Sergio Gonzalez: Como enfrentar os novos desafios nas cidades do futuro?
Pensar nos desafios das cidades do futuro requer colaboração extra para definir o ritmo que elas terão
Bússola
Publicado em 23 de janeiro de 2022 às 11h51.
Última atualização em 23 de janeiro de 2022 às 13h56.
Por Sergio Gonzalez*
Estamos enfrentando um momento de ruptura na forma como vivemos. Os nossos hábitos de consumo, a forma como nos relacionamos, a nossa mobilidade — todos os elementos que nos definem como sociedade — mudaram e, com isso, as cidades em que vivemos e os espaços onde desenvolvemos as nossas atividades.
Como centros econômicos, culturais e de desenvolvimento, as cidades e seus edifícios são elementos-chave neste processo de mudança. A realidade da pandemia e os crescentes objetivos ambientais modificaram a forma como concebemos as cidades e os espaços que usamos como cidadãos, fazendo com que governos de todo o mundo implementem seus próprios processos de adaptação: do plano de Paris para se tornar uma “cidade em 15 minutos” a crescente digitalização das ruas de Medellín.
Se levarmos em consideração a urbanização acelerada na América Latina, o desafio pode se tornar ainda mais significativo, adicionando pressão extra sobre os tomadores de decisão para construir cidades mais sustentáveis, conectadas, mais saudáveis e inclusivas.
Ainda é muito cedo para definir como serão as cidades no mundo pós-pandemia, já que não existe uma abordagem única para todas. Assim, este é um processo em andamento com implicações que vão além do impacto da pandemia e de acordo com os contextos local e socioeconômico. Existem alguns elementos-chave que podem impulsionar a consolidação das “cidades do futuro”.
- A sustentabilidade das cidades e edifícios é obrigatória. Os edifícios são responsáveis por quase 40% das emissões globais de gases de efeito estufa, 50% do consumo mundial de energia e 40% das matérias-primas. Embora o estoque de construção existente possa exigir um retrofit em grande escala para atender às metas de neutralidade de carbono, também precisamos de uma “barra de sustentabilidade” mais alta para novos edifícios.
Isso só pode ser alcançado com o apoio de soluções tecnológicas para economizar energia, reduzir a pegada de CO2 e aumentar a eficiência operacional.
- Edifícios mais seguros e saudáveis. Instalações que focam no bem-estar de seus habitantes serão uma prioridade, considerando o levantamento das restrições em todo o mundo. Edifícios mais saudáveis que monitoram a qualidade do ar, a distância entre os moradores ou a temperatura de suas instalações aumentarão a confiança e a produtividade de seus ocupantes.
- A digitalização das cidades aumentará em um ritmo acelerado nos próximos anos. A implementação de soluções tecnológicas, como a Internet das Coisas (IoT) ou a inteligência artificial (IA), poderia transformar os serviços urbanos, de saúde e segurança para torná-los mais ágeis e eficientes, tornando as cidades mais conectadas. Isso não só vai além de oferecer Wi-Fi gratuito em espaços públicos, mas também usar o progresso tecnológico para conhecer melhor as necessidades do cidadão e promover uma digitalização inclusiva.
- Uma digitalização adequada vem depois de uma forte análise de dados. Softwares e soluções tecnológicas fornecem valiosas informações em tempo real para o processo de tomada de decisão nas cidades. Ter a tecnologia certa para processá-lo com eficiência será fundamental para melhorar o desempenho e a gestão dos centros urbanos.
- Devemos pensar nas cidades como espaços humanos, feitos para aumentar o desenvolvimento de seus cidadãos. As soluções tecnológicas são inúteis se não forem pensadas e aplicadas com uma perspectiva humana centrada no aumento da coesão social e do bem-estar coletivo. Afinal, os centros urbanos são formados pelas pessoas e comunidades que neles vivem e por suas interações cotidianas. Precisamos tornar as cidades mais habitáveis e facilitar a vida dos cidadãos.
A situação atual não é apenas uma oportunidade para as cidades se adaptarem, mas também para mudar paradigmas e evoluir. A inovação e os avanços tecnológicos devem ser os pioneiros dessa transformação, mas sem uma colaboração mais forte entre o setor privado, governos locais e ONGs, nosso objetivo de construir cidades mais inteligentes será mais difícil de alcançar. Este é um projeto conjunto que requer colaboração extra para definir o ritmo das cidades do futuro.
*Sergio Gonzalez é vice-presidente da Honeywell Building Technologies para a América Latina
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