Secovi-SP apoia prorrogação da concessão da Comgás
Em entrevista à Bússola, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do sindicato diz que antecipar a renovação permitirá novos investimentos
Bússola
Publicado em 25 de setembro de 2021 às 13h00.
Depois da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mais uma entidade relevante do setor produtivo, o Secovi-SP, defende a prorrogação do contrato de concessão da Comgás.
De acordo com Carlos Alberto de Moraes Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do sindicato, o maior do setor imobiliário na América Latina, o processo é positivo para a sociedade. E em entrevista à Bússola, diz que “antecipar a concessão é, de uma certa forma, permitir que novos investimentos sejam feitos”.
Bússola: O Secovi-SP é favorável à antecipação da renovação da concessão da Comgás? Por quê?
Carlos Borges: Somos favoráveis porque entendemos que é algo bom para a sociedade como um todo. Existe um prazo de oito anos para vencer a concessão, mas a Comgás já fez todos os investimentos obrigatórios com antecedência. Então, antecipar a concessão é, de uma certa forma, permitir que novos investimentos sejam feitos. A Comgás poderia, eventualmente, não fazer nenhum investimento nesse período final do contrato e maximizar seu custo de curto prazo. Mas a visão da empresa, do governo e da sociedade é no sentido de que precisamos começar um novo ciclo de investimentos nesse momento. Em segundo lugar, há o interesse público em potencializar a oferta de gás natural. Então, é importante ter um investimento em infraestrutura para desafogar esse insumo disponível. Além disso, o gás, apesar de ser um combustível fóssil, é o mais limpo deles e, na matriz energética, poderá contribuir de forma favorável pelos próximos 30 anos. Por fim, especificamente no setor imobiliário, a Comgás tem sido uma parceira com a qual temos tido bom relacionamento e um bom atendimento técnico. Os novos empreendimentos já são concebidos com a segurança da rede de gás. E isso é uma coisa boa para o setor e para o consumidor.
Bússola: A empresa divulga informações de que os investimentos foram ampliados nos últimos anos e também que mais de cem mil clientes novos são conectados a cada ano, em média. A expansão caminha lado a lado com o crescimento imobiliário? Como funciona, na prática, essa parceria?
Carlos Borges: Para nós, tem uma questão importante que é a parceria técnica. É uma conversa de alto nível com a equipe técnica da Comgás e os nossos projetistas. Há uma diretoria de normalização, que é algo que funciona muito bem. A gente tem outras parcerias com a Sabesp e agora com a Enel, mas essa (com a Comgás) especialmente flui bem. Sentimos uma receptividade e uma abertura para o desenvolvimento técnico conjunto no atendimento de nossos pleitos e na execução de projetos. Temos um direcionamento do atendimento que acontece de uma forma bacana. E a gente tem espaço para submeter alguma questão. Inclusive já conversamos sobre o compartilhamento de informações de georreferenciamento que tanto são elaboradas pelo Secovi-SP, com foco no mercado imobiliário, como pela Comgás, mas com outro foco, e que podem se complementar.
Bússola: Hoje muitos condomínios são construídos com várias aplicações do gás natural, como fogão, chuveiro, churrasqueira e aquecimento de piscina. Como o Secovi-SP vê essa ampliação de usos?
Carlos Borges: Usando comparativamente o exemplo da churrasqueira a gás: ela é menos poluente do que aquela a carvão. É uma coisa que faz todo o sentido, quando há uma oferta grande e a expertise de executar um sistema que atende em segurança, sem contar a comparação com o botijão de gás que já está superado. É um processo natural, que junta a oferta de gás e a capacidade técnica de ter soluções. Nós já trabalhamos com soluções híbridas, utilizando energia solar e gás natural. Vejo que, pelos próximos 30-40 anos, o gás deverá desempenhar um papel importante na matriz energética. E tem a capilaridade e a disponibilidade da região e, com as últimas descobertas (do pré-sal), faz todo o sentido fomentar o acesso ao gás.
Bússola: Do ponto de vista do consumidor final que compra os apartamentos, a existência de um condomínio com gás faz diferença na atratividade do imóvel?
Carlos Borges: Nós trabalhamos com um mercado de médio-alto nível e eu diria que este consumidor está tão consolidado e tão acostumado a receber gás natural que, na verdade, ele não valorizaria se não tivesse ligação de gás. Seria considerado um choque não ter essa infraestrutura. Não se concebe mais, no mercado, o lançamento de empreendimentos verticais que não tenham gás encanado. Hoje, 100% deles têm. E todo mundo quer ter a facilidade de instalar um fogão e apenas apertar um botão para consumir gás.
Bússola: A proposta de prorrogação do contrato de concessão prevê a expansão do fornecimento para 2,3 milhões de clientes nos próximos 20 anos, com investimentos anuais em torno de R$ 1 bilhão. O que representa para o Secovi-SP ter um horizonte com esses indicadores?
Carlos Borges: Acredito que o termo que representa essa perspectiva é justamente segurança jurídica. Estamos caminhando muito forte na transição da matriz energética. Já trabalhamos com empreendimentos que geram toda a energia que consomem. Hoje, é muito importante para o setor ter investimentos compatíveis com o crescimento orgânico da cidade. São Paulo executava entre 30 mil e 35 mil novas unidades por ano e nosso patamar praticamente dobrou: estamos com 60 mil unidades por ano. Então, a indústria é uma máquina. As pessoas continuam querendo vir morar em São Paulo. Por isso, o setor imobiliário precisa ter a segurança de que o atendimento das concessionárias continuará por um bom tempo.
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