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Startup que quer fim do papel nos governos já poupou 257 mil toneladas

Cerca de 65 municípios brasileiros já aderiram à ideia que gerou economia de milhares de toneladas de papel nos últimos cinco anos

Homem segurando papel picado (Dynamic Graphics/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 6 de outubro de 2022 às 19h30.

Última atualização em 24 de janeiro de 2023 às 14h48.

Por Bússola

Quase 60 anos depois do decreto assinado pelo presidente Castelo Branco instituindo a véspera da primavera como uma data dedicada ao incentivo à proteção das árvores e ações ecologicamente sustentáveis, um levantamento inédito coloca o Brasil em um novo novo patamar de desmatamento na Amazônia.

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Os dados do Monitor da Floresta do PlenaMata, iniciativa do MapBiomas, InfoAmazonia, Natura e Hacklab pelo fim do desmatamento, indicam que mais de 300 milhões de árvores foram derrubadas na Amazônia brasileira entre 1º de janeiro e 10 de agosto de 2022, o equivalente a 940 árvores por segundo.

Recentemente, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) anunciou que em 2022 a área de floresta desmatada da Amazônia Legal foi a maior dos últimos 15 anos. Foram derrubados 10.781 km² de floresta, o equivalente a sete vezes a cidade de São Paulo, entre agosto de 2021 a julho de 2022.

Com o propósito de trazer à luz o cenário e empreender de forma mais sustentável, empresas têm se mobilizado para promover a conscientização individual, além de reforçar esforços coletivos para redução de impactos ambientais e, especificamente, conter o desmatamento do maior bioma brasileiro.

A Nike, por exemplo, firmou uma parceria com a SOS Amazônia e prevê que até 2025 seja restaurada uma área de 200 hectares no Acre – equivalente a 200 campos de futebol – com o plantio de 400 mil árvores nativas.

Com a intenção de amenizar parte dos impactos gerados no meio ambiente, principalmente a emissão de carbono durante o processo de produção, a empresa paulista Embalixo criou sacos de lixo feitos com cana-de-açúcar e plástico reciclado.

A partir do eteno verde, a empresa de Campinas (SP), fabrica, com exclusividade, o primeiro saco de lixo sustentável à base de cana-de-açúcar. A embalagem se decompõe mais rapidamente na natureza, tem custo um pouco maior que o dos sacos de lixo convencionais e pode ser reciclada.

Além de reduzir o impacto gerado, na outra ponta essas ações estão permitindo que a sustentabilidade não seja mais uma prerrogativa do setor privado. Pelo contrário. Apesar de tímido, há um movimento de empresas ajudando o governo a ser mais sustentável com um aliado em comum: a tecnologia.

Uma dessas ações é o projeto À Prova de Papel da startup Aprova Digital. Idealizado pelo arquiteto Marco Antonio Zanatta aos 26 anos, a iniciativa tem como missão acabar com a dependência de papel nos órgãos públicos de todo país.

Na Prefeitura de Sorocaba, no interior paulista, por exemplo, são protocolados cerca de 5 mil novos processos por ano somente na Secretaria de Urbanismo e Licenciamento. Com a tecnologia implantada recentemente, estima-se que a secretaria deixará de consumir mais de 350 mil folhas de papel sulfite por ano.

Saem os alvarás, certidões, memorandos e outros documentos impressos, entram os processos digitais, tramitados online de ponta a ponta, sem necessidade de imprimir uma folha sequer de papel.

Muitas empresas do setor privado, em diversos segmentos e portes, já adotaram tecnologias semelhantes em suas rotinas, reduzindo custos e consumo de papel. Já o governo, para Zanatta, ainda carece de investimentos para modernizar seus serviços, por esse motivo o setor público é o foco da startup paranaense.

Cerca de 65 municípios brasileiros já aderiram à ideia e economizaram mais de 257 mil toneladas de papel em cinco anos.

“Adotar práticas ecológicas têm ajudado milhares de empresas a se sobressair no mercado, além de minimizar os impactos negativos, tornar os processos eficientes e o consumo mais consciente. O setor público também está se adaptando a essa realidade, garantindo que os serviços prestados à população sejam de qualidade, na mesma medida que são sustentáveis”, afirma Zanatta.

Mudanças climáticas

Em 2020, a produção de celulose alcançou seu segundo maior volume histórico, chegando a 21 milhões de toneladas. O dado, que faz parte do relatório anual IBÁ 2021, mantém o Brasil entre os 10 maiores produtores de papel do mundo, com recuo de 3,3% nas exportações em relação a 2019.

De acordo com o Instituto Akatu, a geração de resíduos de papel e os impactos associados à fabricação de celulose, principalmente derivados do consumo de água e energia e causados pela emissão de gases de efeito estufa (GEE), também são responsáveis pelo agravamento das mudanças climáticas.

Bruno Yamanaka, engenheiro ambiental do Akatu, explica que as florestas que não são manejadas adequadamente trazem diversos impactos à biodiversidade de plantas e animais, fertilidade do solo e na qualidade da água. Os impactos são reduzidos quando o contrário acontece e o manejo ocorre de forma sustentável.

O consumo de água pelo setor impressiona. Ainda segundo o Akatu, até 13 litros de água podem ser consumidos para produzir uma folha de papel A4.

Isso quer dizer que um órgão público ou empresa, por exemplo, que utiliza 200 folhas de sulfite por dia pode poupar cerca de 660 mil litros de água em um ano se decidir operar de forma mais sustentável em sua rotina. Sem dúvida esse seria um bom presente para comemorar os próximos dias da árvore.

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