(Westend61/Getty Images)
Isabela Rovaroto
Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 19h25.
Última atualização em 26 de janeiro de 2021 às 19h51.
O home office transformou a política de dados no Brasil em um “queijo suíço”. Com 46% das empresas brasileiras atuando de forma remota, a situação foi excelente para os piratas cibernéticos. No início de 2020, antes que o coronavírus expusesse nossa fragilidade sanitária (e tantas outras), pesquisa da Apura Cybersecurity Intelligence identificava em torno de 15 milhões de ameaças. Fechamos o ano com um número muito mais complexo: 75 milhões.
Temos vários vilões nessa fragilidade toda. Mas um dos principais é que poucas empresas brasileiras efetivamente tinham um plano de segurança de dados profissional. E mesmo quem tinha não podia imaginar que, em poucas semanas, teria de recriar seu negócio adotando home office e criando condições perfeitas para os ciberbandidos.
E os ataques desse tipo a uma empresa estão muito relacionados a cada um de nós. Nossas credenciais de cartão de crédito, dados de privacidade e até mesmo o uso de serviços essenciais, como o bom funcionamento de energia elétrica ou de banco, foram alvos de sequestro pela bandidagem digital.
Em 2020 o Brasil liderou um ranking mundial terrível: 2.842.779 cartões de crédito e débito foram expostos em nosso país. Isso é 45,4% do total global, 10% à frente dos Estados Unidos, segundo o relatório “Atividade Criminosa Online no Brasil”, da Axur, empresa de monitoramento e reação a riscos digitais na internet.
O ciclo desse processo é um encadeamento perverso que envolve uma situação que se impôs necessária na pandemia, como o uso amplo de e-commerce. Naturalmente isso fez mais dados circularem. Em 2020, o Brasil teve aumento de 99,2% nos ataques de phishing dos quais 41,1% foram direcionados para o e-commerce. Para nossas compras.
Uma pandemia dentro de uma pandemia. Uma covardia. Empresas correndo atrás desse prejuízo e a gente cada dia mais agoniado com nossos dados e privacidade. Agora sabem o que é pior? Assim como o não uso de máscaras e a insistência em aglomerar têm criado fartos espaços para o coronavírus agir, da mesma forma acontece com a “ciberpandemia”. Vejam só: a senha campeã em vazamentos é 123456. E sabe qual é a segunda? 123456789... Claro que estamos falando de perdas de vida e de perdas de dados, e isso é incomparável. Mas estamos também sinalizando que é o comportamento que pode fazer a diferença, não é mesmo? Então, use máscara, não aglomere e crie uma senha confiável.
* Sócia-diretora Digital&Inovação da FSB Comunicação
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