Livro retrata a rotina mais do que agitada de um executivo viciado em trabalho
Camila Pati
Publicado em 30 de janeiro de 2013 às 14h56.
São Paulo – O quanto da rotina de um clássico workaholic está presente no seu dia a dia? Em maior ou menor escala, o personagem principal Joe Labor, do livro “Muito trabalho e pouco stress” (Editora Évora), de André Caldeira, é um espelho para executivos e executivas que mantêm o foco exclusivamente na carreira profissional, em detrimento da vida pessoal.
Longos expedientes no escritório, convívio ínfimo com a família em casa, além de horas e horas extras de trabalho aos fins de semana dão o tom da vida do personagem criado por Caldeira.
“Talvez Joe se apresente em cada um de nós com maior ou menor intensidade, com o passar dos anos”, escreve o autor, que também mantém um blog em EXAME.com sobre o desafio que é, nos dias de hoje, equilibrar a vida pessoal e o trabalho.
Aliás, foi a partir da reação de homens e mulheres de negócio aos temas tratados no blog, que Caldeira enxergou espaço para escrever o livro. “Muito leitores, começaram a compartilhar histórias e testemunhais comigo, bem como sugerir ideias para textos”, conta o autor blogueiro.
Para ele, encontrar equilíbrio entre trabalho e todo o resto é uma tarefa para todos e também uma necessidade absoluta. “Para os profissionais, o stress é um mal invisível que prejudica nossa produtividade no trabalho e mina nossa vida pessoal, afetando a qualidade de vida, o tempo com a família, o desenvolvimento pessoal e espiritual”, diz.
Do lado das empresas, diz Caldeira esta rotina maluca imposta pelos e aos profissionais também traz prejuízos. “O problema é de sustentabilidade e de ordem econômica. O estresse profissional representa aproximadamente 3,5% do PIB brasileiro. Este custo é médico e econômico, representado pelos afastamentos do trabalho, pelos custos de tratamento, e também pelo presenteísmo (quando as pessoas vão para o trabalho, mas não contribuem inteiramente para a produtividade da organização naquele dia), pelo aumento da rotatividade, pelos passivos trabalhistas, entre vários outros aspectos”, afirma o autor.
No livro, Caldeira indica, a partir da rotinha de Joe Labor, quais são os sinais de que o pêndulo está mais para o lado da carreira profissional, enquanto tudo o que não está relacionado ao trabalho vai se reduzindo a pó. Confira seis deles:
1 Trabalho é a principal referência
A carreira profissional é o que define a vida de Joe Labor. “A empresa para a qual trabalha é quase que a sua religião, a razão da sua existência”, escreve o autor. Na mesma linha de raciocínio, o cargo de Joe Labor é como se fosse sobrenome.
Joe vive para o trabalho, suas obrigações e responsabilidades. E com isso, tudo o que não esteja inserido neste pacote corporativo tem menos importância, e é constantemente deixado de lado.
2 Vida pessoal é posta de lado
Casamento, férias, nascimento dos filhos. Momentos importantes da vida conjugal e familiar passam à margem de Joe, sempre ocupado demais com algum projeto crucial no escritório para perceber que estava perdendo alguma coisa que não volta nunca mais.
“A inércia da sobrecarga domina a sua vida”, escreve Caldeira. A busca pelo reconhecimento profissional e estabilidade financeira contribui para que este executivo incansável não consiga se livrar deste modo de vida que criou para si mesmo.
3 Expediente que não acaba
Assim que acorda, Joe já começa a pensar no trabalho e no que o espera no escritório. Coração acelerado e ansiedade desde cedo, correria e nada de café da manhã.
Reuniões, e-mails, ligações, projetos, contratos. É tanta coisa a ser feita que a impressão é que a produtividade é assolada por uma avalanche de tarefas inacabadas. “Um dia que parece uma pombagira, de tirar qualquer um do eixo, de quase não dar tempo de respirar”, escreve Caldeira.
4 Irritação em alta
O que não é controlável é sinônimo de irritação para Joe Labor. Trânsito congestionado, atendimento lento em restaurante. “Joe tem grande dificuldade em lidar com fatores externos, aqueles chamados imponderáveis”, escreve o autor.
Sua atitude quando dirige é digna do filme “Um dia de fúria” e Joe sabe bem disso. Reações intempestivas por conta de contratempos são sinais de que algo não vai bem internamente.
5 Conectado o tempo todo
Webmail e a conexão na palma da mão tornam móvel e infinito o expediente de Joe Labor. A atualização constante da caixa de entrada de e-mails, a troca de mensagens instantâneas e notícias são um vício na vida do workaholic. “A tecnologia é uma grande aliada e um algoz na vida de Joe”, escreve o autor. É normal estar online o tempo todo, pergunta Caldeira.
6 Sono prejudicado
A insônia é uma constante na vida de Joe Labor. Entre um bocejo e outro, café durante o dia. à noite remédios para relaxar ou bebidas alcóolicas.
“Joe não sabe o que é dormir bem. A mistura explosiva de café, remédios ou álcool em excesso pode ter um efeito imediato, mas insustentável”, diz Caldeira.