Cemitério de Vila Formosa: Brasil continua sendo país onde mais se morre por covid-19 (Bloomberg/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2021 às 12h00.
Última atualização em 19 de abril de 2021 às 16h42.
Após quase dois meses de forte aceleração, quando a média diária de mortes por covid-19 no Brasil triplicou — ao sair de 1.037 óbitos por dia em 21 de fevereiro para 3.124 em 12 de abril —, a pandemia começa a dar sinais de que pode estar perdendo um pouco de força por aqui. Não que a situação esteja caminhando para alguma normalidade, muito longe disso, mas, no atual quadro, entrarmos em alguma estabilidade, mesmo que ainda com duas mortes por minuto, não deixa de ser algum alento.
Esses sinais começaram com alguma intensidade na última semana. O número médio diário de novos casos registrados, por exemplo, caiu de 72.030 para 65.864 em uma semana, um recuo de 9%. O patamar atual já é 15% inferir ao recorde de toda a pandemia (77.129 casos novos por dia), registrado em 27 de março. Esse dado é importante porque a queda no número de infectados projeta redução futura no total de óbitos.
Na comparação com os indicadores de duas semanas atrás, a média móvel de mortes por coronavírus atualmente cai em cinco unidades da Federação (Rondônia, Mato Grosso, Paraíba, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), aumenta em seis (Roraima, Amapá, Pará, Goiás, Espírito Santo e Paraná) e se mantém estável nos demais 15 estados e no Distrito Federal.
Pela primeira vez nessa segunda onda, parecemos entrar em uma espécie de platô, quando a média móvel de mortes se mantém mais ou menos no mesmo patamar por um período de dias consecutivos. Desde 12 de abril, a média tem variado entre 3.124 (recorde de toda a pandemia no país) e a média de 2.878 mortes diárias atingidas neste domingo. Ainda é cedo para afirmar que a situação está se estabilizando em elevado patamar, mas por enquanto a redução do crescimento de casos e óbitos sinaliza para isso.
Além disso, mesmo que estejamos entrando no platô, ainda não é possível saber se ficaremos nesse patamar por muito tempo ou se a queda no número de mortes será mais abrupta. Na primeira onda da pandemia no Brasil, em 2020, o país ficou em um platô durante quase três meses. Entre o fim de maio e o fim de agosto, a média móvel diária girou em torno de 1.000 óbitos ao dia. Se esse fenômeno se repetir agora na segunda onda, ainda teríamos pela frente dezenas de milhares de mortes.
A boa notícia é que na maioria dos países, a segunda onda teve um comportamento um pouco diferente da primeira, e o número de mortes caiu em velocidade maior. É o que se espera acontecer no Brasil. Mas ainda não é possível afirmar se esse quadro irá se repetir por aqui, onde ainda estamos com UTIs lotadas na maior parte dos estados.
Apesar da leve melhora ocorrida na última semana, o Brasil segue registrando números assustadores. Até ontem, morreram no mês de abril 51.820 brasileiros vítimas da covid-19. Nos primeiros 18 dias do mês, a pandemia matou em média 2.879 pessoas por dia. Mantido esse ritmo, a projeção é que até sexta-feira abril se torne o pior mês de toda a pandemia no Brasil, ultrapassando março, quando foram registrados 62.918 óbitos em todo o país.
A previsão é de que abril termine com mais de 85 mil vítimas. Hoje, o Brasil acumula 373.335 vidas perdidas para a pandemia. Antes do fim de abril romperemos a triste barreira das 400.000 mortes — o mundo já superou a casa das 3 milhões de mortes. Ontem, atingimos 1.778 mortes por 1 milhão de habitantes e superamos os Estados Unidos (1.747 óbitos por milhão) neste indicador.
O Brasil segue como o país onde mais se morre atualmente por covid-19. De acordo com levantamento do site worldometers, nos últimos 7 dias fomos a nação com o maior número absoluto de mortes por coronavírus: 20.198, mais que o dobro do segundo lugar neste triste ranking, a Índia, com 8.584 óbitos na última semana.
Em terceiro lugar ficaram os Estados Unidos, que com uma população 1,5 vez maior que a nossa, mas acelerado na vacinação contra o coronavírus, registrou 5.171 mortes em uma semana, cerca de ¼ do total ocorrido no Brasil. Noves fora, ainda é cedo demais para se comemorar qualquer melhora nos números da pandemia por aqui.
*Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência
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