9 dicas para "se dar bem" no Vale do Silício
De ir aos eventos certos a ter tempo livre para o acaso: Bel Pesce conta como, aos 24 anos, conseguiu espaço na região que deu à luz para empresas como Google e Facebook
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2013 às 11h08.
São Paulo – A paulistana Isabel Pesce mal chegou à casa dos 24 anos e já coleciona uma experiência profissional de deixar muito CEO por aí de queixo caído: quatro diplomas de graduação pelo MIT, um mestrado ainda não concluído no Google e o cargo de sócia-fundadora de uma startup no Vale do Silício, a Lemon, cujo aplicativo de estreia conquistou mais de 1 milhão de usuários em seus quatro primeiros meses.
Ela faz parte de uma turma de jovens brasileiros que aprenderam a conquistar seu espaço na região mais promissora dos Estados Unidos, o Vale do Silício, que abriga empresas badaladas como Google, Facebook e Apple. O brasileiro Mark Krieger, um dos fundadores do Instagram que acaba de ser vendido para o Facebook , é um deles. E, segundo a jovem, ter a “condição” brasileiro na certidão nascimento é uma vantagem na terra que viu florescer gente como Mark Zuckerberg e Steve Jobs.
Com uma porção de ideias e experiências na cabeça, Bel (como prefere ser chamada) se prepara para lançar, em maio, um livro com o que aprendeu nos últimos anos no MIT e no Vale do Silício. Em entrevista a EXAME.com, ela contou os bastidores de como fazer sua carreira decolar no Vale do Silício:
1Encare não como sim
“A gente tem que ter a chance de transformar qualquer não em sim”, afirma Isabel. Aos 17 anos, ela levou isso a sério enquanto pleiteava uma vaga na graduação do Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Eu soube o que era o MIT faltando dez dias para acabar o prazo do processo de seleção”, conta.
Na prática, isso significa que ela já tinha perdido o prazo para cadastro na prova de seleção e entrevista com ex-aluno da instituição. Mas ela não se deu por vencida. Encontrou o endereço da pessoa responsável por essa fase do processo e fez a entrevista sem agendar previamente.
“Eu disse aqui está a minha vida e meu coração. Não sei se foi uma combinação de dó e simpatia, ele aceitou me entrevistar”, diz. E gostou do que ouviu.
Restava fazer a prova. Mas, para isso, tinha que cruzar os dedos para que alguém faltasse no dia do exame – o MIT só envia para outros países o número exato de provas com relação ao número de inscritos. Ela, então, fez plantão na escola aplicadora da prova e, com a ausência de um dos candidatos, conseguiu fazer o teste.
Dois meses depois, recebeu a notícia de que fora aprovada. “Muitas pessoas vão falar que seu projeto não vai dar certo. Mas você precisa estar com a consciência limpa de que tentou ao máximo transformar este não em sim”, diz.
2Não peça permissão, peça perdão
Proatividade é palavra de ordem dentro das companhias do Vale do Silício. “Você não precisa parar naquilo que mandaram você fazer”, diz a empreendedora. O lema “não peça permissão, peça perdão” corrente nos corredores do Google, segundo Bel, também pode ser aplicado para todo o contexto do Vale do Silício.
Em outras palavras, nas empresas da região mais inovadora do mundo, a ordem é sempre ir além e mostrar iniciativa. Se não der certo ou desagradar depois, peça desculpas. E siga em frente.
3Fique atento às oportunidades
As oportunidades fervilham por todos os lados no Vale do Silício. “Há muitos eventos, se você quiser dá para passar meses só fazendo eventos o dia todo. Mas eu não aconselho”, afirma Bel, entre risos. “Se você abrir os olhos e mostrar que está interessado, as oportunidades aparecem”.
4. Não subestime os primeiros degraus
Enquanto ainda fazia mestrado no Google, Bel foi convidada para atuar na startup Ooyala. “Eu queria muito trabalhar com produto, mas não tinha a experiência”, conta. “Então, comecei com uma equipe de dois engenheiros e eles disseram que se desse certo, eu teria outros times”.
Quando deixou a companhia, meses depois, Bel já liderava três equipes de 7 a 15 engenheiros cada. “Eu cheguei quietinha, mas tive que provar que teria uma boa execução”, diz. A dica: “Mesmo que comece pequeno, continue dando o melhor de si porque as oportunidades vão aparecer”.
5Não tema o erro
Diante de tantas oportunidades e uma cultura que valoriza a proatividade, assumir riscos é uma consequência inevitável. E errar, vez ou outra, é a consequência mais óbvia. Por isso, temer erros ou frustrações é o tipo de postura que não combina com a lógica que palpita nas empresas do Vale do Silício.
Ela experimentou esse tipo de frio na barriga quando teve que decidir entre trancar o mestrado no Google e tentar sua carreira na startup Ooyala. “Você fica com o coração na mão. Se eu tivesse medo de errar, teria continuado no Google”, afirma. “É preciso ter essa coragem para tomar um passo que muita gente vai falar que é errado”.
6. Aprenda a ter foco (e pensar no longo prazo)
O que a fez ter coragem para abdicar da escolha mais óbvia? Clareza de objetivos. “Meu sonho era abrir uma companhia muito mais do que continuar fazendo pesquisa”, afirma. E, segundo ela, ter os olhos fixos no que você quer no longo prazo é também uma boa estratégia para não se deixar atropelar pelos afazeres diários e turbilhão de oportunidades.
“Há tanta coisa boa acontecendo que, às vezes, é difícil se focar no que você quer no longo prazo. Você se prende às coisas do dia a dia e acaba pensando muito no curto prazo”, diz. Opção que pode até ser interessante por um tempo, mas que ao longo dos anos pode contribuir para a sua derrocada na carreira.
7Seja realmente interessado nas pessoas
“Networking é o coração do Vale do Silício”, diz Bel. “Se alguém te chamar para um café, nem que seja rápido, aceite e esteja genuinamente interessado no que a pessoa tem para falar”.
Neste processo, é essencial adotar mentores. E, no Vale do Silício, eles estão por todos os lados. “As pessoas são muito abertas”, diz. “Há vinte anos, elas eram como você”. Por isso, ela afirma, há muita gente disposta a ajudar quem está começando.
Por isso, não são necessárias estratégias mirabolantes para encontrá-las. Vale desde enviar mensagens pelas redes sociais até frequentar eventos que essas pessoas estão. “Não tenha vergonha de falar o que você precisa, nem de manter contato”, diz.
8.Dê espaço para o acaso
Em qualquer lugar do mundo, o tempo é valioso. Mas, diante de tantas possibilidades e potencial de ascensão meteórica, no Vale do Silício pode se ter a impressão de que ele é mais caro. Mas “não tenha medo de gastar tempo em uma coisa que você não sabe onde vai dar. Ela pode levar você para lugares muito interessantes”, afirma Bel.
Na prática, isso significa que você precisa estar aberto para novas experiências e abrir espaço para o acaso na sua atarefada agenda. “Em inglês o termo para isso é serendipity, ou serendipidade em português, que significa deixar as coisas acontecerem sem que nada esteja planejado”.
9. Trabalhe, trabalhe e trabalhe
Agora, diante de tantas histórias de sucesso (quase) instantâneo, há quem imagine que a vida no Vale do Silício é do tipo conto de fadas. Bel afirma que é o oposto. “É um lugar extremamente competitivo, para se destacar é preciso mostrar trabalho”, conta. “Se você aprender a fazer as coisas acontecerem, vira, sim, um conto de fadas”. Mas até lá, há um longo (e atarefado) caminho para se percorrer.
São Paulo – A paulistana Isabel Pesce mal chegou à casa dos 24 anos e já coleciona uma experiência profissional de deixar muito CEO por aí de queixo caído: quatro diplomas de graduação pelo MIT, um mestrado ainda não concluído no Google e o cargo de sócia-fundadora de uma startup no Vale do Silício, a Lemon, cujo aplicativo de estreia conquistou mais de 1 milhão de usuários em seus quatro primeiros meses.
Ela faz parte de uma turma de jovens brasileiros que aprenderam a conquistar seu espaço na região mais promissora dos Estados Unidos, o Vale do Silício, que abriga empresas badaladas como Google, Facebook e Apple. O brasileiro Mark Krieger, um dos fundadores do Instagram que acaba de ser vendido para o Facebook , é um deles. E, segundo a jovem, ter a “condição” brasileiro na certidão nascimento é uma vantagem na terra que viu florescer gente como Mark Zuckerberg e Steve Jobs.
Com uma porção de ideias e experiências na cabeça, Bel (como prefere ser chamada) se prepara para lançar, em maio, um livro com o que aprendeu nos últimos anos no MIT e no Vale do Silício. Em entrevista a EXAME.com, ela contou os bastidores de como fazer sua carreira decolar no Vale do Silício:
1Encare não como sim
“A gente tem que ter a chance de transformar qualquer não em sim”, afirma Isabel. Aos 17 anos, ela levou isso a sério enquanto pleiteava uma vaga na graduação do Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Eu soube o que era o MIT faltando dez dias para acabar o prazo do processo de seleção”, conta.
Na prática, isso significa que ela já tinha perdido o prazo para cadastro na prova de seleção e entrevista com ex-aluno da instituição. Mas ela não se deu por vencida. Encontrou o endereço da pessoa responsável por essa fase do processo e fez a entrevista sem agendar previamente.
“Eu disse aqui está a minha vida e meu coração. Não sei se foi uma combinação de dó e simpatia, ele aceitou me entrevistar”, diz. E gostou do que ouviu.
Restava fazer a prova. Mas, para isso, tinha que cruzar os dedos para que alguém faltasse no dia do exame – o MIT só envia para outros países o número exato de provas com relação ao número de inscritos. Ela, então, fez plantão na escola aplicadora da prova e, com a ausência de um dos candidatos, conseguiu fazer o teste.
Dois meses depois, recebeu a notícia de que fora aprovada. “Muitas pessoas vão falar que seu projeto não vai dar certo. Mas você precisa estar com a consciência limpa de que tentou ao máximo transformar este não em sim”, diz.
2Não peça permissão, peça perdão
Proatividade é palavra de ordem dentro das companhias do Vale do Silício. “Você não precisa parar naquilo que mandaram você fazer”, diz a empreendedora. O lema “não peça permissão, peça perdão” corrente nos corredores do Google, segundo Bel, também pode ser aplicado para todo o contexto do Vale do Silício.
Em outras palavras, nas empresas da região mais inovadora do mundo, a ordem é sempre ir além e mostrar iniciativa. Se não der certo ou desagradar depois, peça desculpas. E siga em frente.
3Fique atento às oportunidades
As oportunidades fervilham por todos os lados no Vale do Silício. “Há muitos eventos, se você quiser dá para passar meses só fazendo eventos o dia todo. Mas eu não aconselho”, afirma Bel, entre risos. “Se você abrir os olhos e mostrar que está interessado, as oportunidades aparecem”.
4. Não subestime os primeiros degraus
Enquanto ainda fazia mestrado no Google, Bel foi convidada para atuar na startup Ooyala. “Eu queria muito trabalhar com produto, mas não tinha a experiência”, conta. “Então, comecei com uma equipe de dois engenheiros e eles disseram que se desse certo, eu teria outros times”.
Quando deixou a companhia, meses depois, Bel já liderava três equipes de 7 a 15 engenheiros cada. “Eu cheguei quietinha, mas tive que provar que teria uma boa execução”, diz. A dica: “Mesmo que comece pequeno, continue dando o melhor de si porque as oportunidades vão aparecer”.
5Não tema o erro
Diante de tantas oportunidades e uma cultura que valoriza a proatividade, assumir riscos é uma consequência inevitável. E errar, vez ou outra, é a consequência mais óbvia. Por isso, temer erros ou frustrações é o tipo de postura que não combina com a lógica que palpita nas empresas do Vale do Silício.
Ela experimentou esse tipo de frio na barriga quando teve que decidir entre trancar o mestrado no Google e tentar sua carreira na startup Ooyala. “Você fica com o coração na mão. Se eu tivesse medo de errar, teria continuado no Google”, afirma. “É preciso ter essa coragem para tomar um passo que muita gente vai falar que é errado”.
6. Aprenda a ter foco (e pensar no longo prazo)
O que a fez ter coragem para abdicar da escolha mais óbvia? Clareza de objetivos. “Meu sonho era abrir uma companhia muito mais do que continuar fazendo pesquisa”, afirma. E, segundo ela, ter os olhos fixos no que você quer no longo prazo é também uma boa estratégia para não se deixar atropelar pelos afazeres diários e turbilhão de oportunidades.
“Há tanta coisa boa acontecendo que, às vezes, é difícil se focar no que você quer no longo prazo. Você se prende às coisas do dia a dia e acaba pensando muito no curto prazo”, diz. Opção que pode até ser interessante por um tempo, mas que ao longo dos anos pode contribuir para a sua derrocada na carreira.
7Seja realmente interessado nas pessoas
“Networking é o coração do Vale do Silício”, diz Bel. “Se alguém te chamar para um café, nem que seja rápido, aceite e esteja genuinamente interessado no que a pessoa tem para falar”.
Neste processo, é essencial adotar mentores. E, no Vale do Silício, eles estão por todos os lados. “As pessoas são muito abertas”, diz. “Há vinte anos, elas eram como você”. Por isso, ela afirma, há muita gente disposta a ajudar quem está começando.
Por isso, não são necessárias estratégias mirabolantes para encontrá-las. Vale desde enviar mensagens pelas redes sociais até frequentar eventos que essas pessoas estão. “Não tenha vergonha de falar o que você precisa, nem de manter contato”, diz.
8.Dê espaço para o acaso
Em qualquer lugar do mundo, o tempo é valioso. Mas, diante de tantas possibilidades e potencial de ascensão meteórica, no Vale do Silício pode se ter a impressão de que ele é mais caro. Mas “não tenha medo de gastar tempo em uma coisa que você não sabe onde vai dar. Ela pode levar você para lugares muito interessantes”, afirma Bel.
Na prática, isso significa que você precisa estar aberto para novas experiências e abrir espaço para o acaso na sua atarefada agenda. “Em inglês o termo para isso é serendipity, ou serendipidade em português, que significa deixar as coisas acontecerem sem que nada esteja planejado”.
9. Trabalhe, trabalhe e trabalhe
Agora, diante de tantas histórias de sucesso (quase) instantâneo, há quem imagine que a vida no Vale do Silício é do tipo conto de fadas. Bel afirma que é o oposto. “É um lugar extremamente competitivo, para se destacar é preciso mostrar trabalho”, conta. “Se você aprender a fazer as coisas acontecerem, vira, sim, um conto de fadas”. Mas até lá, há um longo (e atarefado) caminho para se percorrer.