Carreira

10 erros que todo mundo comete em currículos (e você pode evitar)

Fuja das principais armadilhas na hora de montar o seu CV e aprenda a criar um documento que vai valorizar o seu perfil e chamar a atenção dos recrutadores

currículo (adrian825/Thinkstock)

currículo (adrian825/Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 1 de novembro de 2016 às 15h00.

Última atualização em 1 de novembro de 2016 às 15h00.

Montar o curriculum pode ser um grande desafio para quem está procurando o primeiro emprego. Surgem sempre algumas dúvidas sobre a necessidade de colocar ou não determinada informação. Nessa hora, é importante não cair em armadilhas: muitas técnicas ainda difundidas são retrógradas e atrapalham a seleção do candidato para uma entrevista de emprego de acordo com as exigências atuais do mercado.

O currículo é primeiro contato do recrutador com o candidato. Segundo a Harvard Business Review, os empregadores levam em média sete segundos para ler o documento. Cada informação e a forma como são expostas fazem a diferença para se destacar de seus concorrentes.

Já de cara, se dados importantes ficaram ausentes ou não foram abordados corretamente, os recrutadores logo descartam seu currículo, e você perde a oportunidade de demonstrar que tipo de profissional você é.

Confira a seguir quais são os erros mais comuns ao montar o currículo e como evitá-los:

1. Falta de planejamento
A maioria das pessoas utiliza um modelo padrão de curriculum indicado por parentes, amigos ou baixado da internet. Em seguida, simplesmente colocam seus dados no documento e encaminham para a vaga desejada. Mas esse primeiro contato entre candidato e recrutador merece um tratamento melhor se o objetivo for se destacar entre os concorrentes.

Em entrevista para Na Prática, a especialista em carreira Eline Kullock explica que a elaboração de um bom curriculum exige muito planejamento. As empresas valorizam os profissionais que sabem do seu próprio potencial e têm seus objetivos bem definidos. Assim, você deve refletir sobre sua carreira na hora de montar o CV e personalizar os modelos prontos a partir das sua própria trajetória profissional e dos seus objetivos a médio e longo prazo.

Pense, por exemplo, em um plano de carreira e garanta que as informações do seu curriculum (como objetivos profissionais e área de atuação) estão de acordo com esse planejamento.

Vale também pesquisar mais sobre o mercado e os rumos de sua área de atuação. As relações de trabalho estão passando por uma fase de transição devido ao avanço tecnológico. De acordo com o relatório The Future Jobs, do Fórum Econômico Mundial, muitas das ocupações existentes serão extintas ou sofrerão mudanças significativas em um futuro próximo. Procure saber quais são as previsões para sua profissão na era digital e identifique quais as capacidades que você já tem para ajudar as empresas a manter a concorrência neste novo contexto. Dessa forma, seu CV ficará mais certeiro e atraente.

2. Não considerar a vaga ou perfil da empresa
Outro problema ao se limitar apenas a preencher superficialmente um modelo de curriculum é não levar em consideração as exigências da vaga ou mesmo com o perfil da empresa em que você pretende trabalhar. Cada organização tem sua visão, missão e valores. Somente aqueles candidatos que tiverem mais afinidade com essa cultura serão selecionados.

Os “nomes” de uma vaga de estágio, trainee, ou efetiva, podem ser similares, como Analista de Marketing ou Trainee de Recursos Humanos, por exemplo. Mas isso não quer dizer que duas empresas diferentes buscam as mesmas experiências nos candidatos. Ou seja, é parte do seu papel como candidato compreender o que a empresa busca e buscar dar destaque as suas experiências e características que são mais relevantes para a vaga.

Pesquise bastante sobre a empresa para verificar quais princípios têm a ver com você, e busque uma forma de destacá-los no currículo por meio de suas habilidades e competências. A ideia aqui é personalizar seu CV de acordo com o cargo pretendido; sim, você vai ter que adaptá-lo de vaga para vaga.

3. Fazer autoavaliação
Falando sobre habilidades e competências, certamente você já deve ter sido orientado a listá-las em um tópico específico de seu curriculum. Por exemplo: automotivado, esforçado, criativo, proativo… Isso, porém, é uma avaliação, tarefa que cabe apenas ao recrutador em um processo seletivo. Outro problema desse (mau) hábito nos currículos é que as características não costumam ser acompanhadas de justificativa. Por exemplo, o que você fez para se considerar proativo?

Mostrar resultados e evidenciar conquistas são formas mais assertivas de demonstrar os seus pontos fortes e suas características. Aqui, vale a velha máxima: ‘ao invés de falar, mostre’. Descreva ou quantifique as suas contribuições para empresas que trabalhou. Podem ser: melhorias ou implantação de processo que otimizou o desempenho, reduziu custos ou até aumentou o faturamento. Se conseguir mostrar a sua contribuição para a última empresa em que trabalhou por meio de número, melhor ainda.

Se você nunca trabalhou, liste aprendizados durante a sua formação ou mesmo em atividades extracurriculares que ajudaram no seu autodesenvolvimento. Inclua projetos acadêmicos, trabalhos voluntários, intercâmbios, mudança de cidade, morar sozinho, entre outros. Transmita honestamente como você absorveu cada experiência e em que ponto elas contribuíram para sua evolução pessoal e profissional, sempre considerando aquilo que vale expor aos recrutadores.

Ao narrar essas experiências, utilize verbos como realizei, implantei, criei, desenvolvi. Isso efetivamente evidenciará o seu perfil profissional. O selecionador se certificará de que você agregou valor a outras companhias e pode proporcionar os mesmos resultados positivos à empresa contratante.

Uma ótima dica é alinhar o seu curriculum com a versão online do LinkedIn. A rede social é muito utilizada pelos recrutadores para avaliar e selecionar candidatos. Por meio dela, você poderá adicionar contatos da faculdade e do trabalho para deixar análises que confirmem o perfil profissional que você delimitou.

4. Ausência de objetivo
Muitos candidatos optam por não colocar um objetivo no curriculum na esperança de se encaixar em qualquer vaga da empresa. Definir esse tópico é importante para demonstrar que você tem efetivamente um plano de carreira e sabe aonde está indo. O mesmo vale para quem costuma colocar mais de um objetivo, principalmente quando eles não têm nada em comum entre si. Isso somente demonstra falta de foco.

5. Não ser direto
No curriculum, você tem pouco espaço para colocar informações relevantes. Pense no documento como uma vitrine de loja, que reúne os principais produtos para atrair o consumidor. Da mesma forma, o CV deve oferecer uma síntese de suas competências mais adequadas ao perfil da vaga.

O curriculum deve ter no máximo duas páginas. Do contrário, provavelmente se tornará cansativo e aumentará as chances de ser descartado pelo selecionador. Atente-se para ser sucinto. Evite descrições e frases muito longas. Resuma tudo em tópicos, e vá sempre direto ao ponto com uma linguagem simples.

6. Colocar informações desnecessárias
Incluir informações desnecessárias também prejudicam a objetividade do curriculum. Dados como endereço, numeração de documentos ou cursos e palestras que não agreguem valor profissional ao seu CV devem ser desconsiderados. O mesmo vale para foto – somente anexe-a se for solicitado. Até porque isso e outros dados serão solicitados em outros momentos do processo seletivo.

Se você já tem muitas experiências – o que não é tão comum no caso de jovens profissionais – escolha colocar no documento somente aquelas que realmente são importantes para a vaga. Se o recrutador achar necessário, poderá consultar sua experiência profissional ou acadêmica completa no seu perfil do LinkedIn.

7. Esquecer dados para contato
Telefone e e-mail devem fazer parte do curriculum. Afinal, é por meio deles que o recrutador o convidará para participar da entrevista. Mantenha-os sempre atualizados para não perder oportunidades.

8. Utilizar clichês
As frases de efeito e clichês tendem a ser muito superficiais. Quem os utiliza demonstra apenas que está replicando determinada informação, sem analisá-las ou trazê-las para seu contexto. Segundo um estudo do site de recrutamento Career Builder, o uso de algumas expressões pode ser determinante para o selecionador desistir do candidato. Entre elas estão: pensar fora da caixa, sinergia, líder nato, movido por resultados, trabalha bem em equipe, dinâmico, motivado, detalhista, proativo.

Por outro lado, palavras que evidenciam ações e conquistas são bem vistas pelos recrutadores. São elas: alcançou, melhorou, treinou, foi mentor de, administrou, criou, resolveu, influenciou, acrescentou, negociou, lançou, ganhou, entre outras. É o mesmo raciocínio do item 3: evitar a autoavaliação e mostrar resultados. Você pode conferir mais sobre esse estudo nesta lista com as melhores e piores expressões para colocar no currículo.

9. Não revisar o curriculum
Erros de gramática e digitação, bem como falta de coesão e coerência textuais são responsáveis por eliminar muitos candidatos logo no processo de seleção do curriculum. Eles demonstram desleixo e falta de interesse.

Quando terminar de montar o CV, leia-o atentamente em busca de problemas. Peça para pelo menos duas pessoas (de preferência, profissionais mais experientes que você) revisarem o conteúdo e darem feedbacks tanto ortográficos, quanto críticos. Procure saber se o documento está atraente, legível e completo.

10. Mentir
Para se destacar entre os concorrentes ou atender exigências da vaga, muitas pessoas colocam formações ou experiências que não têm de fato. Mentir o nível de idiomas é o erro mais comum. Além de ser uma atitude antiética, você terá que provar na prática seus conhecimentos. Isso não somente o fará perder a vaga como o descartará sua participação em próximos processos seletivos.

Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal da Fundação Estudar

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