8 jeitos para surpreender nas apresentações do trabalho
Além do PowerPoint: que tal contratar dançarinos para a próxima apresentação? Esta foi a estratégia de um palestrante do TED; veja outros exemplos (e como adaptá-los)
Talita Abrantes
Publicado em 21 de março de 2013 às 12h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h41.
São Paulo - A fórmula de apresentação clássica no Powerpoint (ou Keynote, como queira) pode estar com os dias contados. Pelo menos se depender de algumas das palestras mais incríveis já feitas nos palcos da conferência TED. EXAME.com pediu para Alexandre Franzolim, diretor de criação da MonkeyBusiness, selecionar algumas das apresentações mais incríveis do TED e dar dicas sobre como adaptar as ideias ao contexto da carreira – sem que você perca o próprio estilo. “Um palestrante perfeito tem que ser quem ele é. Ele se comunica de forma clara e assertiva”, afirma o especialista. Sem se deixar engessar por algumas técnicas.
“A dança pode, realmente, tornar a ciência mais fácil de se entender”. Com esta premissa em mãos, o cientista John Bohannon dividiu o palco do TED com os bailarinos da companhia Black Label Movement para explicar alguns conceitos científicos e sua teoria sobre apresentações. Lição 1: “A plataforma não dita regras. Quem dita é o palestrante”, afirma Franzolim. Por isso, antes de fazer a próxima apresentação, questione-se se o PowerPoint é realmente a ferramenta adequada para o contexto e assunto em questão. Há diferentes formas de apresentar um mesmo conteúdo – mesmo quando você usa as ferramentas convencionais.
Lição 2: A harmonia e sintonia da palestra, provavelmente, custaram muitas horas de ensaio para os bailarinos e para Bohannon. Mesmo sem ter que arriscar passos de dança em um palco, como eles, o preparo prévio à apresentação é fundamental. “Quando você pratica, tudo flui naturalmente”, afirma o especialista. E os hiatos e divagações sonoras tendem a diminuir.
Lição 2: A harmonia e sintonia da palestra, provavelmente, custaram muitas horas de ensaio para os bailarinos e para Bohannon. Mesmo sem ter que arriscar passos de dança em um palco, como eles, o preparo prévio à apresentação é fundamental. “Quando você pratica, tudo flui naturalmente”, afirma o especialista. E os hiatos e divagações sonoras tendem a diminuir.
Mais do que suprir o público de informações, o objetivo do maestro Benjamin Zander era levar a plateia a experimentar a música para, então, defender sua tese sobre música erudita e paixão. Para isso, ele leva um piano ao palco. Lição 1: Novamente, não é preciso uma apresentação de slides para fazer uma palestra ou conduzir uma reunião. Mas não é só isso. “O piano não é um instrumento de percepção visual, mas sim auditiva”, afirma o especialista. E isso faz toda a diferença para a maneira como a plateia apreende as informações passadas. Lição 2: Foco na plateia é outro atributo essencial de uma boa apresentação. “Em diversos momentos, ele se volta para a plateia e mesmo quem não entende música clássica consegue perceber as características”, diz Franzolim.
Depois de lançar seu livro “O poder dos quietos” (Editora Agir), a introvertida autora Susan Cain partiu em uma jornada de cursos para aprender a fazer boas apresentações. O esforço deu certo. Lição 1: “Ela faz um paralelo entre a vida pessoal e um assunto técnico”, descreve o especialista. Segundo ele, é mais fácil conquistar as pessoas quando você alia o conteúdo a um aspecto emocional. “È um laço humano. É o molho que faz toda a diferença”. Lição 2: Apesar do tom dócil com que conduz a palestra, Susan surpreende em vários momentos – seja quando canta e dança ou quando mostra a mala, o único objeto que leva ao palco.
Nesta palestra, o estatístico Hans Rosling quebra com todos os estereótipos e tradições na hora de apresentar dados. Inspirado nos narradores esportivos, “ele praticamente não respira, não faz pausas e emenda um dado a outro”, descreve o especialista. Com isso, os números, antes destinados a amorfa estrutura do tédio, ganham vida e um roteiro para lá de dramático. Lição: “Cada gráfico, antes de ser gráfico é uma informação”. E que não necessariamente precisa ser exibido em barras ou outras estruturas convencionais. Outra dica é aprender a selecionar os números que pretende exibir. Se a ideia é mostrar o quanto a empresa cresceu nos últimos anos, por exemplo, um slide que ilustre este crescimento com um único número pode ser suficiente.
“Quando navega contra o vento, um barco não faz o percurso em linha reta, mas vai em ziguezague”, afirma Franzolim exemplificando um conceito básico da dialética socrática. E é com base nesta lógica que Enio Ohmay, CTO e CXO da Education First, compôs sua apresentação. “Ele conta pequenas histórias que poderiam ser contadas isoladamente, mas que mostram uma continuidade”, descreve o especialista. “Ele supre a plateia de algumas estórias e depois dá uma conclusão”. A estratégia é válida para apresentações em que é necessário defender uma tese. “Você supre a audiência de exemplos que valem como justificativas”, diz. Lição: Crie um roteiro para a sua apresentação. “Não há uma fórmula matemática. Você precisa aprender a construir de acordo com seus objetivos e o material que você tem que apresentar”, afirma o especialista.
Para apresentar esta palestra, o professor Gil Giardeli baseou-se nos princípios do método de Larry Lessig, um dos fundadores do Creative Commons. “É um método muito louco, parece um ataque epilético de slides”, brinca Franzolim. “È quase um slide por frase”. Para quem adere a esta estratégia, o slide não pode ser repleto de informações. “Tem que ter pouco texto”, diz o especialista. Palavras chaves, números ou mensagens quase telegráficas são uma boa medida. Afinal, a ideia é mais reforçar o que o palestrante está falando. Lição: Por ser tão dinâmico, o método de Lessig praticamente proíbe que o orador leia os slides. Mesmo sem usar esta estratégia, ler slides pode ser um tiro no pé. É essencial estabelecer um contato visual com a plateia – seja para mensurar a recepção dela ao conteúdo quanto criar um vínculo e prender a atenção. Mas isso exige treino. “A sincronia é forte porque ele praticou muito”, diz o especialista.
De acordo com Franzolim, nesta palestra, o músico Bono Vox se aloca no meio termo entre o método de Lessig e o drama de dados de Hans Rosling. “Ele lembra muito o estilo de Steve Jobs: alternando o discurso com os gráficos”, diz o especialista. A estrutura da narrativa segue o esquema da pirâmide de Freytag. “Ele fala sobre as boas notícias e quando o clímax acaba, ele conclui mostrando os obstáculos para que isso aconteça”, diz o especialista. Lição: O ponto alto do vídeo, segundo Franzolim, é o carisma e a naturalidade de Bono. “É como se ele estivesse conversando, ele é espontâneo”, afirma. Mas ninguém precisa copiar o líder da banda U2 para cativar a plateia. Ao contrário. “Você não tem o dever de ser outra pessoa”, diz o especialista. “Você não precisa ser a pessoa mais legal do mundo, mas se fizer a apresentação de uma maneira clara, as pessoas vão gostar”.
Você já parou para pensar por que usamos a letra x para descrever o que é desconhecido? Terry Morre, diretor da Fundação Radius, refletiu sobre o assunto e compartilhou as descobertas em um dos palcos do TED. Lição: “Ao começar a apresentação com uma dúvida, você prende a atenção. Você coloca um ponto de interrogação e conduz a palestra até chegar à resposta”, descreve Franzolim.
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