5 pensamentos para evitar no retorno ao trabalho pós-coronavírus
Enquanto a pandemia do novo coronavírus se alonga, a fadiga da quarentena começa a surgir, trazendo efeitos nocivos
Murilo Bomfim
Publicado em 11 de julho de 2020 às 15h06.
Em março, a pandemia da covid-19 chegou – e a preocupação foi generalizada. Quem podia, ficava em casa, dividindo o tempo entre trabalho , conferências e lives. Higiene era um ponto crítico, e cada item comprado no supermercado era limpo antes de entrar na geladeira.
Corta para julho. A preocupação é um pouco menor, os números alarmantes já soam como mera estatística, o número de pessoas que arriscam sair de casa é maior. Mais uma live? Talvez não precise higienizar cada comprinha.
Se você se identifica com a descrição, saiba que não está só. “Tivemos uma restrição muito inesperada, e reagimos diante de uma circunstância incerta”, diz Flávia Ávila, especialista em economia comportamental. “O problema é que não conseguimos agir contra um hábito que já temos: é um despendimento de energia muito grande, e o cérebro faz tudo para evitar este trabalho.”
Trata-se do fenômeno da fadiga da quarentena que, segundo Ávila, faz com que a mente busque razões para justificar os comportamentos que, no fundo, desejamos ter.
Com diversas regiões do país intensificando seus processos de reabertura, a volta ao escritório exige o cumprimento de protocolos. Para Ávila, o risco é ficar relaxado demais nos cuidados e, consequentemente, ampliar o risco de infecção. Em conversa com a reportagem da EXAME, ela deu dicas sobre pensamentos a evitar.
1. Cansaço da quarentena
A quarentena cansa, mas o ideal é não focar muito nesta sensação. Em vez disso, pense na importância de se proteger e manter os protocolos de higiene para reduzir os riscos de contaminação.
2. Heurística da disponibilidade
É o pensamento “Não conheço ninguém que voltou ao trabalho e foi contaminado, logo, é seguro que eu volte também”. O fato de as infecções não terem ocorrido em pessoas próximas não quer dizer que não possa acontecer com você.
3. Excesso de otimismo
“Faço exercícios e sou mais saudável do que a maioria, logo, estou mais preparado para enfrentar a doença.” A ideia de que a covid-19 só causa danos mais relevantes em pessoas dos grupos de risco é controversa. Em alguns casos, jovens saudáveis também sofreram impactos.
4. Gratificação imediata
“Não aguento mais ficar em casa, prefiro correr o risco de ficar doente e ir trabalhar.” Quando estamos cansados da quarentena, tendemos a minimizar a gravidade das consequências para que possamos nos sentir autorizados a ter comportamentos nem sempre adequados.
5. Aversão à perda
É quando uma consequência negativa traz mais descontentamento do que uma consequência positiva traz felicidade. “Perder o emprego importa mais do que me manter a salvo da doença.”