologia", diz Junior Crossara, gerente de projetos de distribuição da Syngenta.

A necessidade de profissionais que trabalham com novas tecnologias, não só no campo mas também na indústria de processamento, de vendas e marketing é alta, diz Juliano Ballarotti, gerente da área de engenharia da Hays. Por ser um mercado de atuação global, muitas organizações têm dado preferência a quem tem inglês fluente.


"Um engenheiro agrônomo com fluência em inglês, com bom conhecimento técnico e com perfil de negócio é um profissional que vale ouro", afirma Juliano.

A última pesquisa salarial da Catho Online, que confirmou valorização de 39% na remuneração de cargos no agronegócio em 2010, enquanto o salário médio do profissional que não fala inglês era de 2.962 reais, a média de quem tinha fluência no idioma era de 5 167 reais.

Segundo essa mesma pesquisa, a área de processamento agrícola paga, em média, quatro vezes mais para profissionais com cursos de MBA em relação aos funcionários que não têm a pós em administração. A importância do agro é tanta que a consultoria de RH suíça Adecco irá profissionalizar sua atividade com a abertura de uma unidade com soluções exclusivas paras as necessidades do setor, segundo Francisco Ribeiro, diretor comercial.

"Nossas vagas para o agro cresceram 58% e a tendência é de que em pouco tempo esse valor seja ultrapassado, visto que as previsões de crescimento, calcula-se, serão recorde em 2011."

Na Michael Page, consultoria de recrutamento, a expectativa para este ano é conduzir o dobro de posições para média e alta gerência. "Desde que abrimos o escritório em Campinas temos crescido 30% ao ano nesse segmento", diz Daniel Cunha, gerente da unidade Campinas.

"Também recrutamos dez administradores de fazenda com salários de até 20.000 reais." A Basf é uma das empresas que têm reforçado o time. O Brasil foi em 2010 o maior consumidor de defensivos agrícolas da companhia mesmo usando duas vezes menos produtos do que os americanos e três vezes menos do que os franceses.

"Ainda temos muito a crescer", diz Eduardo Leduz, vice-presidente de proteção de cultivos para a América Latina. Outros executivos do setor têm a mesma opinião. Então, vale ou não fazer carreira no agronegócio?

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São Paulo - Alimentar-se é indispensável para a sobrevivência humana, e é dessa necessidade que vive o setor que mais cresce no Brasil nos últimos anos. O agronegócio, que inclui também os produtores de biocombustível, é responsável por cerca de 27% do produto interno bruto ( PIB ), que representa toda a riqueza gerada pelo país em um ano, e por 37,9% das exportações brasileiras em 2010.

Quase 37% dos empregos do país estão no agronegócio. Entre os emergentes — Brasil, Rússia, Índia e China ( Bric ) —, o Brasil é o que tem maior potencial agroeconômico.

Não por acaso, seis das dez maiores empresas do setor no mundo atuam no país, segundo analistas da Accenture, empresa global de consultoria, tecnologia e outsourcing, que escolheu recentemente o Brasil como o seu centro mundial de desenvolvimento de soluções para a indústria de agronegócios.

A escolha está relacionada à participação brasileira no mercado mundial, que quase duplicou nos últimos oito anos, com 7% do total de toda produção disponível. De acordo com pesquisa da Accenture, realizada em parceria com a revista britânica The Economist , o Brasil está numa posição única para liderar o setor agrícola mundial no médio e longo prazo.

Segundo Lars Schobinger, presidente do instituto de pesquisas Kleffmann, com escritório em Campinas, em São Paulo, o agronegócio cresceu acima dos demais setores da economia nos últimos dez anos e a previsão é que cresça outros 40 % nos próximos dez anos.

"O Brasil é um dos poucos países em condições de expansão quantitativa de produção. Mesmo as grandes conquistas têm sido qualitativas, o que traz um ganho mais significativo em termos de remuneração. Ganho qualitativo significa melhor desempenho e mais renda, que se refletem em salários."

Por esse motivo, as companhias de agronegócio, que antes tinham dificuldade em atrair gente de outros setores por achá-las conservadoras, sem oportunidades de crescimento e afastadas dos centros de negócios, profissionalizaram-se e estão revertendo esse quadro.


"Senti essa mudança de comportamento em relação ao agro nos últimos quatro anos, com um interesse muito grande de pessoas de outros setores, gente da indústria, da logística e do mercado financeiro, que passaram a ver o agro como oportunidade e possibilidade de crescimento pela consolidação que esse mercado vem apresentando", diz Silvia Sigaud, sócia e responsável pela área de agronegócios para América Latina da Korn/Ferry, uma das maiores recrutadoras de executivos do mundo.

Nos últimos dois anos, Silvia registrou um aumento de 30% de empresas estrangeiras interessadas em entender como montar uma operação no país. "A gente teve um crescimento de 30% a 40% de projetos de agro para posições mais seniores, diretores de unidades de negócios e presidentes de empresa. Também tivemos uma busca interessante de posições para áreas financeiras", conta.

E avisa: "Uma área que vai começar a demandar é o setor de RH, porque as organizações estão ficando grandes e precisam atrair e desenvolver outros profissionais".

O interesse de companhias estrangeiras em vir para o Brasil também foi percebido pela consultoria de recrutamento Hays, que registrou em 2010 um aumento 103%, em relação a 2009, de consultas para startups de companhias internacionais da área de agroenergia e de tecnologia agrícola, que tem no Brasil nomes como Monsanto, Syngenta, Basf, Bayer, Dupont, AGCO, John Deere, Pfizer e Dow.

O aumento do número de vagas para esse setor no país foi de 72% em 2010. A estimativa para 2011 é que seja pelo menos 30% superior. Na Robert Half, o agronegócio respondeu por cerca 30% de todas as vagas de média e alta gerência trabalhadas por essa consultoria no quarto trimestre de 2010.

Esses números são indicadores de uma demanda de mão de obra qualificada que cresceu 20% nos últimos seis anos, que preocupa José Carlos Peluso, diretor da consultoria Alvarez & Marsal. "Estão chegando indianos e chineses para trabalhar nesse mercado porque não temos gente suficiente para suprir o crescimento", diz José Carlos.


"A tendência é faltar profissionais para desenvolvimento de culturas rotativas [plantar milho na intersafra da soja, por exemplo] em 2012." Segundo José Carlos, de cada três vagas oferecidas só um candidato possui as qualificações exigidas.

cadeia do agronegócio começa antes mesmo da fazenda, que é ape­nas uma parte dessa engrenagem que movimentou 71 bilhões de dólares no ano passado apenas em exportação.

Somente 30% da mão de obra está dentro da porteira, como é chamado tudo que está relacionado à produção direta do alimento, enquanto 70% das pessoas necessárias para fazer o agronegócio rodar estão fora da porteira. Estamos falando das indústrias de fertilizantes, sementes, defensivos, maquinário, logística, processamento e comercialização.

Salários

Diante dessa disputa por profissionais, os RHs das companhias do setor estão dispostos a pagar mais para reter os melhores profissionais. Dados das consultorias de remuneração mostram que o salário médio pago pelo setor nos últimos dois anos ficou 25% acima da inflação.

A remuneração de um profissional de vendas, por exemplo, pode chegar a uma média de 16.000 reais para coordenadores de vendas. Essa figura é tão importante que a Syngenta possui desde 2008 a Academia de Vendas, cujo objetivo é capacitar e desenvolver o vendedor.

"Além dos salários, dos benefícios, da qualidade de vida, da liderança e dos desafios de estar em uma área que se tornou referência de desenvolvimento e oportunidades, esse é um setor que tem uma demanda muito forte por gente com conhecimento de meio ambiente e biotecnologia", diz Junior Crossara, gerente de projetos de distribuição da Syngenta.

A necessidade de profissionais que trabalham com novas tecnologias, não só no campo mas também na indústria de processamento, de vendas e marketing é alta, diz Juliano Ballarotti, gerente da área de engenharia da Hays. Por ser um mercado de atuação global, muitas organizações têm dado preferência a quem tem inglês fluente.


"Um engenheiro agrônomo com fluência em inglês, com bom conhecimento técnico e com perfil de negócio é um profissional que vale ouro", afirma Juliano.

A última pesquisa salarial da Catho Online, que confirmou valorização de 39% na remuneração de cargos no agronegócio em 2010, enquanto o salário médio do profissional que não fala inglês era de 2.962 reais, a média de quem tinha fluência no idioma era de 5 167 reais.

Segundo essa mesma pesquisa, a área de processamento agrícola paga, em média, quatro vezes mais para profissionais com cursos de MBA em relação aos funcionários que não têm a pós em administração. A importância do agro é tanta que a consultoria de RH suíça Adecco irá profissionalizar sua atividade com a abertura de uma unidade com soluções exclusivas paras as necessidades do setor, segundo Francisco Ribeiro, diretor comercial.

"Nossas vagas para o agro cresceram 58% e a tendência é de que em pouco tempo esse valor seja ultrapassado, visto que as previsões de crescimento, calcula-se, serão recorde em 2011."

Na Michael Page, consultoria de recrutamento, a expectativa para este ano é conduzir o dobro de posições para média e alta gerência. "Desde que abrimos o escritório em Campinas temos crescido 30% ao ano nesse segmento", diz Daniel Cunha, gerente da unidade Campinas.

"Também recrutamos dez administradores de fazenda com salários de até 20.000 reais." A Basf é uma das empresas que têm reforçado o time. O Brasil foi em 2010 o maior consumidor de defensivos agrícolas da companhia mesmo usando duas vezes menos produtos do que os americanos e três vezes menos do que os franceses.

"Ainda temos muito a crescer", diz Eduardo Leduz, vice-presidente de proteção de cultivos para a América Latina. Outros executivos do setor têm a mesma opinião. Então, vale ou não fazer carreira no agronegócio?

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