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Opinião: em tempos de crise climática, seguradoras podem evitar prejuízos massivos no setor elétrico 

Prejuízos por eventos climáticos ultrapassam R$ 8 bilhões no Brasil, apontando o papel estratégico de seguradoras no setor elétrico

As usinas hidrelétricas são a principal fonte da matriz energética brasileira (Dowell/Getty Images)

As usinas hidrelétricas são a principal fonte da matriz energética brasileira (Dowell/Getty Images)

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Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 10h00.

Por David de Jesus Neves*

As mudanças climáticas já não são uma preocupação futura, mas uma realidade desafiadora que impacta setores fundamentais, como o elétrico, altamente vulnerável a fenômenos climáticos. Eventos extremos têm causado danos significativos à infraestrutura energética do Brasil, gerando prejuízos substanciais para empresas e sociedade.

As usinas hidrelétricas são a principal fonte da matriz energética brasileira, mas sofrem com incertezas climáticas devido à dependência das chuvas. Secas prolongadas, como as de 2014 e 2021, reduzem drasticamente os reservatórios, obrigando o país a recorrer a fontes mais caras e poluentes, como as termelétricas. Além disso, enchentes e tempestades danificam subestações e estruturas de transmissão, que ficam ainda vulneráveis a ventos fortes e incêndios florestais, fenômenos mais frequentes, aumentando os custos de manutenção e reparo.

A resposta das seguradoras e resseguradoras

Quando esses riscos se materializam, os impactos reverberam pela economia, e o papel das seguradoras e resseguradoras se torna essencial para mitigar riscos e garantir a sustentabilidade financeira das empresas de energia. Desde 2004, a Resolução Aneel nº 63 já apontava a necessidade de assegurar bens essenciais do setor elétrico. Em 2019, a Resolução nº 846 reforçou essa exigência, destacando a importância da avaliação periódica dos ativos para evitar discrepâncias entre perdas econômicas e cobertura segurada.

Profissionais responsáveis pela contratação de seguros devem adotar uma postura proativa e atenta aos reais riscos das plantas seguradas, considerando os efeitos das mudanças climáticas. O preço em si do seguro não é o balizador mais importante. Dados recentes do setor de seguros revelam a dimensão dos danos naturais: a CNseg anunciou que pedidos de indenização por enchentes no Rio Grande do Sul somaram mais de R$ 6 bilhões entre junho e setembro, e as perdas podem ultrapassar R$ 8 bilhões, superando os valores de indenizações pagas durante a pandemia de covid-19.

A maturidade do setor segurador no Brasil

Estudos internacionais mostram que países com maior penetração de seguros se recuperam mais rapidamente após esses eventos. No Brasil, o setor securitário ainda precisa amadurecer para aumentar a cobertura e garantir uma recuperação eficiente. É necessário também conscientizar a população sobre a importância dos seguros, que não integram a cesta de produtos essenciais do brasileiro.

A colaboração entre seguradoras e o setor elétrico

Para ampliar a proteção, as seguradoras e resseguradoras precisam trabalhar em parceria com empresas de energia, oferecendo soluções personalizadas e eficientes. A gestão de risco e o monitoramento em tempo real podem reduzir o impacto de eventos climáticos. As recomendações técnicas dos profissionais de inspeção dos resseguradores, como a adoção de padrões de segurança mais rigorosos, são medidas essenciais para mitigar riscos e garantir maior segurança.

A disseminação de informações é crucial para o fortalecimento do mercado de resseguros no Brasil. Seminários, fóruns e eventos ajudam profissionais do setor elétrico a compartilhar boas práticas e desenvolver soluções inovadoras.

Preparação para um futuro climático desafiador

À medida que os eventos climáticos se intensificam, cresce também a colaboração entre o setor elétrico e o segurador. Este último desempenha um papel vital na proteção dos ativos e na oferta de apoio técnico, enfrentando os desafios de forma proativa. Com gestão de riscos e precificação baseada em dados reais, empresas de energia podem assegurar a continuidade das operações, proteger ativos e minimizar perdas econômicas.

O futuro exige inovação, colaboração e o fortalecimento das relações entre os dois setores. Estamos prontos para novos projetos e expansão desse setor estratégico para o país. Afinal, como diz o ditado: “mares calmos não fazem bons marinheiros.” É hora de navegar pelas águas agitadas e garantir a resiliência do setor elétrico brasileiro.

*David de Jesus Neves é subscritor especialista em Grandes Riscos Patrimoniais do IRB(Re).

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