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Os desafios da reinvenção sustentável para a indústria automotiva

Em março de 2003, a Volkswagen trouxe para o Brasil pela primeira vez o modelo Gol 1.6 Total Flex

Em 2023 se completam 20 anos do lançamento dos carros flex (Jung Getty/Getty Images)
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Publicado em 27 de abril de 2023 às 16h30.

Última atualização em 27 de abril de 2023 às 16h42.

Tatiana Dratovsky Sister e Priscila Prado Faloppa*

No último mês de março, a indústria automotiva comemorou o vintenário lançamento da tecnologia do carro flex, que possibilitou o abastecimento de veículos leves com etanol, gasolina ou com a mistura dos dois combustíveis. Em março de 2003, a Volkswagen apresentava ao mercado nacional a tecnologia até hoje utilizada através do modelo Gol 1.6 Total Flex.

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Apesar de a invenção da tecnologia dos carros flex ter sido americana, há quem sustente que a viabilização comercial do produto só foi possível após o trabalho da engenharia brasileira, que criou um modelo matemático de pós-combustão.

A tecnologia, que se tornou frequente no mercado com o passar do tempo, representava bem mais que a simples liberdade de escolha ao consumidor na hora de abastecer. Com falta de combustíveis nas bombas e grandes variações de preço em razão da crise do petróleo e inflação sofrida pela população entre as décadas de 1980 e 1990, a tecnologia flex pôs fim à dificuldade e insegurança enfrentada pelos consumidores de carros movidos exclusivamente a álcool ou a gasolina.

Se, há 20 anos, os carros flex surgiram com o propósito de oferecer ao consumidor opção do combustível mais econômico, hoje, veículos flex representam 85% da frota circulante de veículos leves do Brasil, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Além disso, os carros flex possuem relevante papel na preservação ao meio ambiente, dado o reconhecimento do etanol como um combustível de fonte renovável, auxiliando o cumprimento de metas para descarbonização do setor.

Muito embora a eletrificação da frota de veículos esteja ganhando notoriedade, o investimento pela indústria automobilística brasileira e a adesão do consumidor final aos carros elétricos ainda são considerados tímidos. Para os consumidores, a acessibilidade dos preços dos veículos elétricos, a falta de infraestrutura para condução e abastecimento da frota nas estradas estariam entre os principais desafios. Já para as montadoras, os debates sobre relevantes questões ambientais diante da utilização das baterias de lítio nos carros elétricos, a necessidade de adaptação das normas, criação de incentivos fiscais, investimentos em infraestrutura e a incerteza sobre a longevidade da frota a partir do uso da tecnologia, incrementariam a maior simpatia do público consumidor, pelo menos por ora, aos carros flex.

Atenta às especificidades inerentes aos veículos elétricos, e diante da relevância conquistada pelos carros flex, não seria desarrazoado antever que, em um futuro próximo, quiçá antes de novo vintenário, a indústria automotiva brasileira alcançará soluções de convívio entre diferentes fontes de abastecimento da frota de veículos em circulação no Brasil.

*Tatiana Dratovsky Sister e Priscila Prado Faloppa são, respectivamente, sócia e advogada da área de contratos comerciais e franquias do BMA Advogados

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