Agente de investimento (Spencer Platt/Getty Images/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2021 às 10h00.
Última atualização em 21 de junho de 2021 às 09h25.
Por Flavia Rezende*
O modo de investir do brasileiro mudou. Incentivados pelo cenário econômico, que exige diversificação das aplicações, cerca de 3,7 milhões de pessoas físicas hoje investem em ações. Como comparação, em 2018 eram apenas 600 mil. A maior parte desses novatos, no entanto, não tem conhecimento suficiente para embarcar com segurança no universo das plataformas de investimento, razão que fez a carreira de agente autônomo ganhar os holofotes recentemente.
A profissão foi regulamentada em 2001, mas só nos últimos anos o interesse por ela disparou. De acordo com a Ancord (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras), o número de agentes certificados – os profissionais que pretendem atuar no ramo precisam ser aprovados em um exame aplicado pela entidade – cresceu 50% entre dezembro de 2019 e abril deste ano, chegando a 14.440 habilitados. Cerca de mil pessoas prestam a prova da Ancord por mês, mas só 40% delas é aprovada.
O alto índice de reprovação acende o alerta sobre a qualificação desses candidatos. Muitos são inexperientes, mas sentem-se atraídos pela possibilidade de ganhar dinheiro com essa nova onda. As habilidades para se tornar um agente autônomo de investimentos envolvem conhecimento sólido na área de exatas, capacidade analítica e jogo de cintura para lidar com decisões e cenários complexos. Por isso, a maior parte dos que seguem esse caminho são oriundos dos grandes bancos, profissionais que ocupavam cargos de gerência e hoje buscam uma remuneração melhor.
A pouca mão de obra qualificada é um desafio para as projeções de crescimento do mercado – e também para a ambição das corretoras, que têm nos agentes autônomos um grande trunfo para atrair clientes dos bancos tradicionais e ampliar suas carteiras. Segundo estimativas, o segmento fatura hoje mais de R$ 70 bilhões por ano, podendo superar a marca de R$ 160 bilhões até 2025.
O potencial de crescimento está justamente em trazer ainda mais clientes das aplicações tradicionais. Mesmo com o crescimento das corretoras e plataformas de investimento, os grandes bancos concentram 80% do dinheiro aplicado e cerca de R$ 1 trilhão ainda está na poupança, que tem rendimento muito baixo no atual momento econômico do país. Nesse contexto, o caminho traçado até agora por players como a XP e o BTG – atrair talentos entre ex-gerentes bancários – continua sendo fundamental. Mas a longo prazo, o mercado precisará de novos profissionais qualificados para continuar no ritmo de crescimento acelerado dos últimos anos.
*Flavia Rezende é sócia-diretora da Loures Comunicação
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