20 profissões do (e com) futuro, segundo especialistas
Confira as 20 profissões e carreiras que devem ganhar destaque em 10 anos, segundo 7 especialistas consultados
Camila Pati
Publicado em 22 de julho de 2013 às 10h51.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h32.
Sustentabilidade é a palavra de ordem para o profissional de ecorrelações, boa oportunidade de trabalho para quem reúne conhecimento técnico ambiental (engenharia ambiental), de legislação do tema (direito ambiental) e também é bom em comunicação. “É um profissional que vai se comunicar com grupos de consumidores, órgãos governamentais e outras empresas. É a pessoa que vai fazer o meio de campo entre a empresa e os diversos stakeholders em temas relacionados a sustentabilidade”, explica a professora Renata Spers. “O profissional de sustentabilidade fica dentro da empresa e está em diálogo constante com os engenheiros ambientais, que são os profissionais que vão, efetivamente, a campo”, diz Rodrigo Vianna diretor executivo da Talenses.
Outra profissão intimamente ligada à questão ambiental é gestão de resíduos. “A produção do lixo pela indústria, que ganha o foco da mídia e da opinião pública, alinhada às políticas de governança gera demanda por este tipo de profissional”, diz Lucas Ribas, diretor da Asap em Minas Gerais. Direcionamento correto para os resíduos e a transformação do lixo em fonte de renda são as atividades primordiais do profissional. “É pensar não só em reciclar mas também em diminuir a produção e o impacto dos resíduos”, lembra Sócrates Mello, diretor de operações da Robert Half no Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A formação do gestor de resíduos vai depender do tipo de indústria. Engenharia ambiental, engenharia química, biologia são algumas das áreas de formação adequadas para quem deseja seguir neste ramo, de acordo com Ribas.
Se hoje já uma profissão em alta, a engenharia ambiental deve se firmar com uma das carreiras do futuro, de acordo com grande parte dos especialistas consultados. “A questão da preocupação com o impacto no meio ambiente, tanto no setor da construção civil, como no setor industrial faz com que sejam necessários profissionais com conhecimento na área ambiental”, diz Rodrigo Vianna, da Talenses.Jacqueline Resch, da Resch Recursos Humanos, concorda. “A área ambiental é uma das que a gente tem certeza que vai crescer”, diz. Plinio de Cerqueira Leite, da CL Executive Search & Interim Management, engrossa o coro: “sustentabilidade e meio ambiente são mandatários, não há dúvida que é tendência até por uma questão de racionalização de custos, que está dentro do tema sustentabilidade”, explica.
Os investimentos na infraestrutura devem continuar, o que torna os engenheiros civis profissionais de destaque também nos próximos 10 ou 15 anos. “A demanda vai continuar, não vimos investimentos para Copa do Mundo no volume e quantidade necessários”, diz Lucas Ribas, da Asap. Portos, aeroportos, estradas e linhas férreas respondem pela grande necessidade destes profissionais, segundo o especialista. “A infraestrutura é o que torna o país mais competitivo, sem ela tudo acontece de maneira mais lenta. Por mais que já se invista hoje, a necessidade continua e traz oportunidades para engenheiros de grandes obras”, diz Juliano Ballarotti, diretor da Hays em São Paulo. Posições da área técnica voltadas para infraestrutura também são a aposta de Sócrates Mello, da Robert Half. “Buscam-se profissionais para a área de grandes construções”, diz ele, projetando que a demanda siga forte nesta área. “É uma profissão clássica que deve continuar forte”, diz Plínio de Cerqueira Leite, da CL Executive Search & Interim Management.
Outra área da engenharia que tem tido mais demanda e deve se destacar mais ainda no futuro próximo é o setor de petróleo e gás, de acordo com Jacqueline Resch. A busca por técnicas mais eficientes de extração é um dos motivos que fazem com que engenheiros sejam cada vez mais necessários no setor de energia, destaca Sócrates Mello, da Robert Half. “A energia é um dos recursos mais importantes de um país e o Brasil tem se desenvolvido nesta área. Tem o pré-sal e já começam a surgir novas tecnologias para extrair gás de formações rochosas”, diz Juliano Ballarotti, da Hays. A falta de engenheiros, aliás, faz com que muitos projetos continuem no papel, de acordo com ele.
Engenheiros com conhecimentos técnicos para lidar com equipamentos hospitalares de alta tecnologia têm tudo para se destacar em alguns anos, segundo Rodrigo Vianna, da Talenses. “É uma oportunidade para o engenheiro de formação especializado em equipamentos hospitalares”, diz. A preocupação de grandes hospitais em oferecer a melhor estrutura a médicos e pacientes tem puxado os investimentos e deve abrir mais oportunidades para quem se interessa pelo setor. “É um profissional que deve estar antenado com tendências, visitando hospitais no exterior para conhecer as novas tecnologias”, diz Vianna.
Profissionais que mesclem informação genética e a elaboração de remédios são tendência no futuro, de acordo com a professora Renata Spers da FEA-USP que coordenou a pesquisa do Profuturo. “É um cientista que trabalha com informação genética fazendo a ponte entre técnicas clínicas e desenvolvimento de medicamentos”, explica. “É uma profissão ligada à inovação e também à macrotendência de envelhecimento da população”, diz Renata.Formação em medicina e especialização em farmácia ou graduação em farmácia e pós em medicina são as combinações de estudos adequadas para o exercício desta profissão, sugere Renata. Pesquisa e desenvolvimento na área de biotecnologia é também uma das apostas de Rodrigo Vianna, da Talenses. “O Brasil tem hoje um celeiro grande de profissionais na área farmacêutica, mas está havendo uma migração para a área de negócios ligados a biotecnologia”, explica.
A busca pela inovação e o aumento da expectativa de vida da população trarão destaque aos profissionais da telemedicina. “É uma pessoa que é parte de uma equipe que oferece diagnóstico e tratamento para os habitantes de áreas mais remotas”, diz a professora Renata Spers. Alternativa para carência de profissionais de saúde em áreas mais remotas do Brasil, a telemedicina permite que pessoas tenham acesso a diagnósticos sem estarem no mesmo local que a equipe médica.
Se a expectativa é que as pessoas vivam mais, esta é outra profissão deve se destacar a partir desta macrotendência, segundo a professora Renata Spers. O conselheiro de aposentadoria é um profissional com habilidades de contabilidade, finanças e de gestão de carreira, de acordo com ela. “É responsável por ajudar a planejar a aposentadoria, do ponto de vista financeiro, de plano de saúde e também faz o planejamento de uma segunda carreira já que as pessoas estão vivendo mais”, diz Renata. Formação em administração, contabilidade, economia e especialização em gestão de carreira são boas maneiras de se preparar para esta demanda, segundo ela.
Mapear riscos de problemas de saúde que colaboradores podem desenvolver e melhorar as condições do ambiente de trabalho -promovendo a busca pelo equilíbrio entre a vida pessoal e profissional - é função do gestor de qualidade de vida, uma das profissões do futuro, de acordo com Rodrigo Vianna, diretor-executivo da Talenses. “Já existe esta preocupação dos profissionais de recursos humanos com a qualidade de vida, mas no futuro haverá mais investimento nisso por parte das empresas”, diz ele. A formação acadêmica, de acordo com Vianna, pode ser abrangente, porque o que vai fazer a diferença na hora de garantir uma oportunidade como gestor de qualidade de vida é a experiência prévia no setor de recursos humanos.
A educação continuada é o foco deste profissional do futuro. “É alguém que indica cursos, faz o aconselhamento na formação dos funcionários, tanto na parte formal quanto na parte complementar, sugerindo leituras e viagens também”, explica Renata Spers. De acordo com ela, as organizações já percebem a importância de seus colaboradores se aprimorarem e percebem que a educação continuada é o caminho. De acordo com a professora é uma boa oportunidade para formados em psicologia e que tenham especialização em administração com ênfase em gestão de pessoas.
A questão do treinamento de funcionários é uma das grandes tendências das redes de Varejo, segundo Ricardo Basaglia, diretor da Michael Page. “O objetivo é padronizar o atendimento para que o consumidor entenda que a loja é a mesma seja onde ele estiver e que, portanto, vai encontrar o mesmo padrão de produto também”, explica. De acordo com ele, o profissional deve entender as características locais para decidir a respeito das adaptações necessárias. Neste caso, a experiência no setor conta mais pontos do que a formação acadêmica do profissional.
Investimentos em rodovias, portos, aeroportos puxam a demanda por profissionais da área de logística, de acordo com Juliano Ballarotti, diretor da Hays em São Paulo. “Hoje, por exemplo, você tem um porto e uma rodovia, mas, com mais investimento em infraestrutura, a complexidade aumenta”, explica o especialista. Por isso, a tendência é que a área de operações e logística ganhe destaque e abram-se novas oportunidades no ramo.
Assim como hoje existe um departamento financeiro, um jurídico e um de recursos humanos, para um futuro próximo há quem projete um departamento de inovação dentro de grande parte das organizações. A área de inovação já existe mas , via de regra, é vinculada ao departamento de marketing sob o guarda-chuva de processos, desenvolvimento e produtos como lembra Rodrigo Vianna, da Talenses. Nesse cenário projetado pelos especialistas, de mais autonomia e investimento na área, a figura do gestor de inovação ganha força. “É um profissional com a responsabilidade de integrar a inovação em diversas áreas da empresa”, diz a professora Renata Spers. Com papel articulador, o gestor de inovação busca novas formas de fazer as coisas, promovendo redução de custos e tornando processos mais eficientes. Formação em marketing e especialização em pesquisa de mercado, por enquanto, são as recomendações de estudo dadas pelos especialistas consultados.
Dificuldades de deslocamento em grandes cidades e o investimento em segurança nas transações comerciais pela internet turbinam o mercado de e-commerce. Com isso, surgem boas oportunidades na área de marketing deste setor. “É uma profissão que não é novidade, mas vai crescer ainda mais”, diz a professora Renata Spers. “As empresas de varejo estão investindo em e-commerce e o número de compras está crescendo muito”, destaca Lucas Ribas, diretor da Asap em Minas Gerais. Por isso, profissionais que contribuam para que a empresa garanta um melhor posicionamento no segmento de comércio eletrônico tendem a ser mais valorizados.
Fazer a comunicação com consumidores em redes sociais, fóruns e blogs, verificar o posicionamento da marca, monitorar a concorrência, além de identificar as oportunidades de negócio, são funções do gestor de comunidade. “Ele verifica também tendências de consumo que surgem na rede e evita que críticas tomem proporções maiores”, diz Ricardo Basaglia, da Michael Page. O cargo já existe mas deve ganhar destaque nos próximos anos, segundo projeção do especialista.
A armazenagem de dados em nuvem é uma das áreas apontadas pelos especialistas que também devem trazer boas oportunidades para os profissionais de tecnologia da informação nos próximos anos, segundo Rodrigo Vianna, da Talenses. “Há a questão da exigência global por agilidade. O mundo é móvel, as informações não precisam mais ser armazenadas no hardware, hoje é possível acessar qualquer tipo de informação de qualquer lugar”, explica o especialista.
Não é novidade que as empresas estão buscando formas de lidar com o volume de informações (big data) que hoje circula pela internet. Por isso, uma das profissões que devem ganhar destaque no Brasil nos próximos anos, segundo Ricardo Basaglia, é a gestão de big data. “O gestor de big data deve entender a questão técnica de armazenagem de dados e também identificar e analisar o conteúdo das informações, direcionando para diferentes departamentos da empresa”, diz Basaglia. Segundo ele, são poucas as empresas que tem uma pessoa assim trabalhando hoje. “Geralmente estas funções são dividas entre três ou mais pessoas”, explica. Matemática, estatística e tecnologia são as áreas de formação mais adequadas para quem pretende seguir nesta profissão do futuro.
Especialização em operações de fusões e aquisições é uma boa oportunidade para os advogados, segundo Lucas Ribas, diretor da Asap em Minas Gerais. “Em 2012, foram 640 transações entre fusões e aquisições,um recorde para o Brasil. Neste ano houve uma desaceleração, mas é pontual e deve voltar a crescer”, diz Ribas. Quem tem interesse na área, diz Ribas, deve estar em dia com termos técnicos em inglês. “ Os melhores cursos estão na Inglaterra e nos Estados Unidos então o profissional precisa conhecer bem o inglês jurídico”, explica.
Uma das posições mais difíceis de se preencher tem sido a de advogado tributário, segundo o diretor da Asap, em Minas Gerais.
“O Brasil tem legislação e carga tributárias complexas, e as empresas, hoje, querem mitigar custos”, diz Lucas Ribas. E na hora de encontrar meios para conseguir ganhos através de um planejamento tributário, o profissional de direito tributário e formação contábil ganha viés estratégico. Segundo ele, o destaque para os profissionais da área deve continuar nos próximos anos. “O Brasil vai conviver com esta carga tributária complexa durante muitos anos ainda”, diz.
“O Brasil tem legislação e carga tributárias complexas, e as empresas, hoje, querem mitigar custos”, diz Lucas Ribas. E na hora de encontrar meios para conseguir ganhos através de um planejamento tributário, o profissional de direito tributário e formação contábil ganha viés estratégico. Segundo ele, o destaque para os profissionais da área deve continuar nos próximos anos. “O Brasil vai conviver com esta carga tributária complexa durante muitos anos ainda”, diz.