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Toda mãe sabe que não pode morrer. Então como lidar com o luto dos filhos?

Não existe uma fórmula perfeita, mas precisamos falar sobre a morte de alguém querido com as crianças; veja algumas sugestões

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Mortes por covid-19 de grávidas e puérperas (mães de recém-nascidos) mais que dobraram em 2021 (GettyImages/Getty Images)

Mortes por covid-19 de grávidas e puérperas (mães de recém-nascidos) mais que dobraram em 2021 (GettyImages/Getty Images)

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Bússola

Publicado em 9 de janeiro de 2022 às, 09h00.

Por Natalia Avanci Fontenele*

Quando uma criança vem ao mundo, nasce um filho e nasce uma mãe, e ali se forma um dos elos mais fortes da natureza. A pandemia do novo coronavírus subverteu a ordem da sociedade em vários aspectos, mas uma de suas consequências mais duras — ao somar mais de 620 mil mortes somente no Brasil — foi deixar uma geração de órfãos. Um momento de ruptura violenta e inesperada e uma lacuna impossível de ser preenchida na vida das famílias.

As mortes por covid-19 de grávidas e puérperas (mães de recém-nascidos) mais que dobraram em 2021 em relação à média semanal de 2020.

Somente este ano, até agora, morreram por semana em consequência da covid-19 uma média 25,8 mulheres desse grupo, segundo dados analisados pelo Observatório Obstétrico Brasileiro covid-19 (OOBr covid-19). Infelizmente, esses dados nos dão apenas uma vaga ideia das perdas que a pandemia trouxe para dentro de casa.

São muitos órfãos, muitos lares agora sem a presença materna. E, claro, sem os pais, os tios, os avós, os irmãos mais velhos…

No momento em que me tornei mãe, soube instantaneamente da importância de estar presente na vida do meu filho. E ficar sem um dos pais é um dos grandes medos que surgem na infância.

Perder uma pessoa querida é sempre doloroso, ainda mais para uma criança, pouco preparada para enfrentar tamanho desafio emocional. Não é um processo natural ou esperado nessa fase da vida.

Conforme amadurecemos, começamos a tratar o luto de uma maneira menos traumática. E, embora cada um reaja de uma forma, vai aprendendo a elaborar a dor da perda. Mas como abordar esse assunto com as crianças?

Não existe uma fórmula perfeita, mas quando vamos falar sobre a morte de alguém querido a primeira regra é manter a transparência e a honestidade.

Seja transparente

Independentemente da idade da criança, não é fácil noticiar a morte de alguém próximo. Mas, evitar a conversa, fugir do assunto ou mentir pode gerar uma confusão na cabeça dela.

O ideal é conversar a respeito com franqueza e honestidade. Ajude na compressão da morte com resiliência e atenção aos pontos que a criança é capaz de compreender na sua idade.

Escute a criança

Ofereça oportunidade para a criança se expressar como quiser, verbalmente ou por meio de desenhos. Ajude-a a escrever uma carta de despedida, escolha uma flor, uma foto ou algum itens para serem levados ao funeral. Assim, a criança terá a oportunidade de construir seu próprio ritual de despedida.

Reforce as recordações positivas com a pessoa que morreu e, acima de tudo, respeite o luto da criança.

Use recursos lúdicos

Recursos lúdicos são excelentes para o desenvolvimento e a compreensão infantil.Livros como “O Passeio de Pablo Lugones” e “O livro do adeus” de Todd Parr e animações como “Rei Leão”, “Up - Altas Aventuras” e “A Vida é uma Festa” ajudam a falar sobre a morte e entender os sentimentos de luto.

Tenha uma rede de apoio

Em uma situação como essa é importante que a criança seja amparada por sua rede de apoio, ou seja, pessoas que já fazem parte do convívio diário, esse acompanhamento gera um senso de “normalidade”. A família pode apoiar a criança com ações acolhedoras, realizando atividades com ela que já façam parte de sua rotina. Continuar se sentindo amada e cuidada é fundamental.

Busque ajuda profissional

Nem sempre conseguimos dar conta de tudo e está tudo bem. Se você mesmo não estiver conseguindo lidar com a situação, busque o auxílio de um psicólogo. Um profissional pode ajudar a família e a criança a superarem o momento de maneira mais tranquila.

*Natalia Avanci Fontenele é médica pediatra e mãe do Enrico

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