Porto Alegre é o berço dos empreendedores. Como a capital gaúcha ressente-se da falta de espaço, há chances limitadas para a carreira corporativa, pois as grandes indústrias localizam-se fora dos limites urbanos. Por outro lado, surgem oportunidades para as áreas de comércio e de serviços. Nos últimos anos, chegaram à cidade redes de hotéis, shopping centers e o mais moderno aeroporto do país. Reflexo dessa onda também é o sucesso do empreendedor Eduardo Bier Correa, de 36 anos, o famoso Dado Bier da microcervejaria. Neste mês, ele começa a construir, junto ao porto da cidade, o Dado Píer, investimento de 5 milhões de reais que dará ênfase à gastronomia e à cultura local.

Elevados padrões de consumo, educação e qualidade de vida são a marca registrada de Porto Alegre. As imediações da capital abrigam pelo menos quatro universidades renomadas, que oferecem mais de duas centenas de cursos de pós-graduação. Só a Universidade Federal do Rio Grande do Sul tem mais de 1 000 doutores, quase 80 em computação. É a que mais forma mestres nessa área no país. Há também 40 doutores ativos na pesquisa em microeletrônica, ramo que deve ganhar força por causa da instalação do Centro de Excelência Ibero-Americana em Tecnologia Eletrônica Avançada, o Ceitec. Com ele, Porto Alegre será um dos poucos lugares no mundo a desenvolver protótipos de chips e a formar mão-de-obra especializada no domínio de circuitos integrados, componentes de microprocessadores utilizados em automóveis e outros equipamentos eletrônicos. Além do Ceitec, impulsionado pela Motorola, a cidade vai receber brevemente um centro de tecnologia da Microsoft. Esse ambiente, aliás, funcionou como catalisador do desenvolvimento de uma geração de recém-formados que abriu empresas de informática e ganhou importância nacional. É o caso do engenheiro eletrônico Moisés Pontremoli, de 30 anos. Em 1997, ele concluiu o mestrado em automação industrial e, com o colega Márcio Faccin, abriu a Ponfac, empresa que produz sistemas para processamento de imagens. Embora fique nos arredores da cidade, a Ponfac traduz bem o perfil de carreira demandado pela capital gaúcha. "Estamos longe do centro econômico do país, mas temos a vantagem da especialização", diz Pontremoli.