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Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2013 às 16h21.
São Paulo - A sexta edição do Especial de Emprego da VOCÊ S/A reflete o bom momento econômico que o Brasil está vivendo. O levantamento exclusivo traz número recorde de vagas. São 172 284 oportunidades de emprego dentro e fora do país, espalhadas por 148 companhias, 48% mais que na pesquisa do ano passado.
Há 6 386 posições para cargos de liderança e outras 18 529 para técnicos e especialistas. Neste ano, a entrada de empresas de pequeno e médio porte reduziu a média de vagas por companhia: saiu de 3 220, em 2009, para 1 164. Em compensação, há 112 empresas a mais do que na pesquisa do ano passado.
Não é difícil entender o porquê desse crescimento. O país foi um dos que menos sentiram a crise financeira mundial e um dos primeiros a dar sinais de que ela está ficando para trás. Por isso, os empresários estão mais confiantes e voltaram a contratar.
“Vemos um movimento de otimismo quase unânime no mercado de trabalho, com investimento de empresas de portes e segmentos variados”, diz José Paulo Rocha, sócio da consultoria Deloitte, de São Paulo.
A pesquisa deste ano traz ainda maior diversidade de setores em relação a 2009. As milhares de vagas estão alocadas em 12 setores, ante apenas sete no ano anterior.
Agora, somente as companhias voltadas para o mercado externo não devem ter um desempenho tão bom, já que a recuperação fora do Brasil, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, caminha a passos mais lentos.
O setor de serviços é o que mais vai contratar em 2010, segundo levantamento da VOCÊ S/A. São 64 912 vagas, 3 512 para executivos, em empresas que vão de serviços financeiros a consultorias especializadas. O setor se beneficia do aumento do poder aquisitivo da população.
O mesmo vale para os serviços oferecidos pelas consultorias de recrutamento e seleção, que crescem à medida que as empresas tiram seus projetos do papel. É o caso da Robert Half, que contrata profissionais para a média e alta gerência.
Comparando janeiro de 2009 com janeiro de 2010, a Robert Half dobrou seu faturamento e deve abrir até dezembro pelo menos 60 novas vagas, com direito até a contratações fora do país. “Crescemos na medida em que a demanda por profissionais cresce”, diz Fernando Mantovani, diretor de operações da Robert Half.
Além de serviços, o especial deste ano mostra que o setor de varejo oferece muitas oportunidades de emprego. Segundo o levantamento, o varejo vai contratar 34 529 profissionais. Desse total, 1 440 vagas são para gestores. Conta a favor das empresas desse segmento a maior disposição do consumidor para gastar.
Dados da Fecomércio, que reúne os estabelecimentos comerciais de São Paulo, mostram que a confiança do consumidor paulistano passou de 120 para 138 pontos (numa escala de 0 a 200) de agosto de 2009 a fevereiro de 2010. “Isso demonstra que as pessoas estão mais seguras para gastar, o que deve fazer com que o crescimento do varejo neste ano seja de pelo menos 7%”, diz Altamiro Carvalho, da Fecomércio.
No varejo, o destaque é o setor de supermercados, que representa 35% do segmento. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados, as vendas reais desses estabelecimentos em janeiro tiveram alta de 8,56% em relação ao mesmo período de 2009.
“Durante a maior feira mundial de varejo, em Nova York, ouvi o Brasil ser citado em diversas palestras como o país que não se abalou com a crise”, diz Guilherme Baldacci, diretor de tecnologia e desenvolvimento da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza, especializada em varejo e bens de consumo, de São Paulo.
Soma-se a esse cenário o aumento do poder aquisitivo da população de baixa renda, que foi beneficiada pelo reajuste do salário mínimo, pelo programa do governo federal Bolsa Família e pelo maior acesso ao crédito. Nos últimos 12 meses, as operações de crédito tiveram aumento de 18,5%, segundo dados do Banco Central.
Esse montante tem como destino as regiões Norte e Nordeste, que concentram boa parte da população das classes C e D. É justamente para lá que estão migrando os investimentos das grandes redes varejistas, como o Grupo Pão de Açúcar, comandado pelo empresário Abílio Diniz.
Outros setores que oferecem boas oportunidades de trabalho são os de infraestrutura e construção civil. “Quem mais sofreu com a crise é quem proporcionalmente mais vai subir”, diz André Rebelo, gerente de pesquisas e estudos econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
É o caso da indústria, que no final de 2008 amargou perda de 20% no volume de produção e fechou 500 000 postos de trabalho e já está retomando as contratações. Um exemplo é a fabricante de motores industriais Weg, de Santa Catarina, que pretende contratar 1 503 profissionais — destes, 22 vagas são para executivos e 339 para especialistas.
Há boas opções para quem vive no interior
Diante de tantas oportunidades, você deve estar se perguntando se há um perfil ideal para trabalhar nessas empresas. E a resposta é “sim”, existe um conjunto de qualidades que toda empresa valoriza. A primeira delas é a capacidade de aprender.
Num cenário de negócios que muda a todo instante, os empregadores querem profissionais capazes de absorver conhecimentos diversos da sua área de formação e transformá-los em projetos, produtos e negócios.
Valoriza-se também quem é multitarefa. Portanto, que seja capaz de exercer mais de uma atividade, de forma que possa operar em diferentes ambientes de trabalho e departamentos na mesma empresa. Programas de job rotation, por exemplo, tendem a premiar esse tipo de funcionário.
Falando sobre competências mais específicas, se 2009 foi o momento de estrela dos profissionais de finanças, este ano será um bom para quem trabalha na área comercial e de marketing.
“Nos setores de bens de consumo e varejo, haverá boas oportunidades para profissionais que aliam visão financeira apurada, tão requisitada no ano passado, com a experiência da área comercial”, diz Margot Nick, headhunter da consultoria Kienbaum, de São Paulo. Nos escalões mais baixos, o momento é daqueles que têm formação generalista.
Nas próximas páginas você confere a oferta de emprego por região, as empresas que mais vão recrutar e os setores mais pujantes nos principais polos econômicos do país. O Sudeste ainda é o campeão de oferta de vagas, mas está em curso uma descentralização do emprego.
Os estados da região Nordeste estão no segundo lugar da lista de geração de postos de trabalho. O levantamento mostrou, porém, que falta gente qualificada para ocupar essas vagas. Essa, aliás, não é uma característica só do Nordeste.
O crescimento experimentado por empresas de diversos setores tem evidenciado principalmente a falta de líderes. Quem estiver preparado tem maior possibilidade de aproveitar essas oportunidades, em qualquer região.